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Dread Nautical – Review

Com uma mistura de visual Halloween e RPG de turnos, a Zen Studios oferece através de Dread Nautical uma experiência de jogo com base em elementos clássicos do gênero, um combate fortemente sustentado na estratégia e um visual cartunesco levemente assustador para convidar você a passar 16 dias no cruzeiro Hope.

Dread Nautical possui forte inspiração em jogos de apocalipse zumbi como Dying Light e Dead Island muito por seus elementos tradicionais que fazem parte das mecânicas desses jogos. Apesar disso, o foco do game não é o fator terror, mas sim um forte senso de estratégia que dever ser construído pelo jogador conforme se avança pelos desafios espalhados pelos compartimentos do navio. Se organizar, recrutar aliados, administrar itens de ataque e de cura são condições essenciais para a sobrevivência nesta embarcação que foi tomada por forças sobrenaturais.

O cruzeiro Hope foi lançado a uma outra dimensão onde as pessoas presentes já estavam destinadas a passarem por uma experiência drástica como verdadeiros escolhidos das trevas. Ao serem transportados a esta outra dimensão, os passageiros são misteriosamente transformados em criaturas grotescas que vão de zumbis a outras formas mais mortais como os roladores e pegadores.

Dread Nautical

Todo o enredo de Dread Nautical é envolto de uma nebulosidade típica de jogos de mortos vivos que privilegiam a ação e contam uma história rasa que serve mais como pano de fundo de um contexto generalizado. Nesse sentido, o título da Zen Studios segue os padrões mais conhecidos e narra os eventos de forma a deixá-lo mais curioso do que ciente sobre o que está acontecendo, exigindo que você avance pelos cenários em busca de repostas mais concretas.

O visual “dark” é construído por um navio parado em alto mar com pouca luminosidade e uma atmosfera de mistério que paira no ar. Em termos gráficos, o jogo não esconde sua identidade e se assume como um indie de respeito que merece atenção pelo cuidado que recebeu da produtora. Os efeitos de luminosidade são realistas bem como as sombras e os elementos do cenário que contam com um grau de resolução interessante e agradável aos olhos que contrastam com os personagens que possuem uma arte quase infantil. Esse arranjo gráfico transparece um esforço que o estúdio teve em trazer uma jornada visual rica ao seu próprio modo. A proposta de uma realidade mais tensa é completada com a música que traz tons mais carregados de tensão, a sonoplastia que enriquece a veracidade cartunesca e a dublagem dos atores que, assim como suas aparências, soam como um desenho animado denunciando uma certa inocência para o título.

Seguindo os modelos mais tradicionais, Dread Nautical oferece de início quatro opções de personagens que não variam somente pelo sexo, mas também pelos seus atributos como vida, capacidade de carregarem itens, pontos de ação e outras condições que são necessárias para o avanço do jogo. O ponto de início é um dos decks do navio que conta com um elevador que dá acesso aos outros cômodos e é a “safe room” onde todos os upgrades podem ser realizados e os aliados recrutados. Ao todo, são 16 fases que representam os dias na embarcação e cada etapa possui um nível de dificuldade maior que o anterior que obriga o jogador a montar uma estratégia antes de sair da zona de segurança.

Tendo a estratégia como principal mecânica, o RPG conta com três dificuldades que modificam drasticamente a experiência de jogo. A dificuldade normal é a mais baixa do jogo e permite que você continue de onde parou mantendo os itens já adquiridos bem como os parceiros recrutados. É o nível de dificuldade mais equilibrado e coerente principalmente para aqueles que buscam uma partida mais fluida, mas que ainda oferece um grau de desafio.

Os níveis difícil e insano trazem uma experiência mais próxima da realidade que consequentemente exigirá mais destreza do jogador para sobreviver todos os dias da campanha. Ao morrer, você perde tudo o que já adquiriu, as pessoas que recrutou e, no modo insano, exclusivamente, todo o percurso é reiniciado voltando ao primeiro dia.

O principal objetivo do game é acionar a buzina do navio que encerra o dia e faz com que o estágio termine, mas para chegar até este ponto do navio, será necessário enfrentar um grande número de inimigos dos mais variados níveis que serão um empecilho para alcançar o objetivo.

Para sobreviver, o jogador tem à disposição, além do perfil do personagem, uma famosa seleção de armas típicas de jogos de zumbi como canos de metal, facas de arremesso, tanques explosivos, coquetéis molotovs e armas de fogo que incluem versões mais poderosas e com muito estilo como a Magnum dourada.

Formar a estratégia mais adequada vai depender dos itens que você monta previamente, das parcerias com outros sobreviventes e com um pouco de sorte. Cada fase tem um objetivo específico que deve ser cumprido e outras tarefas adicionais como encontrar alguns itens e falar com pessoas diferentes. Entretanto, se o jogador morre, o cenário inteiro é remodelado fazendo com que os objetivos tenham que ser pensados de uma forma nova fazendo com que o novo local possa estar mais a seu favor ou vice-versa. Ter um plano em mente é fundamental, mas ao reiniciar a fase, outra estratégia deverá ser usada.

