Forspoken: In Tanta We Trust – Review

O lançamento de Forspoken foi um tanto quanto controverso, para se dizer o mínimo. Embora minha experiência com o jogo tenha sido bem diferente da que parece ter sido a da grande maioria dos jogadores (uma quase completa imunidade à bugs sendo a mais inesperada), é inegável que o jogo parece ter decepcionado o público em geral.

Ainda assim, o último jogo da Luminous Productions havia deixado um certo gosto de “quero mais”, visto que o mundo criado ali parecia ter deixado muito material inexplorado, talvez na expectativa de uma possível sequência caso o jogo vendesse bem. E, independente da sua opinião sobre Frey enquanto protagonista, o potencial para um mundo mágico melhor explorado e com gameplay ainda melhor em uma sequência sempre esteve ali.

Embora essa sequência agora pareça quase impossível diante dos desdobramentos do lançamento, ao menos um pouco mais sobre a lore do jogo agora será possível saber, graças ao lançamento da DLC In Tanta We Trust, uma pseudo-prequel, mostrando alguns dos acontecimentos no passado que servem de estopim para a decadência do mundo e das Theias até o ponto em que o conhecemos no jogo principal.

Forspoken In Tanta We Trust

Primeiro de tudo que é preciso apontar. Embora a DLC aconteça no passado (e possa ser acessada diretamente do menu), ela começa após os eventos do jogo principal. Então, se você ainda não o concluiu, é bem provável que um ou outro diálogo acabe te dando spoilers do final da campanha de maneira bem casual, incluindo o destino de Athia, Frey, das Theias, a natureza da Algema e várias outras coisinhas que são revelações importantes do jogo principal e aqui acabam sendo ditas aleatoriamente no diálogo entre os personagens.

Em In Tanta We Trust assume, tecnicamente, o comando não de Frey, mas de Thalia Solarius, uma guerreira que faz parte da guarda pessoal da Theia da Sabedoria, Olas. Ou melhor, você controla Frey enquanto ela habita o corpo de Thalia, revendo os acontecimentos de 25 anos antes durante o evento conhecido como The Purge of the Rheddig, mas sem poder alterá-los.

Guiada nessa jornada por uma voz misteriosa, Frey busca entender o passado como forma de resolver os problemas do presente. Afinal, foram durante estes eventos que toda a cadeia de acontecimentos que desencadearam a Ruptura começam a acontecer. Thalia não é a heroína da história, no entanto, já que a DLC serve muito mais para dar a Frey a perspectiva por trás das motivações e ações de uma peça fundamental no mundo (e na sua história pessoal), a Theia do Amor, Cinta.

Forspoken In Tanta We Trust

Considerando as dinâmicas em questão aqui, há um potencial considerável para expandir melhor a motivação por trás de Cinta e dar a Frey um toque ainda maior de humanidade e motivação. Infelizmente, a DLC acaba sendo bem rasa nesses aspectos, dando pequenas dicas e ideias do que poderia ser, mas deixando muito a desejar, em parte graças a um dos seus principais problemas: a curtíssima duração.

In Tanta We Trust é composto de três capítulos, dois dos quais são extremamente lineares, com um capítulo levemente mais aberto no meio, no qual é possível explorar um pouco mais da cidade onde a DLC se passa, Visoria. Dito isso, o mapa é bem curto e fazer tudo que essa expansão tem a oferecer dificilmente vai te levar mais do que 3 horas de jogo.

Ainda assim, neste breve espaço de tempo, o jogo consegue humanizar um pouco mais a relação entre Frey (ainda que através do corpo de Thalia) e Cinta, graças a alguns diálogos-chave apresentados ao longo da exploração do jogo. Ainda assim, algumas das mudanças no comportamento de Cinta, por exemplo, parecem um pouco aceleradas demais e sofrem do mesmo problema que, em perspectiva, o jogo-base também tem que ser acelerado demais como ele tenta contar sua história. Dito isso, o vilão da DLC é terrivelmente esquecível, ainda que o design dele seja mais um dos exemplos de como o jogo consegue desenvolver sua identidade visual.

