Um dos games mais aguardados desta geração finalmente foi lançado. Posso dizer com segurança que esse era um dos 3 jogos mais aguardados do PS3 e, após 5 anos de espera, Final Fantasy XIII finalmente está entre nós. Mas será que tanta espera valeu todo esse tempo? Tenha calma e leia com atenção.
A cada novo episódio da série, um novo universo é criado, novos personagens são apresentados e uma nova história se inicia do zero – com exceção, claro, das continuações diretas, como Final Fantasy X-2. Dessa vez não é diferente e a Square-Enix nos apresenta o universo onde se passa a primeira história na chamada “Fabula Nova Crystallis” (a publisher promete mais dois jogos baseados nesse universo: Final Fantasy Versus XIII e Final Fantasy Agito XIII).
Fiquei impressionado ao ver o quão detalhado e bem construído é o lugar onde passa o jogo – parte em Cocoon e parte em Gran Pulse. Tudo é explicado detalhadamente e o jogo não obriga a ver a explicação de como o sol foi criado, por exemplo, mas te dá material para que você possa ler, caso se interesse. O enredo é liberado aos poucos conforme você progride no jogo – fato que achei especialmente interessante, pois tudo se encaixa bem e as informações são reveladas na hora certa. Ou seja, é uma história bem “amarrada” e verossímil dentro do contexto criado. Há algumas analogias ao número 13 ao longo da jornada. Por exemplo: são 13 capítulos no total e os eventos que antecedem a aventura ocorrem em 13 dias. Final Fantasy XIII.
Os personagens controláveis são bem definidos e nenhum está lá por acaso. Mesmo que a seleção seja um tanto clichê em RPGs – o menino chorão, a bonitona meio selvagem, a protagonista durona, o herói engraçadinho, etc. –, cada um tem seus valores, história e motivo que os faz seguir em frente. Ódio, amor, amizade, vingança, família propósito são pontos discutidos durante toda a jornada e com certeza dá a esse Final Fantasy o título de “mais voltado aos sentimentos” de toda a série. Devo acrescentar que o final do game é formidável e um tanto imprevisível, o que dá a sensação de que tanto esforço valeu à pena (continue lendo que entenderá).
Agora, já que toquei no assunto, há a polêmica discussão sobre o fato de Final Fantasy XIII ser ou não RPG… pra mim está mais do que óbvia a resposta: Sim, é um RPG. Está tudo lá, classes de personagens, batalhas, aumento de nível, acessórios, atributos, magias de elementos… se o plano de batalha sofreu mudanças, acredite, foi pra melhor. Agora você pode ver os inimigos antes de enfrentá-los e escolher se quer o não batalhar. Pode ainda pegar os inimigos de surpresa e começar a luta com grande vantagem.
Nas batalhas, a antiga barra ATB (barra que denomina o tempo entre um ataque e outro, característica da série nos antigos episódios) voltou com melhorias, pois agora as batalhas estão bem mais dinâmicas e isso deu um ritmo mais acelerado ao jogo – o que é bastante incomum em RPGs. É compensador e desafiador batalhar em Final Fantasy XIII, pois quando você pensa que já está bem familiarizado com o novo sistema, aparece um inimigo em que você deve pensar de forma totalmente diferente do que vem fazendo, o que te faz perceber o quão profundo é sistema criado. O sistema de batalha é tão bom que deveria virar padrão nos games posteriores da série e, mesmo que você for um fã bem saudosista, deverá dar uma chance e experimentar. A curva de aprendizado é excelente e os tutoriais explicam tudo detalhadamente.
Algumas novidades são muito bem-vindas também: como o fato todos os status se restaurarem após uma batalha. Convenhamos, era muito chato ir para a tela de inventário após cada batalha pra restaurar o HP do grupo, tirar status negativos (como envenenamento), restaurar MP, etc. Esqueça toda essa dor de cabeça, pois nem MP há no jogo, o que dá uma liberdade para usar o que bem entender em cada luta, sem se preocupar com isso. Após morrer ou a qualquer momento de uma batalha, você ainda pode apertar Start e dar um Retry para recomeçar a batalha do início ou, se preferir, não entrar na batalha indesejada, já que não há opção de fugir. Pra não dizer que você pode usar qualquer coisa a qualquer momento, é importante lembrar que há algumas magias especiais ou invocações que gastam a barra de TP (Technical Points), que é preenchida de acordo com seu desempenho nas batalhas – há uma avaliação de 0 a 5 estrelas de acordo com sua performance e velocidade ao derrotar os inimigos.
