Dragon’s Dogma foi um título lançado em 2012 para o PlayStation 3. Trata-se de um RPG que mescla diversos elementos de ação e aventura produzido por membros da Capcom que trabalharam anteriormente em séries como Resident Evil, Devil May Cry e Breath of Fire: Hideaki Itsuno (DMC 2, 3, 4), Hiroyuki Kobayashi (RE4 e Killer7) e Makoto Ikehara (Breath of Fire).
Agora, em 2013, Dragon’s Dogma: Dark Arisen foi lançado. Porém, não é uma sequência. É o mesmo jogo, com conteúdos disponibilizados para o título original, e uma área completamente nova. A Capcom justificou essa atitude (de lançar como um jogo novo) dizendo que Dragon’s Dogma não teria suporte em receber o conteúdo. O preço desta versão, que portanto inclui Dragon’s Dogma e o conteúdo extra, é menor do que um lançamento normal: custa 39,99 dólares lá fora. É exatamente o mesmo tratamento que Street Fighter IV recebeu, quando Super Street Fighter IV foi lançado.
Dado esses fatos, separamos a análise em dois tópicos: um que explica e detalha Dragon’s Dogma (já que não analisamos o original) e outro que explica o que Dark Arisen adiciona.
Dragon’s Dogma
Dragon’s Dogma começa com um guerreiro desconhecido se aventurando por um desfiladeiro, sendo desafiado por um dragão e que eventualmente chega a um templo. Após lutar com uma Chimera, a história é cortada e nos leva a diversos anos no futuro. Neste novo período, um dragão surge novamente – o que significa que é o fim dos dias. Dragões surgem sem aviso prévio.
O dragão em questão chega ao pequeno vilarejo de Cassardis e começa a destruí-lo completamente. O jogador se aproxima do dragão e é nocauteado. O grande ser alado arranca o coração do jogador, dizendo que ele é o “escolhido”. Com esse fato, o herói agora é conhecido como “Arisen” e seu destino é achar e matar o dragão que roubou seu coração. Arisen parte em sua jornada e uma das primeiras paradas será a capital, Gran Soren.
Logo no início, você poderá customizar completamente seu personagem. Há inúmeras opções – seu rosto, formato da cabeça, estrutura física, voz, sexo, etc. Se você é do tipo que gosta de customizar as coisas, passará um bom tempo aqui. Depois, precisará escolher a sua classe (“vocação”): Fighter, Warrior, Mystic Knight, Strider, Ranger, Assassin, Mage, Sorcerer e Magic Archer (nem todas estão disponíveis inicialmente). Cada classe possui suas características únicas e, mais tarde no jogo, é possível mudar sua vocação. Portanto não é algo “definitivo”.
Mas algo que Dragon’s Dogma possui de diferente é o sistema de “Pawn”. Pawns são guerreiros que seguem o Arisen cegamente e não são “humanos”, apesar de parecerem ser. O que isso afeta no gameplay? Serão IAs que seguem o jogador aonde ele for e ajudando sempre que necessário. Um Pawn será o seu principal, que você pode customizar. Os outros dois podem ser escolhidos de duas maneiras: gerados aleatoriamente pelo jogo ou online – que seriam Pawns principais de outros jogadores que enviaram ao servidor quando foram dormir em um hotel do game. Em outras palavras, o seu Pawn pode ir a outras sessões e evoluir sem ser somente com você, assim como você pode escolher um Pawn de outro jogador para auxiliá-lo.
Pawns podem ser comandados com o D-Pad e com palavras como “Go”, “Help” ou “Come”. A classe dos Pawns também é algo importante – você precisa balancear esse aspecto. Um que saiba curar, como Mage ou Sorcerer, é indispensável. Os Pawns também conversam com o jogador o tempo todo, informando sobre o mundo ao seu redor – mas vale ressaltar que o Arisen é mudo.
O gameplay de Dragon’s Dogma é excelente. Os comandos são simples: pulo, ataque fraco, ataque forte, defesa, etc. Mas uma das atrações é o sistema de “agarrar” nos inimigos maiores. É possível escalar praticamente qualquer inimigo grande – bem à lá Shadow of the Colossus. Ainda sobre o gameplay, única crítica é a falta de um sistema de lock-on. Mesmo sendo relativamente fácil atacar onde você deseja, um lock-on (principalmente em inimigos pequenos) poderia ajudar. Mas sim, muita coisa teria que ser repensada com uma característica dessas, principalmente nos inimigos maiores.
