Curse of the Sea Rats – Review

Quando apareceu a oportunidade de fazer uma análise de Curse of the Sea Rats, confesso que fiquei curioso com o que me aguardava. Com a desenvolvedora fazendo questão de divulgá-lo como um “ratoidvania”, claro que sua proposta era até óbvia. Mas será que esse metroidvania de ratos piratas seria capaz de se destacar dentro de um gênero tão concorrido e com fãs cada vez mais exigentes? Para responder melhor à essa questão, a solução mais sensata talvez seja considerar dois pontos importantes.

Primeiramente, é fundamental entender que a ideia principal de Curse of the Sea Rats é ser um jogo divertido. Com a possibilidade de ser jogado em até quatro jogadores na modalidade local, Curse of the Sea Rats conta com uma história leve, personagens carismáticos e uma jogabilidade fácil de ser assimilada. Isso faz com que até mesmo os que não forem jogadores assíduos possam pegar o controle e jogá-lo sem maiores problemas. Não que o jogo não possa ser apreciado sozinho, mas o fato é que ele se torna bem mais interessante quando jogado em grupo.

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Em segundo lugar, para fãs de jogos metroidvania, Curse of the Sea Rats pode até render bons momentos. Mas não espere por um jogo muito complexo e com mecânicas difíceis. Então, caso você seja um jogador de metroidvanias que anseia por jogos desafiadores, tenha em mente que Curse of the Sea Rats até conta com alguns elementos do gênero. Mas eles aparecem de maneira um pouco mais singela.

A história começa na Costa da Irlanda no ano de 1777, onde um navio que transportava prisioneiros do Império Britânico acaba amaldiçoado pela bruxa pirata Flora Burn, que transforma toda sua tripulação em ratos e escapa levando consigo o filho do comandante. Diante do desespero pelo sequestro de seu filho, o comandante oferece aos quatro prisioneiros remanescentes a possibilidade de liberdade, caso consigam recuperá-lo. Cabe a eles então encarar essa aventura em busca dos piratas, ao mesmo tempo que investigam os mistérios por trás da maldição, na esperança de retornarem para sua forma humana.

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A história é simples, mas bem contada, e contém todos os elementos de uma boa aventura pirata. A ambientação é excelente e os cenários apresentam uma ótima variação. O design gráfico merece elogio, combinando elementos de jogos 2D com uma arte desenhada à mão, para apresentar um jogo no estilo 2.5D muito simpático. É praticamente impossível olhar para Curse of the Sea Rats e não lembrar de alguns clássicos dos desenhos animados.

O mapa é todo interligado e as transições dos cenários acontecem de maneira muito coerente. Aqui aparecem alguns dos elementos de metroidvania, pois será necessário adquirir habilidades específicas para poder explorar algumas áreas do mapa. Há também um pouco de backtracking, porém a maior parte do tempo será apenas para entregar itens aos personagens e coletar alguns tesouros.

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Vale elogiar também a apresentação dos diálogos por voz que, no geral, são de boa qualidade. A trilha sonora é bem fiel às histórias piratas, porém há alguns problemas no balanceamento de volumes. Isso faz com que o áudio fique estourado em alguns momentos e muito baixo em outros.

Pesa negativamente o fato de Curse of the Sea Rats não oferecer nenhum tipo de localização em português brasileiro. Para um jogo cujo maior destaque está em ser apropriado para vários públicos, a falta dessa tradução acaba causando um impacto na sua experiência. A desenvolvedora já afirmou que novos idiomas poderão ser adicionados via patch futuramente, mas até o momento dessa análise não há confirmação da inclusão de Pt-Br.

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A campanha pode ser finalizada em cerca de 6 horas, se jogada de forma direta. Mas para explorar 100% do mapa, encontrar todos os tesouros e concluir as missões secundárias foram necessárias algo em torno de 12 horas.

O gameplay de Curse of the Sea Rats é composto por várias alternativas. O combate conta com o tradicional golpe melee, mas também possui ataques elementais e até mesmo alguns golpes especiais. Para adicionar ainda mais opções, o jogo conta com quatro personagens jogáveis. E, mesmo optando por jogar sozinho, você terá a liberdade de alternar entre eles ao longo da campanha quantas vezes quiser. Cada personagem tem sua própria árvore de habilidades, o que proporciona uma constante sensação de evolução ao combate.

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Falando um pouco mais sobre os quatro protagonistas, cada um deles possui características bem definidas. David Douglas é um colono americano, recentemente alistado no Exército Continental para combater o Império Britânico. Suas habilidades envolvem a espada curva, armas de fogo, recuperação de vida e seu elemental é o fogo. Buffalo Calf é uma guerreira cheiene que se destaca pelos ataques à distância e por sua agilidade. Seu elemental é o vento, que faz com que ela seja capaz imobilizar seus adversários com ataques elétricos. Bussa é um refugiado escravo da ilha de Barbados e também é o tanque da trupe. Ele se caracteriza pelo dano causado por seu ataque corpo a corpo realizado com seus próprios punhos. Seu elemental é a terra, que confere a ele a habilidade de fazer a terra tremer ao enfrentar seus inimigos. Por fim, Akane Yamakawa é uma guerreira Onna-bugeisha, que faz uso de sua lança naguinata e do elemento água para se livrar de seus inimigos da maneira mais rápida possível.

