Se com DiRT Rally, lançado em 2016, a Codemasters conseguiu resgatar a parcela do público carente por jogos puristas de rally, com DiRT 4 ela foi além: conseguiu manter o interesse dos jogadores ávidos por simuladores, ao mesmo tempo em que atraiu novamente aqueles que buscam uma experiência mais casual, porém, igualmente divertida, como a encontrada nos jogos anteriores da série, especialmente em DiRT 3, lançado no remoto ano de 2011.
Para conseguir tal feito, a Codemasters fez algo simples, intuitivo e óbvio — dividiu o jogo em dois modos de jogabilidade: Gamer e Simulation. A diferença básica e mais perceptível entre as duas configurações é a aderência do carro à pista. Na primeira, é pouco provável que o jogador perca o controle do carro, mesmo que esteja guiando em uma superfície pouco aderente, como a neve, por exemplo. Já na segunda, há uma grande exigência da parte do jogador quanto à direção do veículo, mesmo correndo em pistas de asfalto. De qualquer forma, em ambos os casos é possível fazer mais ajustes na jogabilidade, aumentando ou diminuindo as assistências, como controle de estabilidade e tração, ABS, entre outras.
Juntamente à nova jogabilidade, alguns modos de jogo também são responsáveis por dar a DiRT 4 um ar mais casual. Um deles é o Joyride, no qual se guia um carro por uma área fechada cumprindo objetivos, como completar um traçado delimitado por cones, contêineres e demais obstáculos; ou ainda destruir a maior quantidade possível de blocos de isopor em um tempo pré-determinado. Além disso, há o retorno do modo Landrush, ausente na série desde DiRT 3, com a opção de guiar buggys e picapes em pistas com muita terra e lama.
DiRT 4 conta também com o campeonato oficial de Rallycross. Infelizmente, nem todas as etapas do calendário estão presentes. Mesmo assim, as diferentes locações e variações de layout garantem diversão suficiente.
Mas o ponto alto do jogo encontra-se nos eventos de rally. As pistas dividem-se por cinco localizações ao redor do globo: Estados Unidos, Austrália, Suécia, País de Gales e Espanha. Em um primeiro momento, a quantidade de locais disponíveis pode até não parecer grande, mas a variação geográfica de um país para o outro garante diversidade suficiente para agradar a todos os gostos, seja com neve, asfalto, lama ou terra seca e muito pó.
Em contrapartida, não há mais o modo Hillclimb, presente em DiRT Rally. Com isso, Pikes Peak infelizmente ficou de fora em DiRT 4, o que é uma grande perda.
Mas a maior novidade, e sem sombra de dúvidas o grande gamechanger de DiRT 4, é o seu criador de pistas. Com poucos comandos, é possível escolher entre a distância e a complexidade, e o jogo aleatoriamente gera um traçado único. Ao correr por essas pistas, a sensação de estar de fato participando de um evento de rally, sem saber o que o espera na próxima curva, tendo que se basear unicamente nos comandos dados pelo(a) copiloto, é algo único. E como cada traçado criado é diferente do anterior, torna-se impossível memorizar as pistas, dando maior autenticidade e realismo ao jogo, transmitindo a sensação que pilotos reais têm ao encararem curvas desconhecidas, já que é justamente esse o grande diferencial do rally em relação às outras categorias de automobilismo.
Todavia, tal imersão pode apresentar certa dificuldade para o público brasileiro em geral, já que o jogo não apresenta a opção de áudio e textos em português. Portanto, recomenda-se que o jogador tenha conhecimentos básicos em inglês — ou algum dos outros idiomas disponíveis —, pelo menos o suficiente para compreender a direção e a intensidade das curvas, já que desviar os olhos da pista para olhar os gráficos no topo da tela pode não ser a melhor estratégia para vencer, mas sim um atalho para abraçar alguma árvore.
A física de danos é uma das principais marcas registradas dos jogos da Codemasters. E em DiRT 4 houve considerável progresso com relação à DiRT Rally. Não tanto no que concerne à parte estética dos estragos infligidos à carroceria dos veículos, mas especialmente aos danos mecânicos. É possível parar o carro e efetuar os consertos durante a corrida, seja para uma troca de pneus por conta de um furo, ou para colocar água no radiador por causa de superaquecimento.
A lista de carros é bastante generosa e abrange veículos de várias épocas, desde clássicos como Audi Quattro, Subaru Impreza de 1995, Mitsubishi Lancer Evolution VI, até os carros atualmente utilizados no mundial de Rallycross, como Ford Fiesta, Volkswagen Polo, Citroën DS 3, entre dezenas de outros, com os mais variados tamanhos de motor e tipos de tração.
O modo carreira também foi incrementado. Nele, deve-se criar uma equipe, contratar engenheiros, conseguir patrocinadores, comprar os veículos, além de arcar com os gastos em decorrência de danos ocasionados por batidas durante as corridas. Os eventos dividem-se em quatro categorias: Rally, Landrush, Rallycross e Rally histórico.
Todos os modos de jogo presentes no modo carreira também podem ser aproveitados no multiplayer, o que também inclui os populares eventos diários, semanais e mensais que tanto agradaram os jogadores em DiRT Rally. A total ausência de multiplayer local, todavia, não pode deixar de ser mais uma vez lamentada, especialmente em se tratando da Codemasters, que durante tanto tempo incluiu o modo em seus jogos.
Gráficos e som também estão consideravelmente melhores. Os efeitos de iluminação, com os raios solares passando por entre as copas das árvores nas florestas de Michigan, e a cortina de poeira que se levanta ao rasgar as estradas da Austrália garantem ótimos visuais, especialmente durante os vídeos de replay após as corridas. E o alto ronco dos motores e o estouro dos escapamentos, principalmente durante as reduções de marcha, só aumentam ainda mais o grau de imersão.
Veredito
Em DiRT 4 a Codemasters conseguiu não somente melhorar o que já era ótimo em DiRT Rally. A adição dos modos de jogo Joyride e Landrush trouxe mais descontração ao jogo, juntamente à possibilidade de escolher entre dois distintos modos de jogabilidade: um para jogadores casuais e outro para amantes de simuladores. A seleta quantidade de carros e locações agrada a todos os gostos, e, não obstante, a criação de pistas pode-se facilmente dizer que é algo revolucionário para o mundo dos jogos de rally. Portanto, temos em mãos o que sem dúvidas é um dos melhores e mais completos jogos de corrida já feitos.
Jogo analisado com código fornecido pela Codemasters.
Veredito
Veredict
In DiRT 4, Codemasters not only managed to improve what was already great at DiRT Rally, but the addition of new game modes like Joyride and Landrush brought a more casual feeling to the game, along with the possibility of choosing between two different drive modes, for casual players and simulation lovers. The cars and locations pleases all tastes, and the track creation is something revolutionary for rally games. Thus, DiRT 4 is easily one of the best and more complete racing games ever made.