Criminal Girls: Invite Only

Qual o seu emprego dos sonhos? Enquanto a maioria responderia algum ramo comum, alguns responderiam algo mais exótico, mas videogames constantemente nos mostram que é possível sim acabar em um emprego que ninguém poderia prever. E é em uma dessas situações que o protagonista de Criminal Girls: Invite Only acaba se encontrando. No jogo, lançado pela NIS America no último dia 03/02/2015, o jogador assume o controle de um rapaz que aceitou uma proposta um tanto inusitada: ser o carcereiro de sete jovens que, por possuírem potencial para o crime, acabaram no inferno.

O jogador é encarregado de guiar as meninas pelos diferentes níveis do inferno, com o objetivo final de salvar a alma das garotas. A premissa é bem simples, mas os poucos diálogos vão aos poucos movendo o jogo e dando o pano de fundo para as ações do jogador e, por sua vez, das meninas. Cada uma delas representa um dos sete pecados capitais e são caracterizadas de maneira caricatada, a fim de expor bem esse ponto. Esses exageros não chegam a incomodar, uma vez que só ajudam a estabelecer as motivações, relativamente simples, das garotas e estabelecem certa linha de conflito entre elas mesmas e o protagonista.

Um dos méritos de Criminal Girls, além dos personagens bem escritos, é a sua duração curta para um RPG. Em um gênero que costuma abusar da quantidade de horas de jogo, muitas vezes arrastando roteiros e conflitos além do necessário apenas para fazer render o jogo, Criminal Girls acaba por quase abandonar o grind (apesar de, às vezes, ser necessário voltar a alguns dos andares inferiores para atender a alguns dos desejos das meninas, que não são nada muito além de side-quests), ajudando assim a evitar que sua história perca muitas das suas qualidades por diálogos e cenas desnecessárias.

A alta quantidade de encontros aleatórios presentes no jogo, infelizmente, acaba sendo um defeito. Por se tratar de uma versão melhorada do jogo original do PSP (lançado em 2010 e que nunca foi localizado para o Ocidente), o jogo ainda tem alguns pontos comuns aos RPGs do primeiro portátil da Sony, parecendo não querer estender demais a sua história, mas compensando com batalhas. O sistema de combate, aliás, não ajuda em muito a retirar esse senso de incômodo.

Os combates de CG: IO, aliás, são um dos seus charmes. Se a falta de animações mais modernas incomodam um pouco (a batalha é feita através de sprites) e o som das lutas não é muito bom, há uma boa dose de desafio na maneira como as lutas se desenrolam. Como o jogador assume o papel de Comandante das meninas, ele apenas é capaz de indicar uma entre quatro ordens aleatórias (uma para cada integrante da party) por turno, que podem ir desde apenas uma delas atacando ou usando alguma habilidade até quatro delas se unindo para atacar. Acrescente a isso uma IA melhorada, oferecendo um bom desafio, e o combate acaba por ser mais um ponto forte, mesmo que cansativo.

Após os combates é que vem o ponto mais controverso de Criminal Girls. Nos save points (sim, o jogo não salva automaticamente) é possível também “motivar” as garotas. Utilizando pontos ganhos em batalha, o jogador pode interagir de diversas maneiras com as personagens (utilizando a tela touchscreen), acabando com pequenos virus chamados de “tentações” e, assim, fazendo com que as garotas tenham acesso a novas habilidades. O principal problema dessa mecânica é que ela pode acabar por não agradar a ninguém. Durante essas sessões de “motivação”, as heroínas estão muito pouco vestidas e em posições bem sugestivas.

Enquanto o jogo foi claramente censurado, com o acréscimo de uma névoa rosa sobre as imagens (e que vai dissipando com o aumento dos níveis e com imagens cada vez mais sugestivas, enquanto o jogador vai tendo acesso aos quatro níveis de mini-games), essa mesma névoa acaba deixando algumas fotos ainda mais sugestivas do que se não houvesse dada censura. Acrescente a isso o fato de algumas meninas terem sido criadas com os fãs de lolicon em mente e o jogo está pronto para uma boa dose de controvérsias.

O jogo não mostra sinal de envelhecimento, muito por seus sprites em 2D terem tido sua resolução melhorada para o Vita e, se não fazem tanto jus assim à potência do Vita, ficam longe de incomodar. Mesmo que a falta de animações de combate incomodem um pouco para quem está acostumado com outros RPGs para o portátil, Criminal Girls mantém seu charme. O audio original é outro ponto alto do jogo, que acrescenta mais uma bela camada às piadas e momentos mais sugestivos do mesmo. A trilha sonora acaba sendo esquecível, não merecendo qualquer tipo de destaque, positivo ou negativo.

Criminal Girls, felizmente, é mais do que só a gimmick do mini-game de “motivação”. Ter algo diferente (e controverso) foi uma estratégia para chamar a atenção a um jogo que tem boas ideias e que chamou a atenção para um jogo focado em um determinado nicho de jogadores. É um jogo complicado de se recomendar a todos os jogadores, uma vez que ele vai muito além do que a maioria está acostumada em questão de fan-service, mesmo que isso não seja algo estranho aos jogos do Vita (em especial, a outras franquias japonesas como Senran Kagura e Akiba’s Trip).

É óbvio que existem outras opções de RPGs melhores no mercado para o Vita, mas Criminal Girls oferece uma opção diferente, um tipo de jogo que muitas vezes o jogador ocidental não vê e que, se não pelo preço completo, talvez valha a pena aproveitar em uma promoção futura. Ainda assim, existem algumas horas de diversão a se ter com Criminal Girls: Invite Only e que vão muito além de motivar as garotas, mas não é recomendável para aqueles que tem problemas com essa visão mais “sexualizada”.

Veredito

Criminal Girls: Invite Only é um RPG divertido com uma história diferente, personagens interessantes e um sistema de combate criativo, mas que ficará marcado pela sua abordagem diferenciada para a evolução de personagens. É uma boa pedida para aqueles que não tem problemas com fan-service, mas nada nele o torna um jogo obrigatório para os donos da plataforma, mesmo que ofereça algumas boas horas de diversão.

Jogo analisado com código fornecido pela NIS America.

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75

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