Darksiders II: Deathinitive Edition (PS5) – Review

Esta não é a primeira vez que você lê um review da versão remasterizada deste que é um dos jogos de ação e aventura favoritos de muita gente, inclusive deste que vos fala, a a primeira atualização dele, naquele tempo para o PS4, ganhou atenção especial aqui no site lá em 2015, ano do seu (re)lançamento, três anos após a versão original na geração anterior. A ideia para esta análise, portanto, não é repetir a trabalho nas minúcias do game como um todo, mas sim dar ênfase em sua mais nova revisão, agora para a geração do Playstation 5.

Contudo, como um jogo já com seus anos nas costas, vale a recapitulação para os desavisados: depois dos eventos do primeiro game, Guerra (War) está em maus lençóis e outro dos cavaleiros do apocalipse, Morte (Death), decide partir em uma jornada para reviver a humanidade extinta e buscar assim a absolvição de seu irmão. Isso o coloca em uma viagem cheia de grandes perigos para recuperar algumas relíquias, as quais obviamente não estão soltas por aí e são muito bem guardadas por entidades que não são lá muito simpáticas à causa restauradora.

Darksiders II: Deathinitive Edition

Darksiders II: Deathinitive Edition é, dito isto, um jogo de ação vibrante que consegue unir uma série de elementos bastante reconhecíveis de outras grandes marcas de sucesso na história dos games e, com isso, imprimir uma identidade bastante peculiar, ainda que traga em suas entranhas todas as tendências de seu tempo. Uma das mais óbvias inspirações é a visceralidade agressiva típica de God of War em sua fase grega, com movimentos rápidos em combates frenéticos sem filtros para a violência, algo que funciona muito bem para o universo estabelecido e pelos típicos protagonistas anti-heróicos, como o caso do próprio Morte. A certa altura da abertura, um interlocutor cita que se o nome dele significa algo, os inimigos pela frente terão muitos problemas.

Quando obras como esta ganham um novo tratamento visual, as qualidades (e limitações) do estilo artístico se sobressaem em relação ao resto, e é neste ponto onde criações bem idealizadas podem reencontrar seu brilho. A essência artística implementada pelo quadrinista Joe Madureira, com todos os seus exageros em traços poderosos, músculos a mostra e personagens arquetípicos se elevam rodando em 4K nativo pela primeira vez, valendo-se dos contrastes e das linhas fortes. Há um trabalho de colorização simplesmente brilhante aqui que merecia um refinamento definitivo (pelo tempo em que versões “definitivas” tem validade nesta indústria) e que parece manter uma estabilidade muito bem-vinda e, a essa altura, quase obrigatória para justificar uma nova-nova versão.

Darksiders II: Deathinitive Edition

Outro incremento importante, mesmo que já bastante esperado, é a inclusão do sistema de luz via ray tracing, que aliado a uma reestruturação nos efeitos de iluminação global, traz uma amplitude de cores, sombras e efeitos nos mais diversos biomas significativamente impressionante, que se prova coerente com a ousada da direção estética da produção. Tonalidades mais intensas, como o vermelho irradiado da lava ou os tons solares generosos das paisagens abertas são os que mais explicitam essa nova vida, saturados tanto quanto se poderia desejar. Não chega a ser uma surpresa, mas é evidente que esta atualização de Darksiders II: Deathinitive Edition é a mais bela dentre todas as iterações da franquia, incluindo os jogos mais recentes, como Darksiders III e Genesis.

A nova versão não se preocupa, porém, em nos dar quaisquer opções técnicas mais sofisticadas, e não encontramos no menu principal, por exemplo, a alternativa entre modos como qualidade ou desempenho, nem sequer uma opção de desligar o traçado de raio, indicando que o jogo não precisa de qualquer concessão para rodar em seu estado máximo de performance. Há, no entanto, uma opção para manter o refinamento das sombras, o que chega a ser estranho, já que não notei nenhum tipo de diferença significativa na fluidez do jogo ligando ou desligando este item. Melhor então manter habilitado por padrão.

Darksiders II: Deathinitive Edition

Nem mesmo os tempos de carregamento, quase automáticos aqui – o anterior deixava um pouco a desejar nesse quesito, no PS4 – sofrem com todas esses incrementos, e alguns elementos gráficos ainda entregam sua idade, como as superfícies alagadas, e todas as composições líquidas no geral. Dentro da água, aliás, tudo já parece um tanto quanto artificial, não só pelas texturas estranhas e borradas, mas também pela movimentação menos precisa. Algumas arestas, sobretudo em materiais pedregosos, também mantém uma simplicidade irreal, e servem basicamente para se reconhecer onde podemos ou não tentar escalar.

