Endless Dungeon – Review

Combinar estilos diferentes dentro de um mesmo jogo nem sempre é uma tarefa fácil. Por muitas vezes, é comum um título que se arrisca nisso ficar perdido em muitas ideias ou, até mesmo, sem uma identidade definida. Felizmente, não é o que acontece com Endless Dungeon. Por mais que uma mistura de gêneros tão diferentes como roguelite, defesa de torres e twin stick shooter possa soar estranha, de alguma forma Endless Dungeon funciona bem.

Situado no aclamado universo Endless, e uma espécie de sequência do excelente Dungeon of the Endless, Endless Dungeon conta a história de uma trupe de exploradores presos em uma estação espacial abandonada, que foi criada para mineração de poeira. O game consiste em explorar essa perigosa estação, enquanto procura por uma maneira de escapar. A ambientação é ótima e combina elementos sci-fi com uma temática de cowboys do espaço. A falta de variedade nos cenários é um problema, mas a boa aleatoriedade na geração de mapas, juntamente com as alternativas nas mecânicas de gameplay, ajudam a justificar a repetição tão característica ao gênero roguelite.

A premissa principal de Endless Dungeon é formar seu esquadrão com até três heróis, no modo solo ou cooperativo online, e explorar os cenários divididos por andares e distritos da estação, até chegar em seu núcleo. Cada run é composta por três andares, mais o núcleo, sendo que para cada andar é possível optar por três variações de distritos. Para avançar por cada cenário é necessário escoltar um cristal carregado por um robô até a porta de saída, enquanto o defende de hordas de inimigos que podem variar entre robôs, amebóides, insetos e borrões.

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Na teoria isso pode parecer bem simples, mas o jogo conta com uma grande quantidade de mecânicas que o tornam bastante complexo. Como um roguelite, a cada jornada você conquista mais recursos que podem ser utilizados para evoluir permanentemente os personagens, o robô do cristal e suas armas. O Saloon vai funcionar como seu ponto de partida para cada nova missão, onde também são acessadas a oficina de upgrades e lojas para comprar itens de uso único que podem ser adquiridos para iniciar as runs com algumas vantagens.

Algumas missões iniciais vão liberar novos personagens e áreas, dando uma boa sensação de progressão logo após as primeiras tentativas frustradas. A ideia é que você melhore suas defesas e seu entendimento do jogo a cada nova run. Para conseguir chegar ao reator pela primeira vez foi necessário algo em torno de 20 horas, o que considero um bom tempo de evolução em um roguelite.

O objetivo principal em cada andar será sempre proteger e escoltar seu robô, enquanto abre portas para encontrar o caminho e gerar recursos. Esses recursos são divididos em três categorias, sendo a indústria necessária para construir geradores e torretas; os alimentos para criar kits médicos e comprar melhorias para os personagens; e a ciência para realizar pesquisas para descobrir e evoluir torretas. Há outras maneiras de conseguir recursos além de abrir portas, como encontrar baús, construir geradores, reforçar o robô do cristal e quebrar tambores espalhados pelo mapa.

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As vezes algumas portas estarão bloqueadas e, para abri-las, será necessário encontrar o interruptor de barreira para desligar o disjuntor. Em outras situações você deverá escoltar o cristal para um segundo ponto para conseguir acesso a uma sala adjacente. Também é possível encontrar nos mapas um ponto de perfuração onde o robô é capaz de extrair um cristal usado para fortalecê-lo. Esse cristal concede diversos benefícios ao robô, mas há também um risco ao tentar obtê-lo, já que para cada vez que decidir mover seu robô, uma nova onda de inimigos será desencadeada.

A tática é sempre colocada à prova, pois será necessário ponderar onde, e quando, montar suas defesas. Em alguns lugares é possível encontrar uma estação de pesquisa, onde novos dados de torretas poderão ser encontrados. Cada nova pesquisa vai resultar em uma horda de inimigos, então é sempre importante analisar o risco de investir nessa função. As torretas oferecem muitas opções de defesa, ataque e buffs para os personagens e outras torretas, e é aqui que aparecem os elementos de tower defense. No entanto, com a necessidade de mover o robô de um cenário para o outro, há sempre algo novo para ser planejado. Por isso, a gestão de recursos acaba sendo um dos pontos principais de Endless Dungeon. Não é possível recuperar recursos ao remover uma torreta, então é sempre necessário distribuir bem suas defesas para não chegar na sala final sem alternativas.

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Durante sua evolução pelos cenários é comum encontrar Estelas, que são uma espécie de pilares que contém modificadores para os heróis e também para os monstros. As Estelas positivas podem ter um buff de dano elemental, uma melhoria na movimentação dos personagens, dentre outras. Já as Estelas negativas causam penalidades aos jogadores e precisam ser desativadas com um recurso de poeira encontrado aleatoriamente nos mapas. Esse recurso de poeira também é necessário para iluminar salas escuras. Essas salas se caracterizam por impossibilitarem os heróis de instalarem torretas e utilizarem as máquinas.