Mas antes de torcer o nariz achando que o jogo perdeu a dificuldade por conta desses facilitadores, já saiba que isso foi necessário para a grande dificuldade que o jogo proporciona. Isso mesmo! Parte da dificuldade dos RPGs comuns é saber administrar bem os itens para sobreviver até o próximo save point. Aqui, os save points estão bem próximos um do outro, mas acredite: você pode morrer muitas vezes pra alcançar alguns e seria muito frustrante se voltasse ao save point a cada vez que perdesse uma batalha – o que vai acontecer com frequência até você aprender a enfrentar cada tipo de inimigo. Então, veja essas novidades como algo a menos pra você passar raiva sem necessidade.
Os save points são, também, lugares onde você pode comprar e vender itens, armas e acessórios, já que não há lojas convencionais aqui. O dinheiro (Gil) é bastante escasso, contudo, como seu grupo se regenera completamente após cada batalha, é perfeitamente possível terminar o jogo sem precisar comprar 1 item sequer – lembrando que os cenários possuem itens, que também podem ser conseguidos após as batalhas.
Como a Square-Enix prometeu, são realmente cerca de 60 horas pra terminar o game sem fazer tudo. Como você pode optar por não enfrentar a maioria dos inimigos, você pode terminar o game com cerca de 45 horas, mas não aconselho, porque o tempo que você economizaria seria proporcional à dificuldade ao enfrentar o último chefe, que é bem difícil – como de costume da série. Muitos podem achar que é curto para um Final Fantasy, mas quando você jogar, vai perceber que é um jogo enorme, tendo em vista o modo “turbo” em que o jogo se encontra. Como o ritmo das batalhas é frenético, uma luta de 20 minutos contra um chefe vai fazer você se desgastar mentalmente mais do que uma batalha de uma ou duas horas nos padrões anteriores. A longevidade do game está perfeita, pois se tivesse mais um capítulo que seja, aposto que muitos iriam se frustrar.
Como de costume da série, as músicas e toda a parte sonora do game estão incríveis e o conjunto som-imagem está em excelente sincronia, ou seja, as músicas se encaixam perfeitamente bem com a ambientação sugerida de cada localidade. Há bastante diversidade de locais e uma em especial vai chamar a atenção de qualquer um: a parte central e aberta de Gran Pulse. É um lugar enorme, muito bonito e cheio de inimigos – alguns gigantescos. Ver um lugar tão grande e cheio de criaturas locais (dragões de duas faces voando, Behemoths correndo e tudo mais) dá a sensação de um lugar realmente vivo, porque antes de Final Fantasy XII, você sempre andava em lugares vazios, de repente a tela se borrava e uma batalha se iniciava do nada.
Porém, essa belíssima Gran Pulse nos leva a um contratempo que fez muito mal ao jogo: a sua linearidade absurda. Sim, meus caros: a triste notícia é que o jogo é extremamente linear até o capítulo 10, dá uma pausa no capítulo 11, e volta no capítulo 12. Claro, você pode voltar em muitos lugares ao final do game, pra completar missões e side-quests, mas o jogo só te empurra pra frente em lugares praticamente sem ramificações. Linearidade nunca foi característica da série e, sinceramente, não foi bem-vinda. Até compreendo que era a forma ideal para que o enredo se desenvolva conforme foi feito pra ser, mas não justifica o quanto o jogador fica privado de perambular à vontade. O que conforta um pouco é saber que Gran Pulse por inteiro vale à pena para centralizar as missões e side-quests, mas não há desculpas para tanta linearidade após o longo período de produção e desenvolvimento.
