Jogos de RPG tomaram conta do mundo dos games há um bom tempo. Se um título não o carrega como gênero principal, ele traz elementos do role playing, como é o caso de jogos do reboot de Tomb Raider, por exemplo, e muitos outros. Para a nossa sorte, os desenvolvedores sabem que o tradicional RPG por turnos ainda segue firme e forte, e Edge of Eternity chega aos consoles para tentar validar esse pensamento.
A história de Edge of Eternity se passa em Heryon, um mundo partido depois da chegada de uma força alienígena misteriosa que colocou o planeta em uma guerra sem fim entre magia e tecnologia.
Para tentar ganhar a guerra a qualquer custo, os invasores lançaram uma doença fatal chamada Corrosion, que aos poucos transforma os seres vivos em aberrações. E agora, cabe a Daryon, Selene e seus amigos encontrarem a cura e ajudar o povo de Heryon.
Edge of Eternity pode aparentar ter uma história clichê, porém, assim como em todo e qualquer título do gênero, existem diversos outros problemas que são revelados ao longo do caminho, tornando a tarefa ainda mais árdua e, em alguns momentos, dando algumas reviravoltas para te deixar perplexo.
A história só não dá tanto impacto por alguns motivos, entre eles estão as animações, que muitas vezes não conseguem trazer a emoção que deveria. Além disso, algumas cenas são cortadas do nada, e as o jogador fica com aquela sensação de que tem coisa faltando. A dublagem, por outro lado, até consegue alcançar o tom dramático necessário, mas a falta de expressão dos personagens e o design fraco acabam levando o que seria o “ápice”, a algo extremamente morno.
É preciso ressaltar que durante o acesso antecipado, foram liberadas duas atualizações para Edge of Eternity. No começo, o rosto dos personagens era ainda pior, com feições sofríveis e que assustavam, principalmente para um jogo de PS5. Porém, o estúdio conseguiu deixar esse design um pouco menos ruim para o lançamento.
Como já mencionamos o design dos personagens, acredito que seja válido falar do mapa em si, que lembra – bem – pouco o mundo de Xenoblade. É tudo muito vasto, com objetos enormes e coloridos. No entanto, existem dois problemas aqui, e um deles é que fica muito fácil perder a direção de onde se está indo, pois é tudo praticamente igual e não há tantas referências para se guiar.
Um outro ponto negativo em relação à ambientação é que, embora ela seja muito vasta, é “morta”, sem tantos atrativos e poucos monstros espalhados. Devo dizer que este cenário se parece muito com o que foi visto em Tales of Zestiria, por exemplo, que conta com o mesmo problema.
O mapa, por sua vez, recurso que deveria ajudar nessas horas difíceis, só está lá de enfeite. O minimapa é realmente muito pequeno, e mesmo que você abra o menu para vê-lo inteiro, não é possível dar zoom para olhar de perto o que há nos arredores. Em cidades grandes isso é ainda pior. Os ícones ficam todos “amontoados”, e se não fosse a barra de direção no topo da tela, você provavelmente não entenderia o significado de cada coisa.
A quantidade desnecessária de elementos num único lugar também pode ser um problema. Existem NPCs demais e muitos deles estão lá só para fazer volume e prejudicar a performance geral do jogo.
Mesmo jogando no PS5 e no modo performance, Edge of Eternity parece que não aguenta uma grande quantidade de elementos na tela e tem o que aparenta ser uma queda de frames constante, que acaba impactando também nas suas ações, como interagir com os NPCs para negociar algo ou criar equipamentos nas mesas de construção, por exemplo.
O estranho disso tudo é que em ambientes fechados (dungeons) o jogo se mostra como realmente deveria ser. É tudo muito fluido, e os combates são muito mais legais de se ver, já que até mesmo os gráficos ficam melhores e com menos serrilhados.