Em algumas ocasiões um apagão acontecerá de forma repentina. Esse apagão inutilizará suas torretas e também as máquinas do cenário. Para reestabelecer a energia será necessário encontrar as centrais e reativá-las, tudo isso enquanto monstros ficarão ressurgindo para atacar os heróis e o robô do cristal. Essa mecânica traz uma mudança súbita para o jogo, fazendo com que você tenha que se adaptar rapidamente para não perder seu cristal.

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Outra característica do gameplay está no combate, onde se destaca como um bom twin stick shooter. Os personagens podem carregar até duas armas, sendo uma inicial pré-determinada e outra que pode ser encontrada durante as runs. Essas armas variam de tamanho, cadência de tiro e dano elemental, sendo que cada tipo de monstro é suscetível a um dano específico. Cada personagem pode equipar um tipo determinado de arma, sendo leve ou pesada. As armas podem ser melhoradas com upgrades no Saloon, mas com exceção a sua arma principal, as demais armas deverão ser encontradas aleatoriamente nos mapas através de baús ou obtidas do mercador, e não serão mantidas ao final da rodada.

Os personagens possuem missões para serem completadas através de objetivos nos mapas. Esses objetivos requerem ações específicas como, por exemplo, completar um distrito específico sem sofrer dano, eliminar um boss, obter uma quantidade de recursos, dentre outros. Cada missão concluída libera novos espaços de modificadores, bem como informações adicionais sobre as histórias dos personagens. Os heróis possuem ótima sinergia entre si e as habilidades funcionam muito bem durante o combate. Cada um possui uma habilidade passiva, uma especial e a suprema. Vassoura, por exemplo, é um personagem mais voltado para controle de grupo de inimigos e reparo das torretas; Shroom possui habilidades de cura; Zed é mais voltada ao dano direto e se fortalece a cada inimigo eliminado; Fassie reforça outros heróis e também faz com que os monstros lutem entre si; e assim por diante. Ao todo são oito personagens jogáveis, então há diversas opções para montar sua equipe.

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O design dos inimigos não possui muita variedade, mas oferece um bom desafio conforme os cenários vão avançando. Em situações onde mais de uma atividade for acionada ao mesmo tempo, o jogo pode enviar uma onda de inimigos reforçada, tornando as coisas bem mais complicadas para sua equipe. Em alguns estágios também encontramos lutas contra chefes. Essas lutas possuem mecânicas únicas, sendo necessário coordenar suas táticas de defesa ao cristal, ao mesmo tempo que realiza tarefas para enfraquecer o Boss para conseguir causar dano.

No modo single player, é possível levar consigo dois aliados NPCs. Esses aliados possuem uma boa inteligência artificial de combate, mas não realizam algumas ações, como reparos e upgrades de torretas. Para facilitar em sua estratégia, você pode acessar um menu radial para comandar seus aliados para defenderem determinada região do mapa ou acompanhá-lo de perto. Também é possível assumir o controle de qualquer um desses aliados para comprar upgrades para eles e equipar algumas armas.

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Já o modo cooperativo está limitado apenas ao online, não havendo opção para cooperativo local. Quando estiver no modo coop, os recursos serão compartilhados entre os jogadores, incluindo os kits médicos. Por isso, jogar partidas com aleatórios pode se tornar um problema devido à falta de comunicação. A melhor maneira de desfrutar do cooperativo é montando um grupo com amigos, onde planejar as ações em conjunto se torna um grande atrativo. Para equilibrar melhor as partidas, o modo cooperativo aparentou ser um pouco mais difícil que o single player. Um detalhe importante é que, no cooperativo, tudo será baseado na versão do Saloon do anfitrião da sessão. O progresso que você fizer como convidado será salvo, mas para aplicar os upgrades você terá que sair da sessão para acessar seu próprio Saloon. O mesmo vale para os troféus do jogo, cujo progresso só conta para o host da sessão, algo incompreensível em se tratando de um jogo onde o modo cooperativo talvez seja a melhor maneira de aproveitá-lo a longo prazo.

Na parte técnica, pesa um pouco negativamente o tempo de carregamento entre os mapas ser consideravelmente longo, algo que incomoda principalmente se levarmos em conta que uma run completa pode durar mais de uma hora, e que passa por diversas telas de loading. Além disso, é outro ponto negativo o fato de o game ficar a maior parte do tempo limitado aos 30 quadros por segundo, mesmo no PS5.

Ainda assim, seja em modo solo ou cooperativo, Endless Dungeon mostrou-se ser um roguelite bastante divertido, capaz de prender sua atenção com seu bom sistema de evolução, principalmente quando combinado com todas as variáveis de estratégia e de combate que oferece.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela SEGA.

Veredito

Endless Dungeon prova que combinar diversos gêneros de jogos pode funcionar. Com uma boa evolução de cenários e um constante sentimento de progressão, Endless Dungeon vai mantê-lo motivado para continuar jogando-o por muitas runs.

75

Endless Dungeon

Fabricante: Amplitude Studios

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Roguelite / Ação Tática / Tower Defense

Distribuidora: SEGA

Lançamento: 19/10/2023

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Endless Dungeon proves that mixing different game genres can work. With a good evolution of scenarios and a constant feeling of progression, Endless Dungeon will keep you motivated to play it for many runs.