Também é notável que o game se utiliza bem dos recursos hápticos do DualSense, algo que nem sempre é efetivo em jogos multiplataforma, incluindo os idealizados para esta geração. Já na abertura, mesmo ainda muito distante daquilo que sabemos que o controle pode entregar em termos de sensação tátil, o trote da cavalgada em terreno hostil é sentido nas mãos e dá o tom do que esperar ao longo da campanha, que aliás, com todos os conteúdos pós-lançamento incorporados de uma forma muito orgânica e natural, pode chegar a algo em torno de 35 horas de gameplay para quem o estiver experimentando pela primeira vez, e não menos que 25 para os mais experientes. Impressionante que ocupando menos que 22 GB de espaço em HD, o jogo consiga oferecer tanta coisa.

Darksiders II: Deathinitive Edition

Nem tudo é ideal, porém, e esta edição passou por muito menos melhorias estruturais do que sua última aparição. Não espere, portanto, mudanças significativas para um sistema de câmera ou a trava de mira em inimigos que demanda um certa resiliência por parte dos jogadores, principalmente em situações de múltiplas ameaças ou combates em espaços ladeados por abismos e outras beiradas. O sistema de combos continua divertidíssimo, com boas entradas e um timing confortável, e o mapeamento original dos comandos seguem uma modelo old school que particularmente gosto bastante, e que entretanto pode não ser o mais instintivo para novatos.

A interação com o ambiente também apresenta os mesmos velhos problemas, deixando aquela sensação inexplicável de que algumas beiradas seriam claramente escaláveis. É, claro, algo compreensível, já que qualquer mudança aqui quebraria o jogo e seu bom design de enigmas, mas nem por isso se torna mais aceitável em tempos de Assassin’s Creed, Uncharted e outros onde bons escaladores sobem em qualquer beirada. Enroscar em bordas e quinas à toa também não é das coisas mais bem aceitas, e por duas vezes, por exemplo, tive que reiniciar o checkpoint só por que um objeto que eu estava empurrando ficou emperrado em um desnível ridículo no chão. Esse é o tipo de coisa que poderia receber um pouco mais de cuidado em um novo lançamento de uma edição já retrabalhada.

Darksiders II: Deathinitive Edition

Somado a um sistema de missões ramificadas que exige uma relativa linearidade ainda bem efetiva, bem como todos esses vícios de tempos outros, a versão de Playstation 5 de Darksiders II: Deathinitive Edition parece não ter qualquer preocupação em reintroduzir a série para as novas gerações, nem em renovar suas mecânicas para os tempos mais modernos, o que é uma ótima notícia para os fãs de longa data, mas nem tanto para quem nunca se adaptou ao que a franquia tem a oferecer. Morte continua sendo um sujeito ácido, sobretudo na comparação com a sisudez de Guerra, e há um carisma bruto nele e nos demais personagens principais que sempre trouxe um charme muito peculiar para a série, e tudo isso está mantido intocado, canônico e reavivado aqui, só que com cores mais vívidas e linhas mais definidas.

Lá se vão 12 anos desde o lançamento original no PS3, versão que joguei ainda em uma TV de tubo, e de lá pra cá muita coisa mudou em jogos do gênero. No teste do tempo, todavia, Darksiders II prova ainda ser um grande jogo, com um sistema de combate sofisticado no uso de dois tipos de armas combinados; exploração em um mundo pseudo-aberto suficiente para o que precisamos fazer; e gerenciamento de progressão de equipamentos e nível que ainda são sólidos mesmo na comparação com trabalhos originais desta década. Tudo isso faz com que a re-remasterização, desta vez gratuita para quem tem a primeira Deathinitive Edition, seja uma bela desculpa para zerar (e quem sabe, platinar) o game uma vez mais.

Darksiders II: Deathinitive Edition

Portanto, mesmo sem tantas melhorias significativas, o upgrade é obrigatório para os detentores do game não só porque não traz mais custos, mas principalmente porque se esta é uma franquia que ficou muito tempo nas sombras de suas principais inspirações, elas mudaram tanto nesta última década que Darksiders II: Deathinitive Edition se tornou, ironicamente, algo muito distinto do que o mercado atual oferece. Que esta seja a porta de abertura para vermos o primeiro e o terceiro jogos melhor refinados em um futuro próximo e – permitam-me sonhar – um vindouro Darksiders IV finalmente anunciado, porque esse apocalipse não pode ter fim.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela THQ Nordic.

Veredito

Darksiders II: Deathinitive Edition, em sua versão de PlayStation 5, não traz nada de realmente novo na essência deste grande jogo, focando-se em atualizar os visuais para o 4K nativo, uso do ray tracing, funções táteis e carregamentos rápidos. Dito isso, ainda é um jogo incrível, e merece essa desculpa esfarrapada para ser revisitado novamente ou experimentado pela primeira vez.

80

Darksiders II: Deathinitive Edition

Fabricante: Vigil Games / Gunfire Games

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Aventura / Ação / RPG

Distribuidora: THQ Nordic

Lançamento: 15/10/2024

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Darksiders II: Deathinitive Edition, in its PlayStation 5 version, doesn’t really bring anything new to the essence of this great game, focusing instead on updating the visuals to native 4K, using ray tracing, haptic functions and fast loading. That said, it’s still an incredible game, and deserves this lame excuse to be revisited again or experienced for the first time.