Dragon Ball é um dos nomes mais importantes e conhecido da cultura pop. Tendo sua história adaptada em diversas mídias e nos mais variados gêneros de games, é inegável que uma das franquias mais amada pelos fãs vem a ser Budokai Tenkaichi. Sendo um game do gênero figthning arena, ele se destacou por proporcionar uma alta quantidade de personagens, batalhas dinâmicas junto de uma gameplay relativamente simples, mas que exigia uma certa dedicação para ser masterizada. Pouco mais de 15 anos depois, a série volta para os consoles da atual geração com Sparking! Zero, mas será que o game faz jus ao seu legado?
Depois de tantos anos sem jogar Budokai Tenkaichi 3, é natural começar o game falando da base de qualquer jogo do gênero: seu tutorial. Sparking! Zero conta com duas opções de treino – Treinamento de Batalha, onde estão todos os tutoriais e o Treinamento em que praticamos os fundamentos tendo a opção de definir estratégias para a CPU. Infelizmente a interface dos tutoriais é péssima. Primeiramente o tutorial é divido nas categorias iniciante, intermediário e avançado. Dentro de cada categoria há um conjunto de movimentos e dentro deles seus respectivos tutorias. Entretanto, diferente do que vemos no modo treino de Dragon Ball FighterZ, em que você vai treinando cada movimento e passando para o próximo sem mudar a tela, aqui, após treinar um golpe, precisamos voltar para a tela de seleção de tutorias e selecionar o próximo. É pouco intuitivo e cansativo ter que fazer isso para cada um deles.
Felizmente os comandos do game são bem simples e fáceis de se adaptar. Um outro ponto positivo fica por conta das opções de controle. Logo de cara podemos optar entre o controle clássico, para veteranos de Budokai Tenkaichi 3, ou o padrão, mais atualizado e, na minha opinião, mais simples para realizar trocas e transformações.
Se você já está familiarizado com a série, terá pouca dificuldade em se adaptar a gameplay. Todos os bonecos contam com duas técnicas, duas habilidades especiais e um golpe supremo que só pode ser executado ao entrar no modo Sparking. As técnicas são bem interessantes e algumas ajudam a virar o rumo das lutas, por exemplo, usar a técnica Potência ao Limite do Gohan Ultimate permite que ele encha todas suas barras de Ki e automaticamente entre no modo Sparking. Vale a pena ressaltar que para saber o que cada técnica faz é necessário entrar em batalha e acessar a opção Explicação dos Controles dentro do menu, algo também pouco intuitivo. Essas informações poderiam estar presentes na tela de seleção de personagem no apertar de um botão.
Ainda sobre a gameplay, alguns personagens contam com transformações e você poderá decidir se quer iniciar batalha com eles já transformados. Começar com o Goku base e transformar em Goku Blue durante a luta é muito mais vantajoso do que já iniciar a luta em sua forma Blue, afetando diretamente seus pontos de vida. Isso também é válido para as Batalhas de PD, onde teremos uma quantidade de pontos disponíveis e cada personagem terá um custo para ser escolhido. Um Super Saiyajin Deus terá um custo maior que um Vegeta base. Voltando às opções de controle, optar por fazer uso da versão padrão permite realizar as transformações ao apertar o D-pad e o botão correspondente a forma que deseja. Também vale a pena destacar que para realizar as transformações, trocas e entrar no modo Sparking é necessário ter pontos de técnica que são gerados através do carregamento de uma barra durante a luta.
Sparking! Zero conta com vários modos que prometem agradar aos mais diferentes jogadores. Em Batalha de Episódio temos o modo história do game. Nele poderemos escolher entre oito personagens – Goku, Vegeta, Piccolo, Gohan, Frieza, Trunks do Futuro e Goku Black – e reviver as lutas mais importantes de cada um deles pelos vários arcos de Dragon Ball Z e Super iniciando com a Saga dos Saiyajins até o Torneio do Poder. Com isso, é natural que algumas campanhas sejam mais longas do que outras. O diferencial desse modo está na possibilidades de gerar os What If’s. Em momentos chaves da história teremos a possibilidade de tomar outras decisões afetando, assim, o curso da narrativa que já conhecemos. Recusar a ajuda de Piccolo para enfrentar Raditz faz com que outros bonecos nos acompanhem e conseguir derrotá-lo rapidamente desencadeia novos eventos no qual Goku segue vivo e a saga Frieza acaba se passando na Terra. Outras decisões apresentam um impacto menor, apenas encerrando um arco mais rapidamente, como no caso de derrotarmos Dabura com Gohan, dessa maneira impedindo o retorno de Majin Buu e finalizando sua saga.
