Que a Fórmula 1 está longe dos seus dias de glória, isso todo grande fã da categoria admite. Longe dos tempos em que os pilotos de F1 eram idolatrados quase como astronautas, tamanha era a restrição aos que ali competiam e sua respectiva fama, hoje os pilotos são apenas coadjuvantes, sendo as máquinas as protagonistas. Isso se deve principalmente ao fato das enormes mudanças impostas pela FIA de tempos em tempos – fica evidente que ganha a equipe que melhor se adapta a essas mudanças.
Talvez seja justamente esse o grande fado de F1 2014: um jogo de corrida de uma modalidade automobilística que não desperta no público o interesse de outrora. Parece até que os próprios desenvolvedores sabem disso, pois a maior diferença a ser percebida na parte estética do jogo são os novos motores Turbo, que estão de volta após 25 anos de ausência. O lado triste desse retorno é o ronco dos motores, que parece um aspirador de pó ligado no modo reverse a 300 km/h.
A atualização do calendário de provas também foi incluída: saem os circuitos da Índia e da Coreia para entrar os da Rússia e da Áustria, sendo que este último, além de marcar seu retorno à F1 depois de 11 anos, não traz boas lembranças a nós brasileiros – quem não se lembra do fatídico GP de 2002 eternizado na voz de Cléber Machado – Hoje sim!
Entre as mudanças do jogo em si, a mais trágica é a total ausência do modo F1 Classics, que sem dúvidas foi a melhor adição à série e o grande motivo de compra de F1 2013 para muita gente. Simplesmente não havia motivo algum para a Codemasters remover esse modo. Antes o ampliasse adicionando novos carros e pistas clássicas.
Convenhamos que a série F1 desde que esteve nas mãos da Codemasters nunca teve a pretensa intenção de ser um simulador. Mas o jogo sempre soube respeitar muito bem ambos os lados da moeda: tanto os jogadores que querem apenas se divertir, quanto aqueles que gostam de uma experiência mais imersiva. Pois a edição 2014 está muito mais convidativa para os novos jogadores e igualmente menos exigente para aqueles que desejam uma experiência mais autêntica. Mesmo desligando totalmente o controle de tração e jogando com câmbio manual, você só vai enfrentar grandes dificuldades em controlar o carro em pistas com chuva. Em F1 2013, mesmo com todas as assistências ligadas, era comum ter de controlar a aceleração de forma mais cuidadosa nas saídas de curvas.
A falta de desafio é marcante em todo o jogo, inclusive no Modo Carreira. Ao contrário das edições anteriores de F1, agora você pode escolher a equipe que quiser, a seu bel-prazer. Mesmo iniciando a carreira com um carro inferior, a sensação não é a mesma de antes, pois você o escolheu porque quis, e não porque precisa provar que é bom para então galgar posições melhores em equipes superiores. Além de poder competir por uma temporada completa com 19 corridas, há também a opção de participar de temporadas com 7 ou 12 etapas.
O Modo de Cenários está de volta e, de forma bem interessante, simula situações adversas enfrentadas pelos pilotos durante as corridas. Administrar o pouco combustível restante nas últimas três voltas, ultrapassar o companheiro de equipe para ser o primeiro piloto na disputa interna, alcançar uma posição no pódio, essas são algumas das condições a serem enfrentadas aqui. Os modos Contra o Relógio e Tomada de Tempo, como sugerem seus nomes, consistem em completar uma volta em um determinado tempo para competir por melhores posições nas leaderboards.
A localização do jogo em português brasileiro é excelente, o que acabou se tornando um padrão nos jogos da Codemasters. Não somente os textos estão bem traduzidos como expressões foram muito bem adaptadas para o nosso idioma.
Os modos multiplayer continuam intactos. Participar de corridas esporádicas contra outros 15 players é uma opção; convidar um amigo para jogar o Modo Carreira inteiramente em coop é outra. Jogar localmente com tela dividida também é possível, além de sempre garantir um nível extra de diversão.
Veredito
Longe de ser um mau jogo, apesar de ser quase que totalmente arcade, F1 2014 continua divertido. A remoção do modo F1 Classics é imperdoável e tira muito da graça do jogo se comparado à edição 2013. No fim das contas, fica evidente que a diminuição da popularidade por conta das constantes mudanças da Fórmula 1 e a consequente falta de competitividade é o principal fator que contribui para F1 2014 ser recomendado apenas para os fãs de carteirinha da categoria.
Jogo analisado com cópia digital fornecida pela Bandai Namco.