Drova: Forsaken Kin – Review

Drova: Forsaken Kin é um RPG de ação em gráficos pixelados que me chamou a atenção não apenas por seu apelo nostálgico que me remete a alguns de meus jogos favoritos do final da década de 1990, mas também por sua ambientação inspirada pela mitologia celta.

Em uma época em que o mundo enfrentava sua maior crise, ocasionada pela escassez de alimentos, pela contaminação do meio ambiente e a consequente propagação de doenças, os druidas partiram em uma missão em busca de um lugar que pudesse abrigar o restante da humanidade.

Ao retornar, eles trouxeram consigo um objeto mágico que diziam revelar o caminho para a terra prometida de Drova, um lugar supostamente abençoado por entidades divinas, onde os alimentos estavam disponíveis em abundância e as pessoas poderiam viver em constante harmonia.

Drova: Forsaken Kin

A história acompanha um aventureiro após ele decidir seguir os passos de uma dupla de druidas que buscavam a entrada secreta para o paraíso. Ao serem surpreendidos por uma entidade sombria, eles são transportados para um lugar místico que acreditam ser a terra sagrada de Drova.

No entanto, durante o processo os druidas morrem, deixando o aventureiro sozinho em um ambiente que, ao contrário do que imaginava, aparenta ser amaldiçoado. Conforme progride por essa terra inóspita, o protagonista percebe que o paraíso prometido de Drova na verdade é um lugar que foi há muito tempo abandonado pelos deuses.

Ao chegar em um vilarejo quase abandonado e encontrar os remanescentes de um grupo de lenhadores, ele decide ajudá-los em tarefas em troca de dinheiro e alimentos. A partir daí, começa sua jornada para cumprir a missão que lhe foi confiada pelos druidas e compreender o que de fato aconteceu com a terra prometida.

Drova: Forsaken Kin

A campanha inicia-se com uma função de criação de personagem bastante simples, mas que ao menos permite escolher algumas características básicas, como cor e tipo do cabelo, porte físico, nome e até um item que pode dar uma ligeira vantagem nas primeiras horas do game. Não há um sistema de classes definido. Ao invés disso, o jogador pode desbloquear habilidades e pontos de atributos com treinadores espalhados pelo mundo de acordo com suas preferências.

As primeiras horas são bastante carregadas, já que é necessário concluir uma série de atividades para subir de nível e desbloquear equipamentos básicos antes de explorar de fato o mundo. Drova: Forsaken Kin pode ser considerado um jogo com uma curva de evolução bastante lenta.

Esse foi meu maior problema com o game. O sistema para subir de nível, a forma de liberar novas habilidades e até mesmo a economia, tudo parece ter sido planejado para tornar sua evolução mais arrastada. Muitas missões requerem diversas caminhadas pelo mapa, além de diálogos longos com NPCs espalhados pelas vilas, os quais se tornam mais complicados com a ausência de localização em português brasileiro.

Drova: Forsaken Kin

Para piorar, muitos dos inimigos dispostos logo nas áreas iniciais são capazes de acabar com sua barra de vida em questão de segundos, tornando a exploração para encontrar itens melhores uma tarefa árdua e, muitas vezes, desmotivante. A funcionalidade dos itens médicos básicos também atrapalha, pois a maioria deles retorna apenas uma porção da barra de vida através de um breve intervalo de tempo, ao invés de proporcionar cura imediata.

Um exemplo que evidencia bem a falta de equilíbrio no jogo é que, em determinado ponto, para progredir na história precisei escolher entre as duas facções presentes no jogo. Para estar apto para me juntar a uma delas, tive que concluir uma série de missões. Após finalmente conseguir preencher os requisitos, obtive como recompensa uma armadura teoricamente capaz de suportar mais dano e uma arma com maior poder. Porém, ao avançar para a próxima área, percebi que estava morrendo por dois golpes dos inimigos considerados básicos.

Drova: Forsaken Kin

Drova: Forsaken Kin é um jogo muito desbalanceado. Mas ainda há alguns outros problemas que afetam sua qualidade geral. Um deles é a ausência de melhores dicas para servirem de guia para os objetivos principais e secundários. Não sou daqueles que exigem que o jogo indique o caminho para tudo, mas em Drova: Forsaken Kin as dicas que ficam armazenadas no diário são muito superficiais.

O jogo até fornece boas informações sobre as missões através dos diálogos, mas peca em não registrá-las de maneira efetiva para serem consultadas posteriormente. Em se tratando de um título no qual o acúmulo de tarefas é frequente, essa ausência torna a navegação muito confusa.

