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Dynasty Warriors 9

Dezoito anos após criar o gênero musou no PlayStation 2, o nome Dynasty Warriors invoca um determinado estilo que, apesar dos constantes refinamentos e melhorias introduzidos a cada novo jogo da série, tem se mantido relativamente semelhante ao longo dessas quase duas décadas. Tentando mudar isso, a Omega Force e a Koei Tecmo lançam Dynasty Warriors 9, dando o passo mais ambicioso da série até aqui, revolucionando a franquia com uma simples decisão: transformá-lo em um jogo de mundo aberto.

Apesar de ser uma das decisões de design mais comuns hoje em dia, dizer que nem todo jogo se adapta aos conceitos atuais de mundo aberto é um pouco de eufemismo. Desde o seu anúncio, era natural se ter um pouco de receio se Dynasty Warriors, em seu primeiro jogo feito inteiramente para essa geração, se sairia bem ao abandonar os seus mapas pré-estabelecidos ao longo dos jogos anteriores, em especial pela ambiciosa tarefa de representar toda a China em um único grande campo de batalha.

Essa mudança afeta todo o jogo de diversas formas, tanto no combate, quanto na maneira como a história do jogo é contada, bem como no aumento de algumas características que, se eram presentes antes, aqui se tornam muito mais comuns e afetam muito mais a experiência do jogador. Uma coisa é clara, Dynasty Warriors nunca esteve tão perto de um RPG de Ação quanto agora.

Recontando os acontecimentos do famoso Romance dos Três Reinos do ponto de vista de 90 diferentes personagens de uma das mais importantes obras da literatura chinesa (baseada em fatos reais), espalhados por 5 diferentes facções, a série nunca fez um trabalho tão bom quanto agora em capturar a história que a inspirou, com cada uma das facções tendo uma história diferente, desde a Revolução dos Turbantes Amarelos até a unificação da China. Como um todo, a história é incrível e os diálogos bem escritos, tornando toda a narrativa do jogo um prazer enorme de se acompanhar.

Jogar o Modo História com cada uma das facções é fundamental para liberar todos os personagens e, dado o alto nível de intriga política e complexidade de toda a trama que o jogo tenta contar, é a única forma de entender todos os acontecimentos. Há muito mais diálogos e cutscenes do que nos jogos anteriores, o que, casado com o jogo não só ter dublagem em inglês (apesar de fraquíssima em comparação com os vozes chinesas e japonesas), mas também legendas em português brasileiro torna o jogo o mais acessível do que qualquer outro da série.

Mais importante que isso, entretanto, é o que torna Dynasty Warriors a franquia tão famosa e conhecida que ela é: o combate hack’n’slash de “Um contra Milhares” que faz com que o jogador se sinta um herói todo-poderoso contra hordas de soldados e generais de exércitos rivais. Nesse ponto, DW9 é o ápice da série.

Os comandos do jogo como um todo foram reformulados. Se antes as batalhas envolviam diversas combinações de ataques fracos e ataques fortes, agora temos um novo sistema de Ataques Fluidos (que substituem ataques comuns), Ataques Reativos (que substituíram os ataques fortes) e um novo tipo chamado de Ataques Táticos, usados para atordoar, lançar os inimigos no ar, derrubá-los ou algum outro tipo especial de efeito, tudo, é claro, combinado com os ataques especiais conhecidos como Ataque Musou.

Essa mudança no sistema de combate é muito bem-vinda e dá nova vida ao sistema mais repetitivo e estagnado da franquia, dando uma profundidade muito agradável a um sistema que já era imensamente divertido. Os ataques são mais adaptados ao ambiente e situações em que o jogador se encontra, além da volta dos combates montados e também da possibilidade de utilizar um arco e flecha, o que acrescenta mais um pouco de variedade, mesmo que, pelo gigantesco número de batalhas, ele acabe se tornando repetitivo.

Um dos efeitos da mudança para um mundo aberto é claramente vista aqui. Se antes o jogador acumulava milhares de inimigos derrotados em questão de minutos em razão das bases serem todas muito próximas e cada missão ser bem curta, elas agora se encontram muito mais espaçadas, fazendo com que o jogador sinta-se mais em uma batalha real do que antes. Há também a possibilidade de encontrar bandidos e animais como lobos e ursos ao redor do mapa, que acrescentam uma boa variedade no tipo de inimigos que o jogador enfrenta.