Embora este mundo não seja perfeito e tenha alguns bugs bizarros (incluindo um que tira toda a cor do cenário), Edge of Eternity conta com uma grande quantidade de side quests, algo que os fãs do gênero adoram. Mas calma. Antes de se empolgar devo dizer que elas são um pouco bobas e não apresentam um grande desafio no início. Porém, no decorrer da aventura elas vão ficando mais difíceis e exigem mais empenho e treinamento para ganhar XP, algo que é um pouco chato de conseguir aqui.
Outro ponto que “pega” em Edge of Eternity é a falsa sensação de dinamismo. No início, o jogo te dá a impressão de que tudo vai ser muito movimentado e, infelizmente, não é esse o caso. Nas primeiras horas você fica num looping chato de ir atrás de um personagem específico, transformando algo que deveria ser divertido em um verdadeiro teste de paciência.
Claro, durante as missões outras coisas pontuais acontecem, mas elas não são tão impactantes a ponto de deixar aquele sentimento de cansaço da missão principal sair de você. A realidade é que o jogo demora para engrenar, e mesmo após 10 horas de gameplay você muito provavelmente ainda vai estar com apenas dois personagens no grupo.
Embora Edge of Eternity tenha lá seus problemas técnicos, ele consegue entregar um gameplay divertido e muito rico. Existe uma combinação gigantesca de gemas para usar nas armas, que garantem não apenas bônus nos status, mas também habilidades especiais para os personagens.
A quantidade de armas e equipamentos de defesa também é absurda, e ainda é possível comprar/encontrar diversos pergaminhos de como criar esse tipo de item. Claro, muitos deles podem ser encontrados em lojas ou em baús, mas às vezes é melhor economizar uma graninha e farmar os itens enquanto tenta subir o nível dos personagens.
E por falar em nível, devo dizer que me surpreendi positivamente com o sistema de batalhas de Edge of Eternity. Ele tem uma mistura de RPG tático com o tradicional RPG, pois durante os combates você precisa se mover entre os espaços para garantir diversos bônus, como atacar pelas costas, por exemplo.
Outro recurso bem legal das batalhas é que você pode usar os itens do cenário a seu favor. Caso ela ocorra perto de algum cristal ou arma de campo, você poderá usá-los para conceder bônus nos status ou atacar os inimigos em massa, respectivamente. Além disso, é possível acelerar a batalha e deixar as animações muito mais rápidas, deixando o jogo ainda mais dinâmico.
Mas nem tudo são flores no combate, e embora ele seja divertido, a câmera pode atrapalhar, principalmente se você estiver no modo cinematic. Existem muitas pedras e outras construções naturais em Heryon, e os embates formam um tipo de “arena” bem no local onde você deu início ao embate. Se isso acontecer perto de uma montanha, por exemplo, seu campo de visão fica terrivelmente comprometido. Caso isso ocorra em uma dungeon, a situação fica pior ainda, já que é um espaço apertado e ainda mais limitado.
Edge of Eternity é um RPG bacana e tem diversas ideias boas. É perceptível o quanto o estúdio se esforçou para trazer uma experiência imersiva, com diversos recursos para fazer você se aventurar por Heryon durante muito tempo. Porém, os diversos problemas técnicos estragam totalmente a experiência.
Não é divertido sentir que há quedas de frames constantes, ter problemas com as cores e outros bugs bizarros. Algumas outras questões podem ser relevadas, mas para mim, é o cúmulo o jogo funcionar tão bem dentro de dungeons, e se engasgar tanto no mundo aberto.
Espero muito que Edge of Eternity receba as atualizações necessárias para consertar esses problemas que tiram o prazer de se aventurar por este jogo, pois o título em si tem muito potencial. Mas enquanto os dias de glória não chegam, é melhor esperar uma promoção e os futuros patches.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Dear Villagers.
Veredito
Edge of Eternity tem ideias legais e um mundo que poderia ser muito incrível, porém parece que a Midgard Studios não soube conduzir muito bem a parte técnica do mundo aberto e toda aquela imersão parece ter morrido no trailer de apresentação.
Veredict
Edge of Eternity has cool ideas and a world that could be very amazing, but it seems that Midgard Studios didn’t know how to handle the technical part of the open world very well and all that immersion seems to have died in the presentation trailer.