Final Fantasy XVI: Echoes of the Fallen – Review

Retornar a Final Fantasy XVI tão cedo não era algo que eu esperava. Talvez por ter me dado por (bastante) satisfeito com o que o jogo oferecia no lançamento, mesmo o anúncio de que o jogo receberia duas DLCs me parecia algo distante, provavelmente após o próximo grande jogo da série que chega logo mais em fevereiro.

Com o anúncio surpresa durante o The Game Awards de que a primeira das duas DLCs estaria disponível naquele mesmo dia, o retorno a Valisthea precisou ser antecipado e com ela um excelente lembrete do porquê o jogo original foi um dos melhores lançamentos de 2023. Embora leve de conteúdo, começa a amarrar algumas das pontas que ficaram, preparando o caminho para o que deve ser o grande epílogo do título em The Rising Tide, além de trazer algumas boas melhorias ao gameplay.

Em se tratando do, como dito, início de um “epílogo” do jogo-base, Echoes of the Fallen, ou Ecos dos Decaídos em sua tradução para PT-BR, só pode ser acessado logo antes da missão final do jogo, sendo necessário também completar outras duas missões secundárias, “Planos e Vontades” e “Inestimável”. Após isso, basta falar com a vendedora Charon e você poderá iniciar o conteúdo da DLC.

Bom, em se tratando de uma DLC que se passa no final do jogo, é quase impossível não tocar em qualquer tipo de spoiler, então, por mais que seja necessário tocar levemente em alguns pontos e evitaremos falar de coisas mais importantes da história, alguns leves spoilers serão necessários.

A história aqui gira em torno do fato de que um novo Cristal-Máter foi descoberto após misteriosos cristais negros começarem a circular pelo mercado negro de Valisthea. Após uma breve investigação, Clive e seus aliados descobrem que esse cristal não tem a mesma origem que os demais, partindo então para descobrir como ele surgiu, quais segredos ele pode revelar sobre o conflito anterior entre os Decaídos e os deuses e, bem, derrubar esse Cristal-Máter também.

A história da DLC é um conteúdo relativamente curto, girando em torno de 3 a 4 horas, mas expande bem em alguns dos temas mais interessantes que surgem da narrativa do jogo-base, especialmente sobre como o que aconteceu com os Decaídos pode servir como base para um futuro melhor para humanidade após o seu próprio conflito com os deuses e como sobreviver em um mundo sem magia. Apesar da história curta, é uma exploração interessante do papel e conceito de Magitek aqui, suas limitações e possibilidades.

De certa forma, ele é um pequeno microcosmo da experiência que o jogo principal apresenta, expandindo ainda mais a já rica lore do jogo, muito através de cutscenes relativamente longas e bastante expositivas. O tom sombrio que permeia o jogo também é visto aqui, já que, no fim das contas, é muito sobre investigar o legado de uma raça extinta, havendo um certo ar de inevitável tragédia. Por mais que isso seja um tema também presente na jornada de redenção do Clive.

Estruturalmente, você seguirá alternando entre cenas expositivas, áreas semi-abertas e o intenso combate do jogo, afinal a expansão começa em Rosaria antes de te levar a totalmente nova área do novo Cristal-Máter, chamada aqui de Pináculo dos Sábios, uma lendária torre que muitos no Ducado acreditavam ser inalcançável. Cabe dizer que especialmente após chegar nessa nova área (que é visualmente bem impressionante), a DLC consegue entregar alguns momentos bem audaciosos e épicos, fazendo com que a exploração seja tão empolgante e envolvente quanto de outras dungeons similares no jogo-base.

O combate aqui é, naturalmente, bem similar ao que já se encontra no jogo-base (e o principal foco da expansão), com uma diferença: O Pináculo dos Sábios parece ter sido criada com a ideia de ser o endgame do jogo, então espere um desafio bem mais interessante do que o notoriamente simples combate da campanha principal. Isso se dá pela introdução de novos inimigos e mini-chefes mais complexos, além de alguns novos itens que te permitem customizar um pouco mais a experiência, algo que vários jogadores sentiram falta.

Talvez o ponto mais emblemático dessa diferença seja o chefe final da DLC que entrega um desafio consideravelmente grande para quem busca algo que te faça pensar mais do que o visto até esse ponto da história. É claro, não espere nada tão complexo quanto RPGs de Ação ou algo como Devil May Cry já que ainda é a mesma base original e, se você quiser se apoiar nos anéis que simplificam o combate, ainda irá tirar de letra a batalha, mas é algo mais rico e interessante do que o visto em outras batalhas da campanha principal.

Dito isso, Echoes of the Fallen ainda passa uma forte sensação de ser um aperitivo para te manter satisfeito até a chegada do prato principal. Com The Rising Tide no horizonte e uma parte muito mais interessante (e importante) da lore a ser explorada, a DLC ocupa um espaço importante no imaginário do jogador, mas dificilmente se justifica isoladamente para retornar ao jogo.

No entanto, como parte do Season Pass ou se você estiver começando o jogo agora e jogá-la naturalmente, é uma parte do conteúdo bem legal e que traz uma excelente exploração do que eu considero um dos melhores elementos de Final Fantasy XVI que é a sua lore, contada aqui com sua já esperada alta qualidade. E, no fim das contas, Echoes of the Fallen é mais FFXVI, algo que é sempre muito bem-vindo.

DLC analisada no PS5 com código fornecido pela Square Enix.