Acredito que tenhamos chegado em um momento na indústria do entretenimento que é quase que impossível alguém envolvido universo geek não conhecer ou até mesmo ter consumido algo vindo de League of Legends, seja sendo seu jogo homônimo no estilo MOBA aclamadíssimo para PC, alguns de seus títulos com lançamento mobile ou até mesmo sua série animada vencedora de diversos prêmios, incluindo Emmy de melhor animação, Arcane. A ideia da Riot Games, dona não só dessa marca de sucesso como também do fps Valorant (exclusivo para PCs), é de cada vez mais expandir e explorar o tão denso universo de Runeterra (o mundo onde estas histórias ocorrem).
Considerando isso, foi criada a Riot Forge, que tem como objetivo fazer parcerias com outros estúdios e criar jogos baseados neste universo para diversas plataformas, não só para PC. Foi assim que já tivemos aqui no PlayStation Ruined King, também o mais recente The Mageseek, e agora o lançamento de CONVERGENCE (estilizado CONV/RGENCE). Além desses dois, também foi lançado Hextech Mayhem, um título rítmico bem divertido, que infelizmente não chegou nos consoles da Sony. Fora isso, ainda este ano existe a previsão de lançamento de Song of Nunu.
Falando então de CONVERGENCE: A League of Legends Story, temos um jogo no estilo plataforma desenvolvido pela Double Stallion, focado totalmente na história de Ekko, um jovem inventor prodígio que vive na cidade de Zaun, uma área pobre e subterrânea (que tem um visual steampunk) e que é diretamente oprimida pela metrópole tecnológica da superfície, Piltover. A criação mais importante de Ekko é o Revo-Z, um equipamento que faz com que ele tenha a possibilidade de manipular o tempo em alguns segundos e retrocedê-lo. Após uma explosão que espalha alguns “minérios” diferentes na cidade, Ekko começar a usar suas habilidades para evitar que algo pior aconteça em Zaun.
Caso você nunca tenha lido nada sobre a lore de League of Legends (LoL) ou também não tenha assistido a Arcane (se não assistiu, coloque na sua lista e assista pra ontem!), todo o background desse jogo tanto para a questão política como para o aparecimento de alguns personagens acabará sendo vago e raso. Apesar de Arcane seguir uma cronologia diferente (a própria existência do personagem de Ekko é diferente), existe todo um trabalho da exploração da dualidade entre Zaun e Piltover que simplesmente não existe em CONVERGENCE. Alguns termos como hextech ou nomes de alguns campeões famosos, como a própria Jinx, aparecem em alguns diálogos já de uma maneira como se esperasse que o jogador tivesse pleno conhecimento do que se trata pelo contato com alguma outra mídia. Eu mesmo que tenho contato com LoL desde 2010 e que consumi em algum momento um pouco de cada lançamento da Riot, confesso que em alguns momentos achei muita informação solta e mal explicada.
Seguindo ainda comentado a história, mas sem dar spoilers, logo de início você tem uma boa impressão de que as coisas serão interessantes e um bom plot será construído ali. Há algumas animações muito bem desenhadas para ajudar a contar a história, e também o trabalho de dublagem (tanto em inglês como em português) é de uma excelente qualidade, como já visto em outros trabalhos da Riot. O ponto principal é: a história vai ficando mais previsível e clichê a cada capítulo que passa. Qualquer pequena reviravolta acaba sendo exatamente o que você esperava. Além disso, senti que colocaram algumas aparições no game apenas pelo fan service. Não só pra dizer que existe uma luta com um campeão X, mas teve todo um cenário e sua história que não acrescentou em basicamente nada para a história de CONVERGENCE. Reforço: não foi nada ruim, apenas básico. Mal explorado ou aproveitado. Ainda mais considerando que Ekko é um personagem que pode ser muito bem aprofundado e qualquer coisa que envolva viagem no tempo também possui uma grande liberdade. Terminei o jogo sem qualquer grande surpresa e provavelmente me esquecerei de toda história em algumas semanas.
Falando um pouco da jogabilidade em si, CONVERGENCE: A League of Legends Story é um título de ação em plataforma 2D, bem aos moldes metroidvania. Na questão técnica, ele é sólido, sem problemas de performance até mesmo no PS4 base e entrega tudo isso que o gênero pede: exploração de mapas, batalhas dinâmicas, desafios de velocidade e habilidade com plataformas, locais opcionais e vários chefes. É possível customizar nos menus a dificuldade do jogo de diversas formas, seja aumentando sua vida, suas cargas do Revo-Z, de desafios ou modificando a dificuldade da batalha. Particularmente não achei um título tão complexo ou difícil, como um Hollow Knight da vida, mesmo aumentando a dificuldade. Na verdade, aumentar a dificuldade em si não foi uma experiência que achei divertida, pois não é como se gerasse uma complexidade extra em batalhas, apenas deixava os chefes mais “apelões”, usando um português bem de gamer reclamão.
