Dave the Diver – Review

A estreia de Dave the Diver ao PlayStation expande os horizontes deste título de sucesso, explorando a jornada de Dave em uma aventura que combina elementos de simulação e gerenciamento, envolta em encantadoras criaturas marítimas. Desenvolvido e publicado pela Mintrocket, este RPG de aventura promete personagens peculiares e segredos além da imaginação, com destaque para o misterioso Poço Azul, local de atuação do nosso amável mergulhador, Dave.

Nossa jornada começa com Dave apreciando a vida e suas férias, até que recebe uma ligação de seu amigo,Cobra, feliz proprietário de um restaurante de sushi chamado Bancho Sushi, juntamente com seu amigo sushiman, Bancho. A localização do restaurante é ótima, próximo ao Poço Azul, um ambiente composto por peixes de todas as partes do mundo. O papel de Dave, inicialmente, é capturar iguarias para o restaurante, além de ingredientes também encontrados na exploração do poço, aumentando o sabor dos sushis. Paralelamente, Dave também assume funções no restaurante e desempenha um papel substâncial no funcionamento do mesmo.

Bancho, o sushiman, acredita que peixes exóticos destacam o sabor e a qualidade do sushi, não se limitando aos peixes mais acessíveis encontrados em restaurantes. Ao elevar o sabor, os clientes reconhecem o restaurante e o sucesso estará garantido. Funcionando apenas durante a noite e utilizando o dia para a pesca das iguarias e o preparo dos sushis, somos apresentados a um tutorial simples e objetivo sobre como funciona a dinâmica inicial da pesca e do gerenciamento do restaurante.

Além das questões relacionadas aos planos de Cobra em busca de sucesso como empresário e o amor de Dave pelo sushi, uma narrativa importante é a história da civilização perdida, conhecida através do Dr. Bacon. A busca por essa civilização e os elementos descobertos adicionam uma história mais aprofundada à narrativa, comparada com as de Dave e Cobra.

Essencialmente, espere por um jogo focado na exploração e coleta de recursos, com grande ênfase em gestão. Cada item criado em seu restaurante adiciona um valor único ao prato, e tudo gira em torno de avançar de classificação para observar o progresso no jogo. Além da pesca em si, o progresso em Dave the Diver envolve a gestão da fazenda, que fornece recursos essenciais para o sucesso, podendo ser expandida e gerando diversos ingredientes no processo.

A piscicultura também demanda atenção, pois armazenamos os peixes separadamente por profundidade e os utilizamos para gerar carne no restaurante. A escolha adequada de funcionários no restaurante pode contribuir significativamente para a progressão. Percebe-se que todos os elementos do jogo estão interligados e exigem um nível de atenção e cuidado, o que aumenta o tempo dedicado.

Dave the Diver é um jogo que requer tempo e, apesar de seu escopo indie, facilmente ultrapassamos 30 horas de jogo, dependendo do ritmo de exploração e atenção aos detalhes, especialmente para completar as missões principais. Não nos limitamos apenas à pesca; também exploramos a culinária e a agricultura, tudo em um único jogo, além dos minigames disponíveis.

Toda a dinâmica envolvendo personagens e suas solicitações surge ao longo do dia, entre ciclos noturnos e diurnos, tornando o fluxo constante e, particularmente, acumulativo, dependendo do seu rendimento. Passando grande parte de nosso tempo no Poço Azul, as atualizações para Dave são essenciais para seu rendimento em missões de exploração cada vez mais profundas, algo também visível no restaurante, que precisa de melhores ingredientes para obter classificações maiores, uma maior quantidade de clientes e, assim, o sucesso almejado.

Esse sistema pode soar repetitivo, porém, quando temos a sensação de repetição , o título insere novos elementos que basicamente impulsionam e automatizam algumas funções, otimizando o tempo de atuação de Dave e a dinâmica nas tarefas. A jogabilidade e o sistema de progressão e aprendizado caminham juntos, adicionando toques de acessibilidade e eliminando requisitos complexos, pois com o tempo, você estará familiarizado com a rotina do Bancho Sushi. Grande parte da jogabilidade é singular, contendo elementos da trama ou adicionais, mantendo o ritmo e o frescor.

No restaurante, gerenciamos o menu, itens, adicionamos temperos, nos preocupamos com o pronto atendimento de clientes, além de melhorias visuais para o restaurante. Gerenciar os recursos demanda tempo, pois cada ingrediente possui uma variação ou qualidade específica, formando um sushi de destaque no menu do dia do Bancho Sushi. O ritmo de atendimento lembra em muito jogos mobile de culinária e gerenciamento de tempo como Cooking Dash, com cada cliente especificando um pedido diferente, alguns clientes mais pacientes, outros com temperamento difícil e ainda existem os clientes especiais.

