O que dizer de FIFA? Uma franquia que começou sua jornada em 1994 nos consoles de 16 bits com o revolucionário (para a época) FIFA 94 e sua nova jogabilidade em visão isométrica. FIFA então veio se modernizando a cada versão, com a inclusão das quadras de futsal em FIFA 97, entrando no mundo 3D em 1998 nos PCs com FIFA 98, em uma época em que a disputa era com Superstar Soccer nos consoles e Actua Soccer no PC.
A década de 90 passou e FIFA sempre se viu forçado a inovar e se reinventar a cada nova versão, graças à concorrência de fortes franquias. FIFA e Superstar Soccer foram o PES e FIFA dos anos 90 da época do 16 bits, travando a batalha para descobrir quem era o melhor jogo de futebol das locadoras. Então veio o saudoso PS One e trouxe o fantástico Winning Eleven e a até então desconhecida J-League toda licenciada.
Quem não se lembra do narrador gritando "Gol Gol Gol Gol Gol Gol"? E foi nessa época que FIFA desapareceu do mapa e em qualquer locadora ou locais em que se pagava para ter o privilégio de jogar por alguns minutos o "intocável" PS One, só se jogava Winning Eleven. Ano após ano até a segunda metade dos anos 2000, Winning Eleven foi absoluto na disputa até que FIFA voltou a campo para tentar equilibrar a disputa novamente.
Winning Eleven se tornou Pro Evolution Soccer e, ano após ano, FIFA e PES se digladiam em uma das disputas mais marcantes do mundo dos games. Quem ama um geralmente não gosta do outro (pelo menos os haters) e defendem com unhas e dentes (e em muitas vezes com falta de educação) seu jogo favorito. Mas onde quero chegar com toda essa introdução?
A pergunta aqui é: o que faz uma franquia melhorar? Tentar ser melhor a cada nova edição, anual ou não. O que move os desenvolvedores a criar novas mecânicas e desenvolver novas experiências aos jogadores, tentar "roubar" o público de seu rival? É justamente essa a disputa para descobrir qual é o melhor jogo em sua área, nesse caso o futebol, um esporte amado por muitos brasileiros e o esporte mais jogado no planeta, dito por seus fãs o mais simples e mais apaixonante esporte de todos.
FIFA chegou em 2017 aclamado (por muitos) como o melhor jogo de futebol, e carregou isso por alguns anos graças também às versões problemáticas de PES. O problema é: será que FIFA se acomodou em sua "hegemonia"? Depois de alguns anos com muitas poucas mudanças, FIFA 17 trouxe o inédito modo "A Jornada", inspirado em modos similares da franquia NBA 2K. FIFA inovou e trouxe um modo excelente, no qual pela primeira vez o jogador participava de uma história mais elaborada, na pele de um jovem jogador tentando um lugar ao sol no mundo do futebol. Alex Hunter foi um protagonista de peso e a grande carta na manga da EA no título do ano passado.
Em FIFA 18, como não poderia ser diferente, a EA traz a continuação da saga de Alex Hunter, sendo possível carregá-lo de FIFA 17 para quem jogou a versão full ou apenas a demo. Enquanto no título anterior o jogador podia apenas trilhar seu caminho pelos percalços da Premier League, a maior liga de futebol do mundo, em FIFA 18 o jogador vê a oportunidade de atuar em novas ligas, desde a MLS (liga americana de futebol) até outras como a Bundesliga, Ligue 1 e La Liga, ligas alemã, francesa e espanhola, respectivamente. Infelizmente o impacto da adição da possibilidade de poder jogar em novas ligas e ao lado de craques como CR7, Messi, Müller, Neymar ou Griezmann não foi tão grande quanto a primeira versão do modo A Jornada.
A Jornada continua sendo o modo de jogo mais divertido, em que realmente é possível se sentir na pele de um jogador buscando o sucesso em sua carreira profissional. Nessa segunda temporada se vê muito mais o lado "humano" de Alex Hunter. Podemos ver seu envolvimento com pessoas ao seu redor e como ele lida com toda a pressão que acontece fora de campo. Na segunda temporada você controlará outros personagens (não darei detalhes por causa de possíveis spoilers) além de Alex Hunter, inclusive podendo pular um capítulo caso deseje, mas com essa ação você pode encerrar a carreira de um amigo.
Tudo em FIFA 18 é muito parecido com o anterior, desde todos os modos de jogo, mecânicas e jogabilidade, mas com pequenas mudanças, como o cruzamento, por exemplo, em que a opção de três tipos de cruzamento não existe mais. Os cruzamentos rasteiro, alto e o "cavado" ainda estão lá, mas a forma de como fazê-lo mudou, sendo que a opção de um, dois ou três apertos do botão de cruzamento não existe mais. As tentativas de roubo de bola também mudaram um pouco; o carrinho continua o mesmo, mas a tentativa de roubo de bola em pé mudou, pois a forma de como você a executa agora é diferente: existe um "timing" no qual você pode segurar o botão até soltar para executar o movimento no tempo certo; o problema é que o erro coloca o zagueiro em total desvantagem frente ao atacante.