Durante a exploração, o personagem se movimenta em um “trilho” pré-determinado pelo jogador que aponta a direção a seguir e o espaço do navio a ser vasculhado em busca de suprimentos.  Todo o mapa do navio é divido em quadrados que se assemelham a um jogo de RPG de mesa que sofre alteração nos comandos quando se entra em zona de batalha.

Ao estar de frente com uma das criaturas do game, a ação passar a ser definida por APs (Action Points) que é delimitado pelo nível de cada personagem e permite avançar os passos para preparar o ataque, consumir itens e atacar, seja com os punhos ou com as armas encontradas. Ao utilizar todos APs, o turno se encerra e passa a vez ao inimigo ou personagem de suporte. As batalhas acontecem em turnos e um movimento de contra-ataque pode ser acionado em tempo real permitindo a esquiva e consequentemente maior chance de sobrevivência.

Uma bagagem de itens bem escolhidos aumenta consideravelmente o sucesso nas batalhas, mas em Dread Nautica é a união entre as forças dos sobreviventes que permitirá avanço nas fases fazendo com que atributos e as condições de cada personagem de suporte sejam necessários para passar por situações mais complicadas. No entanto, a essência básica da sobrevivência do jogo é também seu aspecto mais mal trabalhado uma vez que os suportes paras as lutas não funcionam de forma inteligente e, na maioria dos casos, mais atrapalham do que ajudam.

Ao encontrar com os outros passageiros que não foram transformados em criaturas bizarras, a maioria relata acontecimentos de suas vidas particulares e também alguns fatos sobre a história e o próprio navio. Se um inimigo entra em combate no mesmo ambiente que o personagem de suporte, ele poderá contribuir para derrotar as forças malignas mais rapidamente, mas na maior parte das vezes, ficarão correndo pela sala onde se encontram fugindo da batalha e andando em círculos sem atender o objetivo de destruir o inimigo. A situação se agrava se seu personagem alcançar outro cômodo do navio ainda estando em luta, pois neste caso, a ajuda nunca chegará até o ponto onde você se encontra deixando os turnos mais longos que o habitual.

Toda essa essência de sobrevivência pelos grupos de sobreviventes é posta à prova com uma lista variada de criaturas inimigas que variam em subtipos como os zumbis runner e as versões mais fortalecidas de uma determinada criatura. Elas aparecem em maior quantidade e maior força conforme o progresso do jogo, incluindo uma organização que pode afetar a progressão logo no início de uma fase. É possível afirmar que, com uma certa escassez de suprimentos e um sistema de batalhas falho, chegar aos últimos dias da viagem do cruzeiro Hope será uma tarefa de paciência e insistência que somente os mais aficionados pelo estilo de jogo terão a satisfação em cumprir.

A narrativa se revela lentamente conforme os estágios são vencidos, mas não se configura como um enredo rico e detalhista e serve como uma justificativa simplista para os acontecimentos, mantendo as raízes de um jogo que serve a objetivos definidos que é ação com base em estratégia.

No que diz respeito à diversão e ao fator replay, Dread Nautical se mostra divertido e equilibrado no começo, porém perde a graça com algumas horas de jogo caindo na repetição pelo fato de não apresentar muitos avanços perceptíveis limitando-se apenas ao aumento gradativo de dificuldade aliados aos elementos de jogos de zumbi. Apesar de disponível para diversas plataformas, esse sombrio caso náutico serve mais como um jogo mobile para uma distração descompromissada.

Winz.io

Veredito

Dread Nautical apresenta uma boa união entre técnica visual e elementos clássicos de jogos de zumbi garantindo boa diversão por algumas horas. As dinâmicas das lutas e a elaboração de estratégias eficientes são os pontos fortes do jogo que se destacam para um título indie. Entretanto, os repetidos esquemas e o pouco avanço na construção da história fazem de Dread Nautical um título muito simples. Se você procura um jogo mais envolvente, imersivo ou busca experiências mais completas, os grandes títulos sobre apocalipse zumbi disponíveis podem ser uma escolha melhor.

55

Dread Nautical

Fabricante: Zen Studios

Plataforma: PS4

Gênero: Ação / Aventura / RPG

Distribuidora: Zen Studios

Lançamento: 29/04/2020

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (não inclui Platina)

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Veredict

Dread Nautical is a good combination between visual techniques and zombie game elements providing fun for a few hours. The dynamic fighting and strategy are the highlights of this indie game. However, the level repetition and the lack of storytelling makes Dread Nautical a reasonable title. If you are looking for a more immersive game or complete packages, the genre’s main titles can be a better choice.


Renan Gaudencio Vale
Renan Gaudencio Vale
Linguista, publicitário professor, tradutor nas horas vagas e acima de tudo um gamer dedicado. Como fã da cultura pop e geek, acredito que os jogos eletrônicos sejam mais que diversão e sim uma representação muito particular no mundo. Jogador há quase 30 anos, entendo o vídeo game como uma experiência única que envolve narrativas profundas, personagens encantadores e um ligação pessoal que constrói um elo único com a emoção. Aprecio os grandes títulos e franquias famosas, mas nos últimos tempos, tenho me dedicado aos jogos indies com muito entusiasmo.