Os fãs de jogos de terror e, principalmente, da saga Fatal Frame, já podem comemorar: Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse está entre nós, tornando-se o segundo jogo da franquia a ser lançado por essas bandas após a venda dos direitos para a Nintendo.
A Nintendo não se tornou dona da franquia após adquirir os direitos de Fatal Frame, porém, ela financiou o desenvolvimento de Fatal Frame ll Wii Edition e os outros dois exclusivos do console na época. Hoje, após tantos anos desde o lançamento original, parece que a gigante vermelha e branca decidiu parar de ser mesquinha, e agora a Koei Tecmo pôde finalmente lançar os jogos da saga remasterizados para a nova geração.
De acordo com os desenvolvedores, Fatal Frame: Maiden of Black Water foi um sucesso, e por esse motivo decidiram remasterizar Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse, o 4º jogo da série principal.
Fatal Frame: Maiden of Black Water, lançado em 2021, mostrou-se um título mediano, como apresentamos aqui em nosso review, porém, Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse chega para tentar arrumar a casa e provar que consegue ser melhor e mais assustador que a sua continuação.
A história de Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse narra o drama de cinco garotas que foram resgatas da Rogetsu Isle e não lembram de absolutamente nada do tempo que passaram lá. Logo na introdução do jogo, você descobre que duas garotas do grupo morreram de uma forma misteriosa, enquanto as outras partem rumo à ilha por sentirem a necessidade de descobrir a verdade do passado.
Para tentar reaver as memórias e descobrir a razão de tantos eventos estranhos estarem acontecendo em suas vidas, Ruka, Madoka e Misaki começam a vasculhar a ilha, mas os horrores que elas encontram é inimaginável.
Assim como todo e qualquer outro jogo da série Fatal Frame, Mask of the Lunar Eclipse não entrega a sua história apenas na base principal. O que quero dizer é que é difícil compreender o que está acontecendo sem ler todas as notas que você encontra. Isso porque, muitas das ações dos fantasmas, bem como o comportamento deles, podem ser justificados através desses documentos.
Essa “obrigação” de ler os documentos durante sua jornada pela ilha não torna o jogo ruim, muito pelo contrário. Isso faz com que a imersão seja ainda maior, pois você vai descobrindo os segredos do lugar junto com os personagens, fazendo com que o impacto das suas descobertas seja ainda chocante.
Como um bom fã da saga, lembro que não entendia muito bem o inglês no auge de Fatal Frame ll: Crimson Butterfly. Isso me impediu de aproveitar a história e entender mais sobre a vila e o ritual dos gêmeos. Hoje, com o domínio da língua, sei que quem não entende, não conseguirá tirar 100% de proveito da narrativa de Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse.
Infelizmente, a Koei Tecmo dificilmente localiza seus jogos para o Brasil, então se você não compreende a língua, vai se frustrar por não conseguir entender as razões que levaram a ilha ao declínio.
Embora o jogo se passe numa ilha, a maior parte da sua aventura será dentro de um “hospital”. Existem alguns ambientes externos para você explorar, mas eles serão acessados apenas por personagens específicos. Isso mesmo que você leu. Assim como em Fatal Frame: Maiden of Black Water, aqui as histórias se conectam e você tem o controle de todos os envolvidos (vivos) da história.
Devo admitir que não gostei desse formato de contar a história através dos olhos de vários personagens em Maiden of Black Water por achar confuso, porém, aqui as coisas fluem de uma forma tão suave, que você dificilmente se perde entre os nomes dos envolvidos. Às vezes, no entanto, você acaba esquecendo onde exatamente parou e o que estava fazendo, mas rapidamente consegue recordar e seguir com a narrativa.
Como você joga com personagens distintos, cada um deles terá seus próprios itens. As únicas coisas divididas aqui são os pontos gerais conquistados ao fotografar os fantasmas (que podem ser trocado por cosméticos no ponto de salvamento) e os Equipment Upgrades, que melhoram ainda mais a camera obscura.
E já que citamos itens, me alegra dizer que eles deixaram a quantidade de recursos parecida com a que foi vista em Fatal Frame ll: Crimson Butterfly. Claro, aqui é possível trocar seus pontos num local de salvamento, mas os itens custam caro, então nem sempre você terá esse método à sua disposição.
Mesmo que a maior parte de seu gameplay se passe num ambiente interno, o jogo consegue compensar “o vacilo” com vários lugares secretos para serem explorados. Isto é algo muito comum na série Fatal Frame, na verdade, mas quando se está controlando vários personagens ao mesmo tempo, pode ser um pouco cansativo.