Outro fator negativo é a ausência de cidades onde você poderia comprar coisas, conversar e ajudar pessoas, ganhar itens, etc. O fato de seu grupo ser perseguido pelo governo local o impede de ir a qualquer lugar sem que alguém o queira morto. É sério. Não ter cidade e um lugar calmo pra esquecer um pouco esse negócio de salvar o mundo deixa o jogo maçante a certa altura. Até mesmo as 64 missões se resumem em derrotar inimigos específicos.
Voltando aos aspectos de RPG, em Final Fantasy XIII pode-se tanto evoluir os personagens quanto armas e acessórios dos mesmos. Após as batalhas, você não ganha mais Gil, mas pode ganhar acessórios e “componentes”, que servem para evoluir armas e acessórios. Os pontos de experiência foram trocados por CPs (Crystogenesis Points), que servem para aumentar o nível da Crystalium de cada personagem. É um esquema similar ao “Sphere Grid” de Final Fantasy X, só que mais simples. Basicamente, você pode evoluir o status que quiser dentro das possibilidades e ganhar magias com o caminho específico, porém, não adianta ficar batalhando infinitamente, pois há um limite no progresso do jogo para que você não fique forte demais para aquela ocasião. A Crystalium se expande após cada chefe importante e ao fim de cada capítulo – essa é a forma de o jogo controlar a dificuldade, ou seja, o storyline nunca vai ficar fácil demais. Em contrapartida, o jogo pode ficar difícil demais caso você não evolua os personagens, isso é certo. É interessante notar que mesmo os personagens que não estão no seu grupo ganham CPs, até os que morreram em batalha. Esse é outro fator pra facilitar a vida de quem joga RPG e não gosta de ficar revezando o grupo pra aumentar o nível de determinado personagem.
Uma afirmação feita por um dos desenvolvedores do jogo era que “Lightning é uma das protagonistas mais poderosas de toda a série”, mas a mesma não pode ser concretizada. Lightning não tem nada de especial – nem mesmo no enredo – que a faça tão mais forte que qualquer outro personagem do seu grupo. Não estou dizendo que ela seja fraca e sem brilho, pelo contrário, mas ela não se destaca tanto quanto outros protagonistas da série. Inclusive, ela é a mais centrada de todo o grupo. Os personagens são bem definidos e não há um sequer que seja largado no enredo. Outra afirmação incorreta dos desenvolvedores é que o jogo seria totalmente texturizado em alta definição: isso não é mentira na modelagem dos personagens, mas não se pode dizer o mesmo do cenário e alguns efeitos utilizados, como ataques de água e texturas pobres em alguns cenários. Nada muito alarmante, pra ser franco.
Elegância define todo o aspecto visual do jogo: gráficos incríveis, cenários variados e artísticos, invocações de cair o queixo, cenas em CG espetaculares e até a tela de inventário é elegante. É tudo muito bonito e de altíssimo bom-gosto. Assim que você coloca o jogo, assiste a apresentação e vê o logotipo do game se formando na tela com uma linda música, você sabe que está prestes a jogar um grande jogo, e essa sensação permeia até o fim. Cada cena, mesmo um simples diálogo, é feita com muita beleza: seja pela excelente dublagem americana, pela música ou pelos gráficos, o produto final é de requinte sem igual.
Os gráficos são muito bonitos no geral, mas deixam a sensação de que poderiam ser melhores. Meu palpite é que os desenvolvedores podem ter feito um downgrade para que a versão do Xbox 360 não ficasse muito aquém da qualidade. Não me entendam mal, os gráficos ainda são de tirar o fôlego, mas acredito que impressionariam mais se o jogo tivesse sido lançado há um ano, por exemplo. Entretanto, isso é irrelevante quando a Square-Enix lhe entrega um jogo completo e finalizado, que não precisa ser instalado, não há bugs, nem atualizações e/ou correções – o que, honestamente, me irrita muito na maioria dos games de PS3. Tudo flui bem a 720p (mesmo que a 30 fps), CGs em 1080p e sem loadings grandes.
“E então?” – Você pergunta. Bem, caso ainda não tenha percebido, mesmo que não tenha suprido as altíssimas expectativas, esse hit continua sendo um “must have” do PlayStation 3. Seja você fã ou não de Final Fantasy ou de RPGs em geral, é um game que vale à pena conferir e ter na sua coleção.
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