Quando Eiyuden Chronicle: Hundred Heroes foi anunciado, eu logo o assimilei com Octopath Traveler por causa de seus gráficos. Inicialmente, o jogo estava previsto para este ano, porém, dada as circunstâncias do Covid-19, foi adiado para 2023. Para compensar, a produtora apresentou aos ansiosos Eiyuden Chronicle: Rising, jogo que se passa no mesmo mundo.
Eyuden Chronicle: Hundred Heroes começou com uma campanha no Kickstarter, e devido a qualidade do que foi apresentado, não só alcançou o valor necessário para a produção do título, como teve o suficiente para garantir o desenvolvimento de Eiyuden Chronicle: Rising.
Com uma jogabilidade e conceito gráfico diferente de Hundred Heroes, Eiyuden Chronicle: Rising chega para tentar introduzir este novo mundo aos jogadores que aguardam ansiosamente pelo título de 2023. Mas será que ele consegue segurar bem esse peso e garantir diversão para os fãs do gênero?
A história introduzida em Eiyuden Chronicle: Rising não é das melhores. Ao menos não início. Você é CJ, uma garota que vem de um clã onde todos os moradores devem sair de suas casas em busca de um artefato maior que o que seus familiares encontraram. Sendo uma caçadora de tesouros, ela vai até uma cidade chamada Nova Naveah tentar a sorte.
Quem governa essa cidade é Isha, uma garota que assumiu o posto de prefeita muito cedo devido ao desaparecimento de seu pai. Aqui, para tentar manter a cidade funcionando, Isha dá aos aventureiros uma permissão para explorar as cavernas em busca de tesouros, porém, com as devidas taxas aplicadas.
Logo no início, o jogador é apresentado ao sistema de carimbos, no qual ele deve ajudar as pessoas da cidade a completar missões em troca de uma “carimbada” para então, conseguir a tão almejada licença de explorador. Após ter acesso ao papel, CJ finalmente começa sua aventura…ou ao menos deveria.
Eiyuden Chronicle: Rising tem um começo tão morto, que me peguei cochilando diversas vezes durante o gameplay. Estamos falando de um jogo 2D com cenários 3D, então a exploração deve ser muito bem adaptada para não ser entediante. E aqui, infelizmente, ela é.
Dentro do mapa existem alguns teletransportes que vão sendo desbloqueados conforme se avança. Porém, o mapa não é intuitivo e você não sabe para onde exatamente está indo. Isso só piora quando, embora se saiba para onde quer ir, seja preciso teletransportar entre os postes até encontrar o desejado.
Como dito anteriormente, a exploração de Eiyuden Chronicle: Rising é entediante no início. Você é obrigado a seguir até a metade da dungeon e voltar porque algo sempre está te impedindo. E geralmente é algo chato. Embora exista a possibilidade de se teletransportar para a cidade, às vezes não compensa pelo fato de que no caminho até lá, possam existir NPCs solicitando ajuda em troca de carimbos, com isso em vista, existe um conflito entre a praticidade e a vontade de completar tudo.
Para ser justo, a exploração dá uma melhorada após umas seis horas de jogo, e mesmo sendo um tempo relativamente alto, você é recompensado com mais atividades e materiais para coletar. Além de mais tesouros e lentes rúnicas, que é o principal objetivo de CJ.
Infelizmente, Eiyuden Chronicle: Rising tem um problema que pode afastar os jogadores que não querem se dedicar. Ele só começa a engrenar depois de algumas horas, como dito anteriormente, e isso também vale para a história.
No início a narrativa não é tão clara, e diversas outras coisas – confusas – acontecem no caminho, tirando todo o foco do que realmente importa. Em meio a tudo isso, existem as missões secundárias, que deixam a bagunça ainda pior.
A UI do jogo não foi otimizada muito bem, então a poluição na tela confunde demais o jogador. Essa confusão toda me obrigou a ignorar a história por um tempo e apenas seguir até que as coisas voltassem aos eixos. Coisa que, felizmente, acontece.
Com o passar do tempo, as coisas melhoram, e como de praxe, CJ e seus amigos descobrem que há muito mais por trás dessas lentes rúnicas do que eles poderiam imaginar. Quando essa reviravolta acontece, você passa a ter seus momentos de diversão, só é uma pena que demore tanto para decolar.
Se por um lado Eiyuden Chronicle: Rising apresenta suas falhas, pelo outro ele consegue compensar, mesmo que este também possua seus pequenos defeitos.
