Dragon Age II é um action-RPG medieval da consagrada BioWare, sequência do aclamado Dragon Age: Origins, que coloca o jogador em um mundo de fantasia no estilo “O Senhor dos Anéis”, com direito a anões, elfos, criaturas mágicas e até guerreiros monstruosos que tentam destruir a tudo e a todos.
Dragon Age II narra a história de Hawke, um refugiado de Lothering que consegue chegar ao status de Campeão de Kirkwall. Um fato interessante em Dragon Age II é que é uma história dentro de outra história. No começo do jogo uma cutscene mostra Varric, uma das companhias de Hawke, sendo capturado pela Chantry e interregado por Cassandra Pentaghast.
O que leva Cassandra a interrogar Varric é a busca pela verdadeira história por trás da subida de Hawke ao poder e por acreditar que o/a tal é a chave para o fim da guerra, com o jogador escolhendo o caminho do Campeão de Kirkwall ao longo da história contada por Varric. Cada ato do jogo foca em um momento crucial da história do Campeão, avançando alguns anos entre cada um desses atos.
O jogo desenvolve a história aos poucos e vai mostrando ao jogador como o mundo chegou a esse ponto crítico e quais as causas dos acontecimentos, sem lhe dar um objetivo principal logo de cara. Hawke é apenas guiado pela vida. Seja destino ou chance, o mundo balançou perante ele/ela.
Para alguns jogadores interessados na história do jogo e preocupados em ficarem perdidos por não terem jogado o anterior, não se preocupem, o jogo não necessita o conhecimento dos acontecimentos do primeiro game. A história se passa em paralelo ao Origins e pode predeterminar alguns acontecimentos antes de começar o game. O jogo ainda conta com um Codex que pode esclarecer qualquer dúvida ou dar informações sobre personagens, oponentes, locais e até mesmo alguns detalhes de personagens de DAO que aparecem no II. Você pode importar o save de Dragon Age: Origins – essa opção não altera fatos cruciais durante o jogo, só algumas opções de diálogo ao encontrar personagens do antecessor e a abertura de algumas side quests.
A progressão em DAII ocorre de maneira bem livre, podendo o jogador escolher quando e como fazer as quests, vários lugares para visitar e diferentes caminhos a seguir baseado nas decisões morais. No nível normal, um jogador pode levar até 60h ou mais para completar o jogo e todas as suas side/companions/secondary quests, não sendo obrigatório completá-las e podendo fazer só as main quests, tornando a jornada dinâmica e diferente a cada nova playthrough.
O final do jogo já é definido. Se aliando com os templários ou com os magos, você terá que enfrentar Orsino e Meredith, podendo estar desfalcado de um ou mais aliados ao chegar ao final dependendo das suas escolhas e relação com os mesmos.
Diferente de seu antecessor, o combate de Dragon Age II é mais rápido, dinâmico e simples. Se antes a tática era obrigatória para progredir bem no game mesmo no nível normal, agora o jogador pode se preocupar menos com os companheiros e partir mais pra pancadaria no mesmo nível. O jogo passa a ter um grande apelo pela tática em níveis de dificuldade maiores, mostrando toda a complexidade do game, usar diferentes itens que podem acrescentar bônus em danos ou proteção em armas e armaduras, se adequando a estratégia do jogador. Poder alterar as funções e o modo de agir de cada personagem, pausar a batalha com o L2 para abrir um menu em que você pode usar poções, venenos, magias e abilidades, distribuir comandos e gerar estratégias de forma descomplicada.
Também é interessante ver as motivações de seus companheiros, o relacionamento com você e com os outros aliados. Fenris por exemplo é um elfo que foi feito escravo durante boa parte de sua vida por magos, tendo como consequência o desprezo pelos magos do seu time, abrindo cutscenes do nada apenas para “atacá-los”, também podendo perder pontos com ele dando suporte a magos durante alguma quests. Na última quest do jogo, caso você decida dar suporte aos magos, precisará de uma amizade ou rivalidade forte com ele para que lute ao seu lado.
A trilha sonora de DAII foi muito bem feita, conta com músicas típicas de eras medievais. Quem já escutou a trilha de filmes como “Gladiador” (de Ridley Scott, com Russell Crowe no papel principal) e “Rei Arthur” (de Antoine Fuqua, com Clive Owen interpretando Arthur) deve ter uma idéia de como elas são. A trilha é bonita e apropriada para a temática do jogo, também contando com a ótima música “I´m Not Calling You a Liar” da banda Florence and The Machine.
Os gráficos não fazem feio e apresentam belos cenários, principalmente em paisagens como The Wounded Coast, com um horizonte que merece ser olhado com maior carinho. A cidade é bem arquitetada e o ambiente casa bem com o que o local propõe ser.
Mas existem alguns detalhes em DAII que o impedem de chegar a um patamar maior. Um dos maiores defeitos do jogo é a reutilização de cenários. Várias vezes você terá um momento de déjà vu ao entrar em uma caverna ou uma casa em uma missão, com inimigos aparecendo nos mesmo locais, as vezes apenas diferenciando de uma porta aberta aqui e uma fechada ali. Também nos deparamos com quedas de frame rate no início de batalhas contra grandes quantidades de inimigos, por exemplo. A limitação da cidade de Kirkwall também pode incomodar alguns fãs antigos que estavam acostumados com um mundo maior. As personagens também poderiam expressar melhor suas emoções, existem alguns momentos que a perda de um ente querido não parece tão dolorosa assim pela expressão facial.
O jogo já conta com alguns DLCs, entre eles o “The Black Emporium” (que vem com todas as cópias novas de Dragon Age II), que oferece itens poderosos e um wardog que pode ser chamado a qualquer momento pelo jogador e um pack de itens para cada classe. Há também o “The Exiled Prince” que traz um novo aliado e missões específicas para o mesmo e o futuro “Legacy”, que mostra mais sobre as origens de Hawke.
Com um enredo bem feito e empolgante, um bom sistema de combate, decisões morais impactantes e com companheiros carismáticos que fazem você se aprofundar na história do jogo, DAII ganhou mais ação e ficou mais dinâmico que seu antecessor. Alguns jogadores poderão ficar desapontados com a limitação de Kirkwall e a reciclagem de cenários, mas isso não tira o brilho do jogo. Dragon Age II também parece um prólogo de algo muito maior que está por vir no futuro da série. No mais, o jogo é sensacional e é altamente recomendado.