O ritmo em Dave the Diver é mesclado com o mergulho, algo relaxante, onde apreciamos a paisagem, a vida marítima e também focamos em nossos objetivos, passando para o Bancho Sushi em seu ritmo frenético e muitas vezes estressante. Essa quebra de ritmo causa o relaxamento necessário em processos mais árduos, o que é ótimo. O ciclo continua, com tarefas bem executadas, gerando ouro, melhorias e mais recursos para mergulhar ainda mais profundamente no Poço Azul, encontrando assim peixes mais exóticos e saborosos, algo que ajuda no Bancho Sushi. A tranquilidade antes apreciada toma proporções mais perigosas e menos convidativas, surgindo o verdadeiro combate entre criaturas de escopo menor e chefes intimidadores e gigantes.

Chefes possuem padrões de ataque decifráveis e, com apenas alguns golpes, podemos derrotá-los. No entanto, esse momento torna a jogabilidade mais desafiadora e diferenciada, pois não apenas adotamos o uso das armas que possuímos, mas também o auxílio do próprio cenário para fornecer dano. O grande tubarão branco Klaus, o caranguejo ermitão gigante e o camarão Mantis são apenas alguns dos chefes presentes no título. No entanto, Klaus, por exemplo, só estará acessível em noites de tempestade e é um dos chefes mais desafiadores. A melhor tática é desviar de seus ataques e aproveitar o pequeno momento de lentidão do tubarão para atacá-lo.

Elementos de roguelite estão presentes justamente pelas mudanças de terreno e espécies no Poço Azul, e pela punição efetuada ao eliminar todo o oxigênio de Dave, que também serve como sua vida. Isso penaliza os jogadores com a perda de todos os itens, deixando apenas um no inventário. Dependendo de como você lida com as melhorias de Dave, os danos sofridos são elevados, tornando o jogo um tanto quanto punitivo, além do esperado. Os chefes agregam esse elemento adicional de dano e dificuldade quando negligenciados.

Os personagens em Dave the Diver são incríveis; seus diálogos, muitas vezes hilários, e apesar da ausência de dublagem, nosso imaginário permite, através das características e falas, imaginar como seriam suas possíveis dublagens e atuações, pois possuem personalidades fortes ou cativantes. Dr. Bacon, por exemplo, busca pela civilização perdida, enquanto Duff é um nerd especialista em armas. Já Ellie é uma bióloga preocupada com o ecossistema do Poço Azul. Todos possuem atuações singulares e memoráveis, sendo profundamente interessantes e adicionam momentos de entretenimento entre as tarefas.

O Poço Azul, além de sua beleza visual deslumbrante, merece elogios pela dedicação e implementações entregues. Não há sensação de perda constante de orientação, graças aos indicadores sugestivos que nos guiam pelo ambiente, juntamente com as sinalizações adequadas nos objetos que são pontos focais de nossa exploração. Os gadgets adquiridos durante o progresso no jogo adicionam elementos essenciais para uma exploração mais profunda, permitindo que Dave descubra criaturas maiores e mais hostis.

Por se tratar de um título indie pixelado, seu desempenho é excelente no PlayStation e tudo flui de forma responsiva, dentro do esperado. As nuances oceânicas e seu bioma são o destaque e exibem a exuberância de um oceano vasto, contendo cores que ressaltam na tela, seja em dias diurnos ou noturnos, combinados com características de criaturas aquáticas e elementos que completam o mundo de Dave. Associado à excelente trilha sonora, sua atuação enquanto submerso é um mundo visualmente encantador e único. A trilha sonora adapta-se constantemente ao ritmo de cada bioma, mesclando entre versões mais calmas e mais rítmicas, ou simplesmente sinalizando que o ambiente é perigoso.

A novidade nesta versão para PlayStation de Dave the Diver é a integração do DualSense, proporcionando uma sensação realista ao pescar e puxar o arpão. O controle vibra em momentos específicos e alguns sons são transmitidos diretamente através dele. Além disso, os gatilhos adaptativos reagem de forma distinta dependendo da arma utilizada, aumentando a imersão durante a pesca ou o combate. Controlar Dave através do Poço Azul é uma experiência sensacional. No entanto, certas ações, como o uso das teclas associadas para o arpão, podem parecer estranhas inicialmente, exigindo um tempo para se adaptar e mirar no momento certo, além de compreender a distância entre nosso alvo e Dave.

Em suma, Dave the Diver é um jogo encantador que combina habilmente os ciclos de pesca e a gestão de restaurante, oferecendo uma experiência envolvente e especial para os jogadores. A sensação de relaxamento e progressão, juntamente com os elementos inseridos e o humor característico do título, ampliam ainda mais o atrativo deste indie, que faz sua estreia no PlayStation com a grandiosidade de um título de destaque.

Expande seu universo com momentos narrativos gratificantes, batalhas contra criaturas épicas e aborda segmentos distintos sem perder o foco, sem sobrecarregar a experiência de jogo ou prolongar sua duração além do esperado. Assim como as pérolas do Golfo, apreciadas por seu brilho e luminosidade, Dave the Diver é uma criação excepcional e rara. Mergulhe nessa jornada; não se arrependerá!

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela NEXON.