EVERSPACE 2 – Review

Quando o primeiro EVERSPACE foi lançado, num formato roguelite, as premissas de gameplay eram muito boas. Combate rápido e acelerado com exploração imediata graças ao estilo faziam do jogo uma aventura dinâmica, mas extremamente limitada quanto ao fato de exploração espacial e maiores investidas na história.

EVERSPACE 2 foi drasticamente redesenhado para fugir disso e expandir a proposta para um jogo de ação e tiro com diversos elementos de RPG e exploração maior. Usando como base a jogabilidade já bem ajustada e um universo definido, a sequência já poderia dar longos passos a frente em busca de um sucesso ainda maior.

Seguindo a jornada de Adam e sua vida após os eventos do primeiro jogo, incluindo toda sua história e também as questões de seus clones, a aventura mostra o piloto agindo como mercenário pela galáxia. Eventos colocam ele e seus parceiros em perigo, presos e, após uma ajuda inesperada, fugindo para salvar suas vidas. Após diversos percalços, Adam vai percorrer diversos pontos da galáxia procurando aliados e recursos numa busca que pode ir muito além do que ele imaginava.

A estrutura base do jogo segue semelhante ao que foi visto antes. A grande mudança realmente é o abandono da fórmula roguelite para um sistema de exploração e combate mais livre e aberto. Se a história anterior era contada através dos rounds de conclusão de cada partida enquanto mantivesse sua nave inteira, agora segue o tradicional padrão de missões já costumeiro do gênero. De restante, o que vemos é um sistema de progressão e evolução muito mais abrangente, principalmente na jogabilidade.

Ainda que essa melhora tenderia a ter mais efeitos na história direta, essa talvez seja a menos valorizada apesar de tudo. Muito da narrativa e eventos fica preso em diálogos de texto e chamadas de rádio, imagens estáticas, logs de leitura e, raras ocasiões, cenas de animações sem muita profundidade. Dessa forma, mesmo que haja pontos interessantes na história e alguns personagens com potencial, o desenvolvimento é baixo e não gera nenhuma afeição do jogador com os personagens ou a jornada em si.

Numa campanha que passa facilmente das 20 horas e com vários locais para exploração, que vão envolver novas missões secundárias, trabalho e coleta de recursos, pouco acaba movendo a narrativa e história de uma forma satisfatória. No fim, o jogador precisa assimilar tudo tendo como visão apenas sua nave flutuando em algum lugar do espaço, presa em um hangar durante conversas extensas ou assistindo pequenas cenas. Há espaço para melhorar aqui e dar mais valor ao conteúdo presente neste universo.

Paralelo à isso, a evolução na jogabilidade é notável simplesmente por dar mais liberdade ao jogador num sistema que já era bom. Controles de nave, opções de combate, variações de ataque, consumíveis e muito mais continuam tão bons como antes, mas agora com mais opções. Ajustes de equipamentos da sua nave, seleção de armas, inventário e outros foram expandidos com sistema de raridade e qualidade, fazendo com que o jogador comece do mais básico e progrida para a mais avançada nave de batalha da galáxia.

Liberar o jogo para um sistema de RPG de ação com vasta liberdade permite que, a partir de certo momento na campanha, o jogador possa simplesmente brincar de simulador espacial e visitar diversos mundos à procura de melhores equipamentos, recursos, missões secundárias, novas naves e vários inimigos distintos. Se o potencial para isso já era visto por muitos, agora foi plenamente realizado. Ainda que haja certas limitações, como o sistema de viagem em velocidade da luz de regiões a outras e não num modo 100% livre pelo espaço, muito já é favorável às decisões e ações do jogador.

Apesar de tudo, EVERSPACE 2 deixa claro que não é um simulador espacial tão aberto assim. Sempre haverá combates e eventos pelo mundo que vão depender da reação do jogador via combate. Se seus planos era se tornar apenas um mercado de minério pela galáxia, é melhor pensar em uma nova proposta. Fugindo de uma situação similar a No Man’s Sky ou Elite: Dangerous, aqui a intenção é mais aproveitar o que for possível da história enquanto viaja atirando, destruindo e colhendo recompensas ali e aqui. E nisso afirmo que funciona melhor do que tentar arriscar num universo de opções quase infinitas como nesses outros jogos.

Sendo exclusivo da nova geração, a qualidade visual do jogo e performance são notáveis. Ainda que não se busque uma qualidade de imagem a nível realista, o que é entregue acaba sendo distinto e agradável, com performance quase 100% constante a 60fps, com raras quedas em imensas explosões. Algo que poderia ter um destaque maior seria a variação de cenários, sendo que é possível passar horas vendo apenas os mesmos destroços e asteroides espaciais.

É preciso destacar outras qualidade técnicas do jogo, como os bons efeitos sonoros sempre presentes e acertados. Além disso, foi um dos poucos jogos que me fizeram lembrar que as funções do DualSense ainda existem. O uso dos gatilhos e do feedback tátil é acertado e até possui funções variadas mediante o sistema de controles que decide usar. Além disso, é sempre bom vermos cada vez mais jogos possuindo legendas e textos em português brasileiro e é preciso parabenizar pela trabalho de adaptação de idiomas.

EVERSPACE 2 é uma sequência que parece ter seguido o caminho certo após mudar radicalmente seu estilo de jogo. A proposta atual cabe perfeitamente para uma expansão necessária que o jogo precisava para não se perder apenas no que existiu no título original. Ainda há muito espaço para melhorias e ajustes, mas é um ótimo jogo de naves, combate e exploração espacial para os fãs do gênero.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Rock Fish Games.