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O combate de Curse of the Sea Rats não é dos mais desafiadores, mas ainda é capaz de oferecer uma boa diversão. Porém, ao jogar sozinho, conforme fui progredindo e liberando mais habilidades fiquei com a sensação que o jogo se tornou até fácil demais. Já no modo cooperativo, por haver um balanceamento para compensar a presença de mais jogadores, a impressão foi de que o combate foi até melhor aproveitado. Por conta disso, a falta de um modo cooperativo online acaba sendo uma grande decepção.

O jogo conta com uma mecânica de penalidade onde você perde metade do sua energia espiritual ao morrer e, para recuperá-la, será necessário voltar ao lugar de sua morte. Essa energia espiritual é usada para adquirir os upgrades dos personagens, então, na teoria, há um pouco de risco no jogo. Mas na prática isso causa um impacto muito pequeno, já que é muito fácil conseguir mais energia espiritual simplesmente explorando o mapa e matando os inimigos. Também há uma certa restrição nos itens de cura, mas com a grande quantidade de pontos de controle e de viagem rápida espalhados pelo mapa isso acaba se tornando irrelevante com o passar do tempo.

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A evolução dos personagens se dá de forma compartilhada, mas os pontos de habilidade devem ser adquiridos de forma individual. Só que isso não o impede de ganhar energia espiritual com um personagem principal e depois gastá-la em outro personagem. Assim você sempre terá outros personagens evoluídos, caso algum amigo queira se juntar à sua campanha apenas por um trecho. No caso do modo cooperativo, vale notar que tanto a energia espiritual quanto o inventário são compartilhados. Isso faz com que a comunicação seja importante para não deixar seu companheiro sem itens de cura, por exemplo.

O design dos inimigos oferece uma boa variedade, mas com exceção de alguns inimigos que batem um pouco mais forte e aguentam mais dano, uma parte deles acaba servindo apenas para atrasar seu progresso e fornecer energia espiritual. As lutas contra os chefes estão entre os destaques do jogo por apresentarem boas mecânicas e personagens muito bem elaborados. E mesmo que algumas dessas lutas tenham acabado um pouco rápidas, a temática contribuiu para que ainda fossem divertidas.

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Claro que por ser um jogo sobre pirataria, espera-se de Curse of the Sea Rats uma boa exploração. E ela está presente. Ao longo da campanha são vários tesouros para serem encontrados, missões secundárias cheias de histórias curiosas, portas secretas e colecionáveis. As sessões de plataformas não são das mais difíceis mas são suficientes para trazerem mais variedade ao jogo.

Na parte técnica foram encontrados alguns bugs, como o já citado problema de áudio, que pode ser contornado ajustando melhor o nível dos volumes, mas que ainda vai apresentar elementos distorcidos e desbalanceados. Um outro bug ocorreu quando fui impedido de avançar em um diálogo. Isso foi solucionado ao reiniciar o aplicativo, mas me impossibilitou de concluir uma missão secundária. Apesar disso, o jogo se comportou de maneira muito satisfatória.

Mesmo Curse of the Sea Rats sendo um metroidvania mais modesto, ele ainda funciona muito bem como um jogo de ação e plataforma. No entanto, seu maior atrativo está em ser um jogo amigável e ideal para toda a família. Então, se sua intenção é ter uma opção dentro dessas características, vale a pena dar uma chance a Curse of the Sea Rats. Já para os jogadores de metroidvania mais exigentes, talvez seja ideal partir para uma opção que se enquadre melhor no seu perfil.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela PQube.

Veredito

Curse of the Sea Rats acima de tudo é um jogo muito divertido, facilmente recomendável para ser jogado sozinho ou entre amigos. Com uma temática leve e cheio de boas histórias piratas, ele deve agradar aos fãs de jogos de ação e plataforma de todas as idades. Mas leve em consideração que, como metroidvania, fica um pouco abaixo das boas opções disponíveis atualmente.

75

Curse of the Sea Rats

Fabricante: Petoons Studio

Plataforma: PS4 / PS5

Gênero: Ação / Aventura

Distribuidora: PQube Games

Lançamento: 06/04/2023

Dublado: Não

Legendado: Não

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Curse of the Sea Rats is above all a very fun game, easily recommended to be played alone or with friends. With a light theme and full of good pirate stories, it should please fans of action and platform games of all ages. But, as a metroidvania, it falls a little short of the good options currently available in the market.