O gameplay geral do jogo é muito bom e intuitivo. Você dificilmente irá passar perrengue na hora de enfrentar hordas de inimigos. O único contra aqui é que personagens pesados como o Garoo, por exemplo, possuem um delay chato que te obriga a dar os comandos muito antes da hora para acertar o timing do ataque.
No quesito combates, Eiyuden se sai bem, pois possui uma ampla variedade para você derrotar seus inimigos. Claro, isso só é possível com o aprimoramento de seus equipamentos nas lojas da cidade, que inclusive precisam que você cumpra missões secundárias para abri-las e subi-las de nível e, consequentemente, aumentar o estoque e/ou melhorar os serviços.
Diferente de outros jogos de RPG de ação, aqui você não tem a possibilidade de trocar suas armaduras ou armas, apenas aprimorá-las. Porém, para compensar, diversas novas habilidades podem ser desbloqueadas desse modo, aumentando ainda mais o quesito diversão na hora de encarar as dungeons.
Um outro ponto que me impressionou em Eiyuden Chronicle: Rising é o fato de precisar apertar apenas um único botão para controlar seus personagens. Isso mesmo. Todo seu grupo é alocado num dos quatro botões principais (exceto o X, que faz o personagem pular), e conforme novas habilidades são liberadas, o mesmo botão, em conjunto com alguns truques do L3, transforma seu personagem numa verdadeira máquina de combos.
Mas não pense você que será fácil liberar todas essas habilidades. Como mencionado anteriormente, Eiyuden Chronicles: Rising conta com um sistema de aprimoramento e construção de lojas na cidade. Ao completar as missões secundárias e finalizar todos os carimbos de um cartão, Nova Naveah prospera, recebe novos moradores e, consequentemente, interessados em abrir algum tipo de negócio.
O primeiro ponto que torna difícil o aprimoramento e que deve ser levantado aqui, está no problema em se conseguir Baquas, a moeda local. As dungeons não fazem nem cócegas no seu bolso, te obrigando a ficar dependente do dinheiro de algumas missões secundárias ou da loja de penhores. Porém, vender algo aqui torna-se inviável, pois a prefeitura cobra de 30% de taxa em cima dos valores, reduzindo muito seus ganhos.
Já o segundo ponto que deve ser enfatizado é um pouco mais positivo. Mesmo com toda a dificuldade, este sistema de construção se torna um vício. As missões secundárias aparecem a todo momento, e na maioria das vezes é alguém querendo abrir um novo negócio ou melhorar a loja que já possui. Não vai ser difícil você largar tudo que estiver fazendo para ir atrás dos itens necessários, pois é importante ter recursos mais atuais à venda, mesmo que eles sejam difíceis de arcar devido aos altos valores.
Os gráficos de Eiyuden Chornicles: Rising são realmente bonitos. Ao contrário do futuro Hundred Heroes, Rising traz cenários com gráficos em 3D e personagens 2D. Isso dá um charme impressionante ao jogo, principalmente nas dungeons, onde é possível ver diversos detalhes da fauna, como as flores, cachoeiras e até mesmo a neve. Talvez se os personagens fossem um pouco menos pixelados, esse encaixe pudesse dar mais certo, mas o que eles entregam aqui já vale a pena.
A trilha sonora, por sua vez, não é nada “uau”. Ele traz o som clássico dos RPGs da década de 90, e ao mesmo tempo que isso soa como nostalgia, pode parecer “preguiça”, pois atualmente, tudo pode melhorar.
Eiyuden Chronicle: Rising chegou para anteceder Hundred Heroes, mas ele não é perfeito. Na verdade, nem esperava que fosse, mas ver que a Rabbit & Bear Studios conseguiu fazer isso apenas com o “troco” da campanha do título principal, mostra que eles estão empenhados em trazer algo divertido para esquentar os motores.
O título possui sim, seus defeitos, mas com o passar do tempo, ele decola e mostra um outro lado que as pessoas que jogam pouco não irão ver. No fim, Eiyuden Chronicle: Rising se torna uma boa opção de compra para os fãs do gênero que buscam algo novo.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela 505 Games.
Veredito
O começo de Eiyuden Chronicle: Rising é chato e cansativo. Porém, conforme a aventura avança, você encontra a diversão que gostaria de ter tido lá no início. Embora tenha seus defeitos, pode ser uma boa opção para os fãs do gênero que querem se preparar para Hundred Heroes.
Veredict
The beginning of Eiyuden Chronicle: Rising is boring and tiring. However, as the adventure progresses, you’ll find the fun you wish you had at the beginning. Although it has its flaws, it can be a good option for fans of the genre who want to prepare for Hundred Heroes.