Forspoken In Tanta We Trust

A exploração do mapa é outro ponto no qual a redução de escala também atrapalha o resultado final. Ironicamente, a sua escala infinitamente menor faz com que a movimentação sofra um pouco. Se antes o mapa parecia enorme pela necessidade trazida com o “parkour mágico”, aqui tudo parece muito apertado, com várias áreas compostas por corredores e mais corredores. Há pouca coisa a fazer também, com poucos objetivos secundários e poucos itens a encontrar, o que ajuda a reduzir o tempo de gameplay da DLC.

Já no tocante ao combate, ele acaba se beneficiando dessa redução em escala. Não há realmente novas magias no repertório da Frey, já que mesmo com uma nova “cor” de magia (amarela), ela é composta de algumas habilidades específicas existentes no jogo-base, te dando acesso a duas magias de ataque e três magias de suporte ao longo de toda a DLC. Isso acaba tornando o combate mais acelerado e dinâmico, te permitindo realmente usar e abusar dessas habilidades sem ficar restrito por longos cooldowns ou se perder em meio a dezenas de magias.
Dito isso, praticamente todos os combates do jogo são iguais, com horas e hordas de inimigos repetidos. Embora isso seja compreensível, afinal, você está enfrentando uma invasão de Rheddanos, você provavelmente já se verá cansado do mesmo estilo de combate quando estiver chegando ao final da DLC. Dito isso, ainda é divertido utilizar a principal novidade da DLC, que são os ataques em conjunto com Cinta.

Forspoken In Tanta We Trust

Existem dois tipos de habilidade em específico que podem ser usados em conjunto com Cinta. Ao longo da maior parte do jogo, ao utilizar uma magia de suporte (L2), há uma chance de Frey/Thalia cristalizar o inimigo. Ao fazê-lo, basta apertar triângulo e Cinta irá utilizar um ataque especial contra o inimigo, considerando uma grande quantidade de dano nele. Por último, quando a energia de Frey chega a níveis críticos, Cinta consegue criar um campo mágico que recupera toda sua vida, algo bastante útil ao longo do jogo.

Embora esses ataques sejam extremamente úteis, eles ainda não têm o mesmo impacto das chamadas “Magias de Fusão”. Basicamente, após um certo ponto da história, uma barra da Cinta vai sendo preenchida à medida em que você ataca e, ao ser completada, você pode utilizar o direcional para ativar um ataque especial devastador. Após isso, é possível ainda utilizar um ataque carregado de Frey para ativar um novo efeito poderoso, causando ainda mais dano no inimigo. É tudo muito legal e bonito de se ver, mas pouco utilizado visto o quanto demora para ficar disponível.

Forspoken In Tanta We Trust

Dito tudo isso, o quanto você irá aproveitar In Tanta We Trust depende muito do quanto você gostou de Forspoken em primeiro lugar. Ele é basicamente o jogo base com algumas alterações e uma considerável redução de escopo, mas tudo aquilo que se gostaria ou não segue existindo aqui, incluindo o mesmo estilo de diálogo e as mesmas questões com o combate envolvendo a câmera. Algumas alterações foram feitas nesses aspectos que se estendem à campanha principal, mas nada muito revolucionário.

A parte mais triste de tudo isso é que a DLC termina em uma espécie de cliffhanger que muito provavelmente nunca será expandido. E, dessa forma, ele acaba encapsulando muito de Forspoken, um jogo cheio de potencial para ser algo muito mais grandioso do que ele acaba sendo, ainda que consiga conquistar quem está disposto a relevar alguns dos seus problemas.

DLC analisado no PS5 com código fornecido pela Square Enix.

Veredito

Forspoken: In Tanta We Trust é, essencialmente, mais Forspoken, pro bem e pro mal. Seu escopo reduzido ajuda em vários pontos, mas a história parece correr demais para se encaixar dentro da curta duração da DLC. Ainda assim, se gostou do jogo base, as mudanças feitas aqui manterão o jogo divertido e desafiador para você.

70

Forspoken

Fabricante: Luminous Productions

Plataforma: PS5

Gênero: Ação / RPG

Distribuidora: Square Enix

Lançamento: 24/01/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Forspoken: In Tanta We Trust is essentially more Forspoken, for better or for worse. Its reduced scope helps in several ways, but the story feels too rushed to fit within the DLC’s short length. Still, if you enjoyed the base game, the changes made here will keep the game fun and challenging for you.