Produzir um jogo com versões anuais como é a missão da Codemasters com a franquia F1, não é algo fácil, assim como também não é simples analisar esses mesmos jogos sem ser repetitivo e se manter justo na avaliação. Nesses casos, sempre corremos o risco de avaliar para baixo um jogo por falta de novidades e a baixa evolução gráfica mesmo que o jogo mantenha o nível de excelência apresentado anteriormente e é justamente esse o caso de F1 2020.
Se eu copiasse o texto da análise que fiz de F1 2018 dois anos atrás e colasse aqui, pelo menos 95% do conteúdo seria verdadeiro também para F1 2020, incluindo os elogios e as críticas. O que podemos interpretar disso é que provavelmente já alcançaram o máximo (ou perto disso) o que podem tirar da atual geração de consoles. Não por acaso estamos em contagem regressiva para a nova geração.
Sem mais delongas vamos tratar da review de F1 2020. Abordarei um pouco de tudo do jogo, mas para tentar ser justo na avaliação, me atentarei mais aos detalhes que podem fazer diferença na experiência de jogar o novo título.
Se não há muito a mais a tirar do motor gráfico, as novidades tendem a ficar por conta dos modos de jogo, e é justamente nesse quesito que a Codemasters apresenta as duas maiores novidades da versão 2020.
A “primeira” novidade é o totalmente reformulado modo My Team, uma espécie de modo carreira turbinado, em que além de ser piloto, você também é o dono da equipe. Neste modo, você começa criando uma equipe do zero para ser a 11ª do grid, define o nome da equipe, escolhe a pintura do carro, o emblema e o patrocinador principal. Com a verba disponível, contrata um fornecedor de motor e um companheiro de equipe. Porém, como o dinheiro no começo é pouco, você só vai conseguir contratar como companheiro um piloto mais jovem, sem muita expressão.
No dia a dia e ao longo das temporadas, há uma série de atividades para você gerenciar que interferem em como sua equipe vai se desenvolver financeiramente, fama e etc. Resumindo, é um modo de jogo bem divertido, que vale a pena jogar, mas que ao mesmo tempo praticamente mata o modo carreira, por ter tudo o que o modo carreira tem e diversas novas opções de interações e personalizações.
A outra “novidade” nos modos de jogo é a volta do modo de tela dividida para multiplayer local, em que uma linha horizontal divide a tela de jogo ao meio permitindo que você jogue ao mesmo tempo que outra pessoa ao seu lado.
O modo de tela dividida estava ausente nos jogos de Formula 1 desde 2014, considerando que não é algo tecnicamente difícil para eles implementarem, eu não vejo outra razão a não ser uma espécie de “carta na manga” para usarem em momentos como esse, sendo que seria mais difícil apresentar outras novidades ou evoluções.
Os demais modos individuais de jogo (carreira de piloto, grand prix, campeonatos e tomada de tempo) continuam praticamente os mesmos da versão F1 2019, com um pouco menos de variações no campeonatos e desafios. Em quase todos os modos o jogador pode escolher entre correr com os carros atuais da Fórmula 1, da GP 2 ou com os carros clássicos do passado.
Por falar nos carros clássicos, tínhamos como piloto “Lenda” em destaque na versão passada Ayrton Senna e que trouxe consigo sua famosa rivalidade com Alain Prost. Na versão Deluxe de F1 2020, a lenda em destaque é o maior vencedor da Fórmula 1 (até agora) Michael Schumacher e seus carros icônicos Benetton B194 e B195, a Jordan 191 e a Ferrari F1-2000, além de uma Ferrari F2004 atualizada. Esta edição também inclui brasões para carros com tema de Schumacher, capacetes, roupas de corrida e um emote de celebração do pódio.
Nos modos multijogador, além do já comentado modo de tela dividida, temos o evento semanal, este gerenciado pela própria Codemasters, as ligas, onde cada jogador pode criar a sua ou pesquisar para fazer parte de alguma já criada, o modo rede local e as corridas ranqueadas e não ranqueadas.