As mecânicas que fazem o diferencial em CONVERGENCE são todas relacionadas aos equipamentos de Ekko que manipulam o tempo. Conforme você vai avançando no jogo vai liberando novas habilidades que passam a permitir realizar algumas outras ações, como um pequeno teleporte ou congelar painéis. Os jogadores de League of Legends reconhecerão suas habilidades do MOBA aqui neste título, incluindo sua ultimate, que também funciona como um ataque especial excelente para acabar com mobs de inimigos, mas que infelizmente demora bastante tempo para ser carregada. Todos esses poderes servem tanto para exploração como também para as batalhas, o que pode deixá-las bem dinâmicas em alguns momentos, principalmente se você usar e abusar de seu poder de retroceder alguns segundos do tempo e assim evitar um pouco de dano recebido. Apenas cuidado com o caos visual na tela, pois por diversas vezes será certo de que você irá perder o Ekko na meia de tanta confusão de suas habilidades e golpes dos inimigos.
Apesar de existirem todas essas habilidades que deixam a exploração do jogo mais versátil, a sensação de que tive era de que além do título ser extremamente linear, ou seja, não havia uma apelo para você explorar outras regiões fora daquele momento da história, também me parecia que o jogo estava se tornando muito repetitivo. A utilização das habilidades foram se tornando as mesmas, das exatas mesmas formas, sem qualquer surpresa ou dificuldade maior. Senti que esses poderes de tempo de Ekko poderiam ser melhor explorados no jogo. Também não existiam puzzles onde exigia um certo raciocínio para sua resolução. Tudo é apenas usar a habilidade e ir para o local. Senti falta de algum momento marcante de plataforma utilizando o que é de diferencial do jogo, algo que provavelmente você lembrará se pensar em algum Ori, Rayman ou até mesmo qualquer Mario, Donkey Kong, Megaman ou Sonic.
Não há muito apelo para o conteúdo de colecionáveis do jogo. Alguns deles liberam skins para seu personagem e outras alguns itens ou um pouco de moeda no jogo. Esse dinheiro, que também é coletado ao derrotar inimigos, pode ser utilizado para criar “acessórios” que geram algum efeito extra para Ekko ou então fazer upgrades em suas habilidades. Para habilitar todos, será preciso explorar bastante o mundo e ir atrás de muito dinheiro. Finalizei pela primeira vez a história final já tendo pegado quase todos os colecionáveis e ainda assim faltava bastante dinheiro para comprar todos os upgrades. Há também algumas cartas espelhadas pelos mapas que acrescentam um pouco mais na imersão na história Zaun, mas nada ainda a ponto de corrigir o fraco background.
O título não é longo. É possível terminar CONVERGENCE em um dia se você tiver paciência e não enjoar com um pouco de repetição por algumas horas. Existe até um troféu de finalizá-lo em algumas horas (e o título possui platina). Porém, eu acabei sem aquela sensação de querer revisitá-lo e também com a pergunta: para quem ele foi feito? Para os fãs do gênero, o título traz uma experiência apenas OK e que poderia ter sido melhor explorada. Para quem quer começar a conhecer o universo de League of Legends poderá ser uma imersão confusa já que falta bastante informação prévia para se entender o que está acontecendo. Já para quem é muito fã do MOBA, talvez possa se sentir agradado em alguns momentos por referências e um pouco de fan service, mas que talvez não se sinta tão marcado pelo restante. No fim, é um bom título para passar o tempo, mas que não deve deixar nenhum grande legado para os jogos de plataforma e nem mesmo para a história de Ekko.
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Riot Forge.
Veredito
CONVERGENCE: A League of Legends Story é um titulo que não tenta ousar muito nem em seu gameplay de plataforma e nem na história de um personagem tão importante no universo de League of Legends como Ekko. É um jogo que traz uma experiência divertida por algumas horas e pode agradá-lo um pouco mais caso seja bastante fã da franquia. Fora isso, não é algo memorável nem para o gênero e nem para o universo de League of Legends.
CONVERGENCE: A League of Legends Story
Fabricante: Double Stallion Games
Plataforma: PS4 / PS5
Gênero: Ação / Plataforma / Metroidvania
Distribuidora: Riot Forge
Lançamento: 23/05/2023
Dublado: Sim
Legendado: Sim
Troféus: Sim (Inclusive Platina)
Veredict
CONVERGENCE: A League of Legends Story is a title that doesn’t try to be too daring either in its platform gameplay or in the story of a character as important in the League of Legends universe as Ekko. It’s a game that brings a fun experience for a few hours and may please you a little more if you’re a big fan of the franchise. Other than that, it’s not memorable either for the genre or for the League of Legends universe.