Crysis Remastered Trilogy – Review

Quando pensamos no ano de 2007 para jogos temos um período bastante especial. Dentre o lançamento de títulos como Bioshock, Mass Effect, Portal, Assassin’s Creed e diversos outros, um jogo exclusivamente era lançado exclusivamente para PC com pompa de uso máximo do hardware da época e uma promessa de visual além do imaginável.

Os primeiros trailers de Crysis foram um espanto, apresentando algo que não era esperado para um FPS com gráficos tão impactantes. O lançamento acabou por comprovar toda a promessa visual do jogo, ainda que em demais requisitos não tenha se destacado tanto. De toda forma, a piada “roda Crysis?” ficou marcada em toda uma geração e elevou a Crytek para um patamar de destaque.

Na procura de abranger ainda mais o mercado, um port do jogo foi lançado para o PS3 e Xbox 360 em 2011, mas acabou sendo marcado por ficar muito aquém do jogo original e todo seu poder no PC. Entretanto, o interesse maior não era mostrar poderio técnico, mas sim levar o jogo para outras audiências e reforçar o lançamento da sequência Crysis 2 simultaneamente em todas as plataformas. Logo depois, em 2013, Crysis 3 seria lançado e encerraria a trilogia, mas, assim como Crysis 2, também iria desapontar no aspecto visual por estar limitado demais pelos consoles da época.

Como forma de trazer essa franquia de volta e dar a ela o tratamento especial que carecia nos consoles, a Crytek então remasterizou o jogo original para PS4 em 2020. Uma análise completa sobre o primeiro jogo remasterizado já está disponível no PSX Brasil, onde foi destacado todos os aspectos do jogo em si, como a história, visual aprimorados, os modos de desempenho apresentados, as melhorias recebidas e mais.

Agora, praticamente 1 ano depois, o pacote completo com toda a trilogia é lançado, trazendo também as versões aprimoradas de Crysis 2 e Crysis 3 para os consoles da atual geração via retrocompatibilidade (PS5 e Xbox Series) como também para a geração anterior de forma nativa (PS4 e Xbox One). A promessa continua a mesma, entregar novamente os jogos que se destacaram visualmente no PC em suas épocas para o que há de melhor em poder hoje nos consoles, deixando as versões originais de PS3 e Xbox 360 para trás.

O grande foco aqui é ver se as melhorias entregues valem a revisita dos jogos hoje em dia. De toda forma, é importante ver a franquia se ainda vale a pena além do aspecto técnico e visual, mostrando se ainda são atuais como bons jogos de tiro em primeira pessoa, com design apresentado e se ainda são relevantes em questões de história e narrativa. Resumindo tudo isso agora, Crysis envelheceu e os remasters não conseguem esconder os problemas mais acentuados agora pelo passar do tempo, ainda que a pincelada gráfica tenha sido relevante.

O destaque dos jogos sempre foi a nanosuit e os poderes provenientes dela. Mais força, velocidade, armadura e até camuflagem fazem do uso da peça de tecnologia o pilar fundamental da jogabilidade presente nos 3 jogos, mesclando exploração leve, combate com diversas abordagens e situações de furtividade. O soldado perfeito em missões impossíveis define a história dos 3 jogos, ainda que as conexões sejam malucas o suficiente.

E por falar em história, nenhuma realmente é de grande destaque na trilogia. Crysis 3 talvez seja o que tenha melhor evoluído na narrativa, mas ainda assim não se destaca a ponto de recomendar o jogo apenas por isso. As maluquices de invasão alienígena com tramas envolvendo corporações que fazem qualquer coisa por poder são apenas pano de fundo para que haja um motivo do jogador assumir o traje e ser o exército de um homem só.

Visual de ponta e jogabilidade afiada são os fatores que sempre se destacaram na franquia (ainda que visual assim tenha sido mais restrito ao PC) e isso acaba não mudando para nenhum dos jogos remasterizados. Como já dito, o pilar da jogabilidade em cima das vantagens da nanosuit continua fazendo a jogatina ser divertida e recompensadora, mas bastante desafiadora nas dificuldades mais elevadas. Infelizmente, já pela estrutura um pouco defasada no design de missões e do jogo, é possível perceber como isso também já vai perdendo o apreço, com alguns casos sendo possível perceber missões ou com foco demais no stealth ou apenas num atropelo de porrada e tiroteio.

Também é importante apontar aqui os comandos não atualizados e presos pela grande necessidade de opções. 3 modos básicos de funcionamento da armadura, customização de armas e ainda os comandos básicos de um FPS são demais para os controles e nem tudo acaba sendo muito prático. Funcional, mas há momentos em que tentar realizar mais de um comando em curto período de tempo pode resultar numa bagunça de dedos e botões.

De toda forma, o que era realmente esperado para a remasterização de todos os jogos fica por conta da parte visual. O principal fator nisso é a performance muito mais estável agora, sem sofrer com os quase 20 quadros por segundo constantes de Crysis 2 e 3 no PS3. Além disso, sai a resolução sub 720p com borrão por pós-processamento para, pelo menos, 1080p mais limpo e 30fps no PS4 ou até 4K e 60fps no PS5.

Há ainda diversas melhorias em texturas, modelos, efeitos, filtros, pós-processamento, anti-serrilhado e mais. Tudo isso colocando o jogo num nível gráfico bastante acima do que foi presenciado antes nos consoles e agora bem similar ao nível do jogo em PCs. Focando apenas no visual e nas melhorias feitas, considerando ainda como o jogo era em sua época, os 3 jogos ficam em par com diversos títulos FPS nativos da geração anterior, confirmado que o que já era bonito no PC ainda pode ser atual hoje em dia nos consoles.

Apesar da bela melhoria gráfica, não há muito de notável nos 3 jogos remasterizados. Já apontamos os problemas com a jogabilidade que mostra envelhecimento, história sem grande desenvolvimento e comandos já datados. Além disso, para uma parcela mínima que poderia se importar, não estão presentes os modos multiplayer dos jogos. Sobre esse último e sendo bastante sincero, nenhum nunca se destacou e é até melhor serem esquecidos.

Por fim, Crysis Remastered Trilogy é um combo que vale a pena para os que querem ter uma experiência agradável com jogos que ganharam mais fama do que merecem como um todo. O pacote vale seu preço muito mais pela quantidade de material combinado oferecido. Se a intenção é começar agora a preparar terreno para um possível jogo no futuro, talvez tenha sido uma decisão inteligente. De toda forma, é imprescindível que a franquia evolua e saia da fórmula já desgastada que foi usada até aqui, dando um salto necessário que foi visto em outras franquias, como aconteceu com Metro Exodus.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Crytek.