Outro vacilo está na forma peculiar de evoluir o personagem. Ao subir de nível, ao invés da possibilidade de distribuir os pontos para adquirir habilidades de imediato, é necessário encontrar um treinador dentre os muitos personagens espalhados pelos mapas. Cada um deles possui sua especialização, seja ela em combate, magia ou até em criação de armas e outros itens.

Drova: Forsaken Kin

O problema, neste caso, é que você deverá encontrar e interagir com o personagem que oferece as habilidades que estão de acordo com a build que você planejou. Sendo que a maioria delas só será oferecida após concluir as missões da região e dos próprios treinadores, mais uma vez evidenciando as inúmeras barreiras colocadas para atrasar sua progressão.

Além disso, os pontos para adquirir habilidades e investir em atributos são compartilhados. As estatísticas determinam o seu nível de poder para equipar as armas, portanto, caso escolha gastar a maioria dos pontos para adquirir habilidades, sua capacidade de usar armas melhores ficará restringida.

Contudo, Drova: Forsaken Kin não é de todo ruim. O sistema de combate, apesar de não ser dos mais fluidos, possui boas variações de armas, magias e golpes especiais. O controle da estamina ao atacar, esquivar e bloquear é fundamental para evitar entrar em um estado de prostração. Da mesma forma, esgotar a barra de energia dos inimigos deixa-os vulneráveis por um breve instante para que você os ataque livremente.

Drova: Forsaken Kin

As habilidades encontradas e aprendidas podem ser alocadas em um roda para serem acessadas mais rapidamente. Para acionar um especial ou um feitiço é necessário acertar os inimigos com ataques básicos para carregar a barra de poder até atingir a quantidade necessária para a habilidade selecionada.

Os acessos aos comandos foram bem adaptados para o controle, porém a interface e os menus dos inventários são confusos, e requerem um pouco mais de tempo até que consiga compreender e localizar todas as funções.

O jogo também conta com uma grande variedade de receitas para criar poções, itens e armadilhas. Só que muitas delas devem ser compradas por um valor alto dos mercadores ou adquiridas de missões. Além disso, os materiais espalhados pelo mundo, exigidos para criar os melhores itens, são escassos.

Drova: Forsaken Kin

A maior qualidade de Drova: Forsaken Kin está em sua ambientação. A direção de arte em gráficos pixelados é bastante competente. E mesmo que não haja uma paleta de cores muito vasta, os contrastes evidenciam bem a ideia de um mundo que já foi belo, mas que hoje sofre as consequências de seu abandono pelas entidades divinas.

Os elementos da mitologia celta estão presentes a todo o momento, através da composição de cenários, diálogos e interações que podem ser realizadas para descobrir mais informações, como, por exemplo, rituais em altares espalhados pelo mundo. Explorar todos os cantos do mapa, quando possível, revela diversas possibilidades.

Outra função bastante interessante está na forma como o mundo reage às ações do jogador. Além das já citadas facções que podem afetar os rumos da história, muitos dos personagens possuem intenções suspeitas, fazendo com que você desconfie de qualquer atitude. Em Drova, uma traição pode vir de onde você menos imagina.

Drova: Forsaken Kin

As missões geralmente oferecem diferentes soluções por meio de decisões a serem tomadas com base em diálogos ou no perfil que você queira seguir. Uma maneira efetiva de conseguir mais moedas e de encontrar melhores itens, por exemplo, é furtar os pertences dos personagens. Mas vale lembrar que isso pode despertar a hostilidade até de acampamentos inteiros.

Esses elementos de RPG e a ambientação comprovam o potencial que Drova: Forsaken Kin possui de ser uma boa homenagem aos jogos do passado. É uma pena que sejam ofuscados pelos problemas de balanceamento que o jogo enfrenta. Em seu estado atual, a não ser que você esteja procurando por um RPG que demanda bastante paciência para vencer horas de uma longa campanha até atingir seus melhores momentos, é melhor evitá-lo.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Deck13.

Veredito

Drova: Forsaken Kin é um RPG em arte pixelar com algumas qualidades suficientes para prestar uma boa homenagem aos clássicos do gênero, mas que acaba atrapalhado por uma navegação confusa e pelas inúmeras barreiras colocadas para atrasar a progressão do jogador.

50

Drova: Forsaken Kin

Fabricante: Just2D

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: RPG

Distribuidora: Deck13

Lançamento: 15/10/2024

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Drova: Forsaken Kin is a pixel art RPG with enough qualities to pay good tribute to the classics of the genre, but it ends up being hampered by confusing navigation and the countless barriers placed to delay the player’s progression.