Infelizmente nem sempre as condições para liberar um What If ficam claras. Muitas delas envolvem derrotar alguns inimigos rapidamente, mas em momento algum temos um timer na tela, algo que seria um tanto útil, apenas o símbolo de tempo infinito. Cheguei a repetir algumas lutas diversas vezes focando em reduzir meu tempo e ainda assim não foi o suficiente para ver sua outra vertente.
Para acessar as batalhas do modo história temos um grande mapa que indica os momentos em que novas rotas podem surgir, mas é um tanto lento selecionar as lutas nele. Vale mencionar que há alguns espaços vagos que representam as lutas de outros personagens – ao jogar com Goku terá os espaços de luta de Vegeta, entre outros – e que contem um pequeno resumo dos eventos ocorridos. Como já dito, se locomover pelo mapa é cansativo, mas há uma opção com R2 que tenta deixar o acesso um pouco mais simples. Ainda assim seria mais interessante manter um modo história sem a seleção de personagem, dessa maneira unificando o mapa e mantendo todas as lutas lá. Isso deixaria até a maneira como a história é contada mais interessante, pois ao focar nas lutas de cada boneco, só vemos pequenos fragmentos dos eventos. Não que a história seja algo primordial para esse game, mas caso alguém pense em jogar visando conhecer a narrativa de Dragon Ball, seria mais interessante assistir o anime, ler o mangá ou dar uma chance para Kakarot.
Temos também a Batalha Personalizada, um modo que promete estender a vida útil do game e elevar seu fator replay. Nela podemos criar as mais variadas lutas sendo possível editar os personagens que irão participar, entradas, encerramentos, texto, diálogos, música, gestos e condições de vitória. É uma gama de opções em que os jogadores poderão usar toda sua criatividade. Após criar sua batalha, é necessário testá-la provando que é possível vencer e em seguida poderemos compartilhar com outros jogadores. Dentro do modo há também as Batalhas Adicionais criadas pela própria Bandai que se mostram desafiadoras.
Outros modos disponíveis em Sparking! Zero são as batalhas online – que infelizmente não conseguimos testar para essa review – , incluindo a opção de partidas casuais e rankeadas, e offline podendo criar times de até cinco personagens e lutar contra a CPU ou contra um segundo jogador no bom e velho estilo de tela divida. Para o modo local há apenas um mapa disponível, mas isso não diminui a diversão dos duelos. Por último, há os já conhecidos torneios mundiais que também podem ser jogados online e offline. O jogador tem à sua disposição seis tipos de torneio já pré configurados, cada um com sua especificidade, mas também pode criar um do zero com sua próprias regras. Com exceção dos Torneios dos Destruidores e do Poder, todos os outros são bem rápidos.
Praticamente tudo o que fazemos no game gera alguma recompensa e na tela de Desafios e Missões é possível acessar as Orden de Zen-Oh e os Desejos do Whis, ambos uma coletânea de objetivos que quando cumpridos nos recompensam com esferas do dragão, dinheiro e cosméticos para personalizar nosso cartão de jogador. Já visitar a ilha de mestre Kame nos permitirá acessar a loja e o menu de personalização. Nesta primeira encontraremos itens de habilidades, personagens – eles são desbloqueados ao jogar o modo história e os torneios, mas há a opção de compra -, trajes, conjunto de falas, músicas, estratégias para CPU e planos de fundos. Já na segunda, poderemos personalizar cada um dos bonecos desbloqueados equipando cápsulas com as mais variadas habilidades: algumas podem melhorar pontos de vida e dano causado por golpes especiais, enquanto outras podem diminuir o custo de alguma habilidade, entre outras. Importante ressaltar que essas personalizações não são aplicadas aos personagens no modo história.