Apesar de tentar, a Codemasters ainda não encontrou uma maneira eficaz de inibir nas corridas online aqueles jogadores que jogam sujo ou que batem nos outros carros só para sacanear. Mesmo nas corridas ranqueadas ainda é raro participar de uma corrida limpa, e sinceramente é um dos pontos que mais influenciam e prejudicam a diversão e que ainda precisa ser melhor pensado.
Por outro lado, a experiência de pilotagem em si parece ainda melhor que as versões anteriores, independentemente do nível do jogador, seja ele um pro player que desliga todas as ajudas disponíveis para tentar se aproximar ao máximo de uma simulação de F1, uma pessoa que joga uma vez por semana, ou para quem vai jogar F1 pela primeira vez.
Em todos os níveis as respostas do carro são compatíveis e curva de aprendizagem é relativamente alta. Aliás, para o jogador casual, a Codemasters está lançando esse ano um modo de direção acessível específica, em que além de modificar as respostas do carro para ficar mais fácil de controlar, altera também a reação do carro nas superfícies fora da pista e simplifica até as opções do menu. Este recurso está disponível apenas offline.
Um ponto de destaque na experiência de se jogar que eleva a diversão e sensação de realismo é sentir a reação do carro aos diferentes asfaltos. Dá para sentir uma diferença grande entre pilotar em asfaltos perfeitamente planos e outros mais ondulados, como por exemplo Interlagos, onde em certos trechos o carro trepida tanto que parece estarmos pilotando uma batedeira (ok, exagero de minha parte).
Outros pontos importantes para a diversão, como por exemplo a sensibilidade ao desgaste dos pneus, a pista molhada, a inteligência artificial dos adversários e a física das colisões já eram ótimos nas duas últimas versões e é pouco perceptível uma evolução nesses pontos.
Os sons das corridas também estão ótimos e o barulho do motor difere bem entre cada equipe. Quem mora na sua casa com você pode não gostar muito, mas quanto melhor o sistema de som você tiver, e com volume um pouco mais alto, mais você vai se sentir participando de uma verdadeira corrida de F1.
Antes que eu esqueça, para seguir o calendário original desse ano da F1, a Codemasters adicionou duas novas pistas: Zandvoort da Holanda e o Hanoi Street Circuit do Vietnã, sendo que este último oferece um desafio interessante.
Mas tive problemas nos testes. Imagino que seja algo pontual que a Codemasters deve arrumar em uma próxima atualização, mas o jogo travou completamente diversas vezes, me obrigando a reiniciar o jogo completamente. Na maioria das vezes, em momentos de conexão com os servidores, ficava um carregando “eternamente”. Ou ainda, dentro de corridas online ou no modo de tomada de tempo, o jogo apresentou um erro e fechou. Um problema chato, que incomodou bastante, mas como disse, acredito ser um problema temporário e que com sorte será corrigido em breve.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Codemasters.
Veredito
F1 2020 é um jogo estupendo, diversão garantida para qualquer nível de jogador que goste de jogos de corrida e é difícil imaginar que a Codemasters consiga fazer um jogo de Formula 1 tecnicamente melhor que esse para a atual geração de consoles. Por outro lado, mesmo com o interessante modo My Team, enxergo poucos atrativos que justifiquem comprar a versão 2020 para quem já tem a versão anterior, talvez por conta da tela dividida o investimento faça mais sentido para quem quer jogar localmente com os amigos. E claro, para fãs e para quem ainda não tem F1 de anos recentes, F1 2020 vale a pena.
Veredict
F1 2020 is a great game, guaranteed fun for players of any level that enjoy racing games. It’s hard to imagine that Codemasters could make a Formula 1 game technically better than this for the current generation of consoles. On the other hand, even with the interesting My Team mode, I see few features that justify buying the 2020 version if you already have the previous version. Maybe the split screen could make the investment worth it for those who want to play locally with friends. And of course, for fans and for those who don’t own F1 games from recent years, F1 2020 is worth it.