Como falei anteriormente, cada um deles possui diferentes caminhos, mas na maior parte do tempo eles acabam se cruzando. Você vai se questionar, em algum momento, o porquê dos personagens não se encontrarem, já que estão no mesmo ambiente, mas depois vai lembrar que cada história tem dias (ou semanas) de diferença.
E como tocamos nesse assunto de ambientes, é importante ressaltar que caçar fantasmas em uma sala fechada, com a câmera por cima do ombro, pode dar um pouco de trabalho no início. Por diversas vezes acabei ficando preso numa parede sem querer ao utilizar o comando de girar em 180º. Esta manobra é muito útil quando dominada, mas eu, por exemplo, demorei um pouco para me acostumar e quase tomei Game Over por besteira.
Por outro lado, o que alguns ambientes têm de pequeno, também tem de beleza. A atmosfera de Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse é assustadoramente linda. Aquele monte de máscaras penduradas por todos os lados, os barulhos de fundo que nunca param, a interação com os objetos que, ao fazer qualquer tipo de som, arrepia a espinha. Tudo isso regado a muita tensão, pois é assim que você vai ficar enquanto estiver jogando esse título.
O gameplay de Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse não é perfeito. Ele possui alguns pequenos problemas na resposta a comandos simples, e a lanterna é um pouco complicada de se usar, principalmente na hora de iluminar um item, que exige que você seja um pouco mais assertivo. Fora isso, ele segue o padrão do que já foi visto no remake de Fatal Frame ll para Wii.
Outra coisa legal neste título é que, quando se controla o investigador Choshiro Kirishima, o gameplay muda completamente, pois ele não usa uma câmera obscura, mas sim uma lanterna. Devo dizer que foi muito mais divertido jogar com ele do que com as meninas, pois este novo método de exorcizar os fantasmas é bem mais interessante e eficiente.
Para a alegria dos fãs do falecido Wii, é possível usar o sensor de movimentos do DualSense para controlar a câmera obscura, e ele é muito mais responsivo do que aquilo que vimos em Maiden of Black Water. Além disso, fico feliz que eles mantiveram o clássico modelo de câmera para tirar fotos apenas em modo paisagem, pois era um verdadeiro perrengue ter que ficar girando a câmera para tirar fotos na diagonal e vertical.
Como estamos falando de um jogo para PS5, não poderia deixar de dizer que Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse está lindo. Os efeitos de sombra dos ambientes, a luz da lua batendo na janela e realçando as partículas de pó, a sombra dos personagens. Está simplesmente lindo. Claro que nem tudo é perfeito, então sobrou para as portas e outros objetos não importantes ficam com uma textura feia, mas que não diminui a obra final.
Os fantasmas também estão lindos, além disso, foram muito bem dosados na forma como aparecem e quantidade. Não espere ver inúmeros fantasmas, aqui eles te farão se sentir encurralado e numa tensão extrema.
Uma diferença que talvez os jogadores de Wii percebam é o filtro utilizado. No console da Nintendo tons marrons predominavam no jogo, agora eles deixaram o título com uma cor mais fria, puxado para o azul, e se encaixou muito bem na proposta da trama.
Algo que gosto muito em Fatal Frame são aqueles granulados que ficam na tela, como se fosse um efeito de uma câmera antiga. Acho sensacional como eles conseguem deixar esses estilos conectados ao presente e ao passado, fazendo parecer um filme velho.
Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse é o antecessor de Maiden of Black Water na linha cronológica, mas fico me perguntando como o jogo anterior (na cronologia) consegue ser bem melhor que o sucessor. A diferença de qualidade, em todos os sentidos, é perceptível. A história é muito mais interessante, a camera obscura tem mais recursos e o gameplay é mais divertido por ser menos complexo.
Se algum dia a Koei Tecmo lançar os três primeiros jogos remasterizados, com certeza irei adquirir. Enquanto isso, estou satisfeito com Fatal Frame: Mask of the Lunar Eclipse.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Koei Tecmo.
Veredito
Fatal Frame: Mask of Lunar Eclipse é um jogo que precisa de alguns ajustes técnicos, principalmente no gameplay, mas no geral entrega uma história atraente, gráficos lindos e uma atmosfera de tensão que não sentia desde Fatal Frame II: Crimson Butterfly. O que Maiden of Black Water não conseguiu trazer em seu retorno aos consoles da Sony, este título trouxe.
Veredict
Fatal Frame: Mask of Lunar Eclipse is a game that needs some technical tweaks in the gameplay, but overall it delivers a good story, beautiful graphics and an atmosphere of tension that I haven’t felt since Fatal Frame II: Crimson Butterfly. What Maiden of Black Water failed to bring in its return to Sony consoles, this title did.