Mesmo com toda essa gama de opções, Sparking! Zero deixa a desejar. É nítido que há uma grande diferença entre a IA do modo história comparado com os outros modos disponíveis. Uma das novidades do game está na quantidade de contra ataques que podemos executar, entretanto, enfrentar a CPU durante a campanha principal, muitas vezes chega a ser frustrante. Isso porque ela consegue prever quase todos os seus movimentos, sabendo a hora certa de bloquear, contra atacar e iniciar um combo pelas costas. O único contra ataque que te permite fugir deste combo é, também, o mais difícil de ser executado exigindo um alto conhecimento de cada boneco uma vez que cada um tem uma velocidade de ataque diferente. É natural que alguns personagens tendem a ser mais desbalanceados que outros, mas a sensação constante é de que estamos o tempo todo enfrentando a CPU no mais alto grau de dificuldade. E isso se torna ainda mais evidente nas lutas memoráveis de Dragon Ball, seja jogando com os heróis ou com os vilões. Ainda assim para um fighting arena cujo foco está na diversão, ficar preso em uma luta por conta disso pode ser desanimador. Essa diferença é ainda mais perceptível ao selecionar os outros modos cuja dificuldade é muito mais balanceada, permitindo escolher entre Fácil, Normal, Forte e Super.
Os combates são rápidos, possivelmente duas vezes mais do que visto nos games anteriores, portanto a janela de resposta é muito curta. Somado a isso o sistema de combos passou por pequenas mudanças, sutis, mas que estão lá. Executar os golpes seja no modo treino ou nos torneios é extremamente divertido, o problema, como já mencionado, está no modo história. As arenas estão ainda maiores e cada luta é uma verdadeira destruição em massa. Uma menção honrosa para a arena do torneio de artes marciais que apresenta uma das interações mais bacanas do game e que para não estragar a surpresa, deixarei de comentar. Em contrapartida, o excesso de destruição, as vezes, pode atrapalhar dificultando localizar seu oponente ou travando seu boneco na parede em um ângulo incômodo e difícil de sair.
Na parte visual o game brilha, trazendo gráficos belíssimos e efeitos de partículas que enchem os olhos. Já no aspecto sonoro a trilha é completamente esquecível sendo, ao meu ver, a pior de todos os Budokai Tenkaichi. Ainda sobre os aspectos visuais, tive a impressão de que faltou um pouco mais de “tempero” nos golpes supremos. Serie interessante ver algumas variações dependendo da composição da equipe ou do inimigo, mas isso pode ser algo que FighterZ me deixou mal acostumada.
Dragon Ball: Sparking! Zero tenta reviver os dias de glória da série Budokai Tenakichi, mas o gosto final é um tanto agridoce. Ele é, de fato, uma bela homenagem à franquia, ainda mais considerando os eventos ocorridos neste ano, mas que deixa escapar a essência do que fez Budokai Tennkaichi ser tão amado. Um game que pode agradar uma parte dos fãs, mas que está longe de ser tão incrível quanto seus antecessores.
Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Bandai Namco.
Veredito
Dragon Ball Sparking! Zero marca o retorno da série de fighting arena e, infelizmente, fica à sombra de seus antecessores. A essência das batalhas de Dragon Ball se faz presente, mas os problemas com um modo história fraco e, em algumas lutas, um tanto desbalanceado perde um pouco da magia. Sua interface poluída e pouco intuitiva também deixa a desejar, além de uma trilha sonora esquecível. Um bom fighting arena que promete boas horas de diversão com amigos, mas que carece do brilho que fez Budokai Tenkaichi ser o sucesso que é.
Dragon Ball: Sparking! Zero
Fabricante: Spike Chunsoft
Plataforma: PS5
Gênero: Luta / Ação
Distribuidora: Bandai Namco
Lançamento: 11/10/2024
Dublado: Não
Legendado: Sim
Troféus: Sim (inclusive Platina)
Veredict
Dragon Ball Sparking! Zero marks the return of the arena fighting series and, unfortunately, it remains in the shadow of its predecessors. The essence of Dragon Ball battles is present, but the problems with a weak and, in some fights, somewhat unbalanced story mode lose some of the magic. Its cluttered and unintuitive interface also leaves something to be desired, in addition to a forgettable soundtrack. A good arena fighting game that promises hours of fun with friends, but lacks the shine that made Budokai Tenkaichi the success that it is.