E são nesses pequenos detalhes que FIFA peca catastroficamente. A IA da defesa é uma das piores coisas que você verá em um jogo de futebol. Jogando o modo carreira ou o modo jornada controlando apenas o seu jogador, você terá apenas a opção de dobrar a marcação no homem com a bola. O problema é que todos os outros jogadores parecem não fazer força para roubar a bola. Enquanto o homem que você manda marcar corre como um louco atrás da bola, os outros jogadores apenas cercam, não têm iniciativa de tentar cortar uma linha de passe, uma bola enfiada ou pelo menos pressionar o jogador com a bola. Em uma situação de jogo em que você controla apenas 1 jogador, resta a você torcer para que por algum motivo a máquina erre um passe ou uma finalização.
E se é assim contra a máquina, imagine jogar contra jogadores em partidas online. Jogar FIFA 18 é basicamente ir do céu ao inferno, dependendo se você está ou não com a posse da bola. A movimentação de ataque é o céu, troca de passes rápidos, busca da IA no espaço vazio, bolas enfiadas, cruzamentos, tabelas, chutes de longa distância, etc., é tudo maravilhoso até você errar um passe e perder a posse. Quando isso acontece, o inferno cai sobre você. É um terror tentar cortar um lançamento na linha de fundo e o lateral deixar uma avenida para que o atacante faça o que quiser.
O timing para tentar bloquear os "cortes para dentro" continuam impossíveis de serem feitos. São basicamente jogos de 5×4, 4×4, 6×4 e assim por diante. Os chutes colocados continuam sendo efetivos, além dos cruzamentos e de chutes fortes de fora da área, dois aspectos que não funcionavam muito bem no FIFA 17. Além disso, a opção de finalização agora pode ser muito mais "precisa": quando o jogador chuta é possível controlar mais precisamente a direção da bola, além de passes também. Algo muito parecido com as setas que existem apertando um botão específico no PES, dando ao jogador a possibilidade dar um passe ou chute muito mais precisos.
Os gráficos melhoram um pouco a cada versão, mas mesmo assim FIFA sofre com a inconsistência de seus modelos durante as cutscenes. Alguns jogadores são muito mais fiéis aos reais do que outros, vide Cristiano Ronaldo (é lógico), Griezmann ou Rooney. Mas alguns dos modelos ainda mostram designs ruins, movimentos que parecem robóticos ou não naturais. Os gráficos são excelentes, inclusive com suporte a HDR para os donos de TVs que possuam o suporte a esse tipo de imagem.
A inconsistência pode ser descrita também para a dublagem. Apesar de todos os personagens principais do modo Jornada possuírem ótimas dublagens, algo muito estranho acontece durante qualquer conversa de Alex Hunter com algum jogador real: elas são todas em inglês, seja Cristiano Ronaldo, Henry ou Müller. Enquanto Alex Hunter fala em português, os jogadores respondem em inglês, mas com todas as falas legendadas em português. Não deixa de ser estranho, assim como alguns diálogos com repórteres ou narrações do Tiago Leifert ou Caio Ribeiro.
Outro ponto muito negativo é o incompreensível sistema de colisão, que insiste em ser problemático em todas as últimas versões de FIFA. Foi um sistema implementado que não parece ser melhorado a cada nova versão. Ano após ano os jogadores continuam se "encarabolando" em situações bizarras. Fique atrás do goleiro em uma saída de escanteio (por exemplo) e você será espiritualmente bloqueado. Esse sistema precisa ser refinado (ou retirado), pois é muito frustrante ficar grudado ou bloqueado por um jogador caído, por um jogador do seu time ou até mesmo pelo juiz.
Um ponto muito positivo e que sempre foi da franquia FIFA são as inúmeras ligas licenciadas, desde as quatro divisões inglesas até a liga belga, sul-coreana, argentina, chilena, colombiana e a brasileira, com exceção de 3 times (Vasco da Gama, Flamengo e Corinthians). FIFA traz tudo o que é de melhor em seu gameplay, sem nenhuma grande adição, FUT Ultimate Team online e offline, as Temporadas no online para partidas 1×1 ou cooperativas online e offline e o Pro Clubs para partidas de até 22 jogadores. Está tudo lá, os modos de treinos, a arena para jogador ou goleiro, enfim. FIFA 18 não adiciona nada de significativo nos modos de jogo.
Veredito
FIFA 18 continua sendo o melhor jogo de futebol (dependendo para quem você pergunte) dessa geração. Apesar do modo A Jornada não causar o mesmo impacto do ano anterior, FIFA 18 traz uma ótima continuação, a melhor adição dos últimos anos. É colocada nas mãos do jogador a possibilidade de vivenciar a vida de Alex Hunter mais detalhadamente fora dos campos, mostrando seu lado humano frente às dificuldades que a carreira de um jogador pode proporcionar. FIFA 18 caminha em um terreno firme e sem nenhuma inovação. Apesar de mudanças sutis na jogabilidade, ele traz o que há de bom e também de ruim em FIFA 17, parecendo muito mais uma atualização do que um jogo full.
Jogo analisado com código fornecido pela Electronic Arts.
Veredito
Veredict
FIFA 18 still reigns as the best soccer game of this generation (depending on who you ask). Although The Journey mode does not bring the same impact from the previous installment, FIFA 18 is a great sequence and delivers the best addition of the last few years: the possibility of experiencing Alex Hunter’s life out of the soccer field, showing more of his human side facing the difficulties that a player’s career might present. FIFA 18 repeats its formula, with subtle improvements on gameplay, and brings what was already good (and bad) in FIFA 17, and fells much more like an update than a full game.