O mundo de Dragon’s Dogma é gigantesco e muito bonito. Você passará horas andando por toda a região, admirando sua beleza. É inevitável comparações com Monster Hunter e The Elder Scrolls, principalmente com este último: o sistema de quests é muito parecido (incluindo sub-quests) e até os Pawns, mesmo sendo diferentes, lembram um pouco a ideia de parceiros de Skyrim.
Um problema neste mundo gigantesco de Dragon’s Dogma é o frame rate (taxa de quadros por segundo). No mundo aberto não há problema, assim como nas cavernas/dungeons, mas nas cidades, onde há diversos NPCs, há uma queda brusca. É até compreensível, se levarmos em conta que todos personagens que você conversar possuem dublagem.
Dragon’s Dogma possui vários outros elementos conhecidos dos RPGs/aventura: sistema de dia e noite, sistema de stamina que lembra Demon’s/Dark Souls (mas DD é bem mais amigável nesse quesito, funciona mais como um motivo para você não correr tanto), inúmeros itens (você pode mesclá-los) e equipamentos (com lojas para comprá-los), muito “loot” (seus Pawns inclusive ajudam com isso), evolução de nível (tanto você, quanto seus Pawns, e até mesmo há uma evolução na sua vocação/classe, o que incentiva você a testar as outras) e a forma que o jogo progride ser totalmente baseado nas quests e sub-quests (encontre ela, faça o que se pede, ganhe XP/dinheiro, e encontre a próxima).
Dragon’s Dogma é fácil de ser jogado, mas se achar difícil, uma atualização (que está inclusa em Dark Arisen) pode deixar o jogo mais fácil, ou até mesmo mais difícil. O sistema de Pawns deve ser bem explorado para facilitar sua vida. Além disso, se perder algum tutorial, você sempre pode rever todas as conversas e avanços da história na opção “Chronicle” do menu de pause.
Dragon’s Dogma leva cerca de 40 a 50 horas para ter sua história principal finalizada, e mais outras inúmeras para completar todas as side-quests. Em outras palavras, espere por mais de 100 horas para finalizar o jogo 100% em sua primeira vez.
Dragon’s Dogma: Dark Arisen
Como dito no início desta análise, Dragon’s Dogma recebeu uma atualização neste ano chamada Dark Arisen.
A principal novidade é a ilha conhecida como “Bitterblack Island”, que é localizada fora de Gransys. Os jogadores precisam enfrentar inimigos e descobrir tesouros lá.
Quem tem o save do jogo original, recebe 100.000 Rift Crystals, Ferrystones ilimitadas e o Gransys Armour Pack (que contém seis novas armaduras de graça). Você pode transferir o seu save e usá-lo em Dark Arisen, para aproveitar diretamente o novo conteúdo. Porém, não baixe o patch de versão 1.01 (no momento desta análise, ainda não havia sido lançado o de 1.02). Seu save pode ficar corrompido e você perderá todo o seu progresso. A única desvantagem de jogar offline é que seu Pawn principal não poderá viajar para outras sessões e você não terá acesso aos Pawns de outros jogadores.
De qualquer forma, você pode aproveitar a jornada original de Dragon’s Dogma inteira, além do conteúdo extra.
Dark Arisen possui 25 novos inimigos, novas skills para cada classe de personagem (o que gera por sua vez novas habilidades a serem masterizadas), 100 novos pedaços de equipamento, novos sets de armas e armaduras, mais opções de customização e até mesmo a opção de escolher a dublagem japonesa.
Para quem gostou de Dragon’s Dogma, o conteúdo extra de Dark Arisen vale muito a pena ser conferido, mas infelizmente não justifica a compra de um novo jogo “só” para isso – exceto, é claro, se você se tornou fã do primeiro e está sedento por novidades. Por outro lado, se não jogou Dragon’s Dogma, esta é a sua chance: Dragon’s Dogma: Dark Arisen é o pacote definitivo.
— Resumo —
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Customização
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Mundo massivo com quests variadas
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Trilha sonora
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Gameplay
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Conteúdo extra de Dark Arisen
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Frame rate em determinadas áreas
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Fiasco com o patch 1.01/perda de save (ponto negativo provisório)
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Lançamento confuso de Dark Arisen
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Conteúdo extra de Dark Arisen não justifica um jogo novo
Jogo analisado com código fornecido pela Capcom. Imagens: divulgação / tiradas através do próprio jogo.