Em razão do mapa gigantesco, o jogo acabou se valendo de muito mais elementos de RPG do que antes. A série já possuía alguns sistemas de progressão e criação, mas eles são muito mais pronunciados aqui. O jogo constantemente mostra quanto de experiência e ouro foi conquistado com cada missão cumprida e há uma série de missões secundárias (inclusive missões de coleta de itens) a serem feitas que diminuem o nível da missão principal (tanto as missões principais quanto as secundárias e os inimigos que o jogador encontra pelo mapa possuem um nível recomendado).

Outras características comuns de jogos de mundo aberto foram implantadas aqui de maneira curiosa. O jogador constantemente encontra materiais para coleta, que servem para criar novas armas, itens utilizáveis, equipamentos ou jóias (as quais podem ser equipadas nas armas, dando alguns bônus e efeitos elementais aos ataques táticos). Nas cidades espalhadas pela China, existem torres para serem escaladas com um gancho e que passam a mostrar no mapa a localização de bases e recursos naturais. É possível também comprar esconderijos, onde o jogador pode convidar outros personagens e destravar diálogos específicos.

No geral, as mudanças geradas com a adoção de um mundo aberto são muito mais positivas e dão uma vida nova e muito mais interessante a uma série e um gênero da qual eu já era um grande fã. No entanto, essa mudança também veio com uma série de problemas que chamam bastante a atenção: o jogo roda muito mal em um PS4 comum.

As texturas e gráficos do jogo como um todo não são das mais belas, mesmo que a implantação do sistema de dia e noite presente em Samurai Warriors: Spirit of Sanada e os efeitos de chuva, granizo e neve sejam muito bonitos e os novos modelos dos heróis sejam muito mais impressionantes do que qualquer um utilizado antes. Isso chama mais a atenção do que antes porque o jogador passa muito tempo explorando os grandes campos da China, os quais, embora se pareçam fiéis e bastante variados (a Koei Tecmo se utilizou de fotografias especiais para criar a sua representação da China), não são nada marcantes.

O pior crime, no entanto, é como o jogo sofre para manter uma taxa estável de frames. Era esperado que ele sofresse alguns slowdowns em sessões com volumes muito grandes de inimigos, mas não é bem o caso. Desde o tutorial, fica claro que o jogo sofre pra manter até 20 quadros por segundo em ambientes fechados com uma quantidade razoável de inimigos, mesmo que, em locais abertos, ele seja capaz de rodar tranquilamente com centenas de adversários na tela. Ainda assim, é comum, principalmente ao executar combos visualmente mais impressionantes ou ataques musou, que a taxa de quadros caia dos aparente 30fps que costuma (tentar) manter no geral. Esses problemas podem vir a ser resolvidos futuramente, mas até o patch de lançamento, eles se mantinham (mesmo que os problemas não pareçam existir no PS4 Pro).

Ainda assim, Dynasty Warriors 9 é um jogo deveras divertido, que melhora muito a maneira como conta a história do Romance dos Três Reinos, muda vários sistemas e características presentes na série desde os primeiros jogos, cria uma bela base para os próximos, mesmo que o sucesso dessa mudança para um mundo aberto tenha tido resultados mistos, sem, no entanto, abandonar ou deixar de refinar o sistema de combate que fez com que a série se tornasse tão querida por seus fãs. É necessário algum tempo para se adaptar às várias mudanças que o jogo traz à série, mas, no fundo, mesmo com os problemas técnicos, temos um musou incrível.


 

Veredito

Dynasty Warriors 9 é um jogo que, apesar de ter alguns problemas em sua primeira tentativa de implantar um mundo aberto na série, estabelece uma ótima maneira de recontar a sua história, reinventa muito bem o sistema de combate e aproxima a série de se tornar um RPG, marcando um ótimo passo a frente para a franquia.

Jogo analisado com cópia digital fornecida pela Koei Tecmo.

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80

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Veredict

Dynasty Warriors 9 is a game that, despite some problems in this first attempt in the series to make an open world game, establishes a great way to retell its story, reinventing very well the combat system and bringing the series closer to an RPG, thus marking a great step forward for the franchise.