Dustborn, novo jogo desenvolvido pela Red Thread Games (Dreamfall Chapters) e distribuído pela Spotlight by Quantic Dream, foi anunciado há um ano e tinha o início de 2024 como a data planejada de lançamento. Hoje, nós finalmente podemos dizer que ele está entre nós.
A primeira vez que eu vi o trailer de anúncio de Dustborn, meus olhos brilharam por dois motivos: a premissa do título parecia incrivelmente boa e a Quantic Dream estava envolvida no projeto. É inevitável pensar que qualquer coisa que envolva a empresa de Heavy Rain não seja de uma qualidade impecável, então minhas expectativas foram relmente bem altas.
Após horas de jogo, conversas, relacionamentos, drama, ação, embates contra robôs e muitas outras aventuras, tenho meu veredito, e irei passar aqui nessa análise (sem spoilers) tudo que eu achei do jogo dos Anomals que compõem a banda punk Dustborn.
Nos anos 2000, um sinal gigantesco emanou a partir do centro dos Estados Unidos e explodiu uma onda de desinformação pelo continente, seguido de um zumbido persistente. Esse evento causou diversos efeitos colaterais nas pessoas, como paranoia, medo, raiva, violência e muitos outros. Porém, alguns dos cidadãos afetados ganharam poderes, e esses indíviduos passaram a se chamar Anomals.
A partir desse evento, os Estados Unidos passou a se chamar “A República”, e o Estados individuais foram reconsiderados e divididos em seis áreas administrativas, cada uma delas sendo gerida por seu próprio Magistrado da Justiça.
Após os eventos, A República começou a procurar os Anomals e a tratá-los como bandidos, caçando-os em todos os lugares, e é com o intuito de fugir dessa perseguição que Pax, Sai, Noam e Theo aceitam um trabalho e partem para Nova Escócia, lugar conhecido por aceitar bem a diversidade e ser o paraíso para os Anomals.
A história de Dustborn parece ser algo muito direto e objetivo, porém, o que parece ser uma linha reta, se mostra na verdade ser um emaranhado de fios que ligam uma história a outral, tornando a narrativa ainda mais interessante e impactante.
Quando comecei a jogar Dustborn, fiquei um pouco perdido no que estava acontecendo. Esse estilo HQ que a Red Thread quis trazer para o jogo é lindo e charmoso, mas sem a devida apresentação inicial, pode ficar bem confuso para algumas pessoas.
Logo de cara você precisa passar por diversos diálogos e opções para usar seus Vocais (poderes) e lidar com uma situação dentro do carro. Eu, honestamente, não estava entendendo nada e, para completar, alguns diálogos possuíam um tempo limitado para que uma resposta fosse dada. Ao menos nesse início, não estranhe caso algumas das escolhas sejam “erradas”, isso será normal até pegar o jeito e entender melhor como funciona o sistema de poderes de Pax e companhia.
Depois que você começar a se aprofundar no sistema de persuasão das palavras, verá o quão divertido e interessante é poder controlar as emoções das pessoas com o poder dos Vocais. Por se tratar de um jogo focado na narrativa, espere por muitos diálogos ao longo da jornada e diferentes ações e reações. No entanto, é importante frisar aqui que, independente de suas escolhas, o final continuará sendo o mesmo, fato que pode ser um alívio para uns (principalmente os platinadores de plantão), mas decepcionante para outros.
Mas não pense que Dustborn é um jogo focado apenas na narrativa. Aqui você irá encarar diversas batalhas contra os Magistrados de Justiça de cada região, e sua banda estará ao seu lado dando apoio moral e físico para lidar com as diferentes situações.
Pax é a única personagem controlável do jogo, mas conforme você avança, ela ganha novos poderes e outros ataques em conjunto com sua equipe são desbloqueados, aumentando a gama de opções. Além disso, é possível utilizar a ajuda de seus amigos em diferentes momentos do jogo, como pedir para Sai carregar um pneu ou que Noam acalme os ânimos de quem está à flor da pele. Tudo é possível.
O legal aqui é que em combate, os Vocais de Pax funcionam de uma forma diferente. Eles podem arremessar pessoas a metros de distância e até mesmo aumentar o poder de ataque do time. Claro que, para balancear as coisas, nem sempre será possível usar os Vocais, então até a barra encher novamente, será necessário usar o taco de beisebol para lidar com os inimigos.
Embora seja divertido bater nos inimigos, confesso que o combate ficou um pouco genérico e simplista. A movimentação dos personagens durante os embates é bem dura e, em alguns momentos, os meus aliados simplesmente bugavam e ficavam apenas assistindo Pax tomar uma surra. Além disso, eu tive a forte sensação de que o HP dos inimigos diminuia apenas após os ataques de Pax, tornando a participação dos outros “inútil”, digamos assim.
Mesmo sendo um jogo linear e com um alcance um tanto quanto limitado quando nos referimos aos cenários, tudo é muito bem feito e com um visual impecável. Eu, particularmente, adoro jogos com visuais em cel-shading, e aqui ele casa muito bem com a proposta de HQ do título. Além disso, é uma modelagem que costuma trazer menos bugs, coisa que, infelizmente, não acontece aqui.
Durante minha jornada experienciei alguns bugs que, embora não tenham atrapalhado – tanto – o andar da carruagem, ficaram feios no contexto geral. Porém, no capítulo 4, especificamente, tive um problema que impediu meu personagem de andar, fato que me forçou a reiniciar o jogo.
Sendo justo, tirando o bug do capítulo 4, todos os outros foram coisas passáveis e que impactaram minha jogatina. Claro que existem pontos que podem – e devem – ser melhorados, como o loading (que achei demorado para um jogo de PS5) e outros detalhes pontuais, mas nada que tire completamente o brilho da arte geral. A desenvolvedora, porém, prometeu um patch Day One, então espero que esses problemas sejam sanados ou, no mínimo, amenizados.
Como eu disse no início desse review, Dustborn passa a sensação de ser um jogo curto, principalmente por possuir apenas 10 capítulos e pouco mais de 20 troféus. Porém, as reviravoltas e o tamanho de cada edição tornam o jogo muito mais atraente e longo do que se imagina.
Por se tratar de um título focado na narrativa, não é difícil se apegar a determinados personagens – ou até mesmo odiá-los – já que, assim como na vida real, os comportamentos divergem muito e são moldados de acordo com as suas escolhas.
Dustborn é um jogo que trata não somente sobre amizades, relações amorosas e robôs, mas também sobre pessoas diferentes que buscam um lugar onde elas possam ser elas mesmas. Aqui você verá de tudo, como pessoas com vitiligo, não-binárias, relações amorosas entre pessoas do mesmo sexo, PCD e muito mais.
Esse “abraço” que Dustborn dá em diferentes membros mostra que, apesar dos problemas técnicos que o jogo possui e que podem ser sanados ao logo das atualizações previstas, a história consegue fazer você se apaixonar.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Quantic Dream
Veredito
Embora Dustborn possua um combate duvidoso e alguns problemas técnicos, o jogo possui um enredo excelente e chamativo, fato que vai fazê-lo ficar ligado até o último capítulo da história.
Veredict
Although Dustborn has questionable combat and some technical issues, the game has an excellent and engaging plot, a fact that will keep you hooked until the end of the story.