Code: Realize ~Guardian of Rebirth~

Code: Realize ~Guardian of Rebirth é o primeiro título otome original da Aksys Games desde Sweet Fuse, lançado para o PSP em 2013. Lançado para o Playstation Vita, o jogo foi desenvolvido pela Idea Factory sob a marca “Otomate”, responsável por todos os outros títulos do gênero lançados pela Aksys no Ocidente. Sendo otome, o jogo está dentro do gênero conhecido como “visual novels”, jogos em que você acompanha a história lendo e fazendo escolhas para definir o seu caminho.

Code Realize: ~Guardian of Rebirth~ acompanha a história de Cardia, a protagonista no jogo. Ela acorda em uma mansão sem nenhuma memória do seu passado, a não ser pelas palavras de seu pai dizendo que ela é um monstro, que nunca deveria sair da mansão e que não poderia conhecer o que é amor. Cardia passa dois anos reclusa, sem nenhum contato com outras pessoas. Acontece que ela descobre que produz um veneno constantemente, transmitido para qualquer coisa através do seu toque e por sua pele. Tudo que ela toca é destruído, derretido, sem nenhuma explicação.

Após os dois anos, sua mansão é invadida pelos guardas da Rainha para ser capturada. A história inteira se passa na Inglaterra durante o século XIX. Sua captura é interceptada por Lupin, um ladrão com fama internacional, o qual acaba salvando a donzela dos guardas e a leva para a capital. Cardia descobre que seu pai, o mesmo que a abandonou dois anos atrás, é um renomado cientista que auxiliou em inúmeros avanços tecnológicos para o governo britânico, além de ter instalado no peito de Cardia uma série de cristais misteriosos, capaz de gerar uma quantidade infinita de energia.

Logo, a história segue o seu rumo. Cardia é perseguida pela organização “Twilight”, por conta dos seus cristais e a enorme gama de aplicações para que eles podem ser usados, além de outros personagens misteriosos na trama, cada um com sua própria motivação. Não são só vilões que aparecem no caminho da protagonista, ela também conhece vários homens que acabam a ajudando em sua jornada para descobrir o mistério por trás dos cristais e o paradeiro de seu pai.

É justamente neste ponto que entra o gênero do jogo, “otome”. Conhecido por ser um gênero no qual o jogador controla uma garota para escolher um entre vários possíveis candidatos para o seu coração, Cardia poderá escolher entre os seus companheiros em sua jornada quem poderá conquistar o seu coração. Temos vários personagens conhecidos em mitos e histórias, como Arsène Lupin, Abraham Van Helsing, Victor Frankenstein, até o Conde de Saint-Germain e Impey Barbicane. O jogo também não se atém à realidade, já que vampiros e outros seres também aparecem durante a história.

O ponto forte de Code: Realize ~Guardian of Rebirth é o de ser um otome com uma história forte o suficiente para se manter por si só. Muitos jogos do gênero acabam sendo conhecidos por ter uma história fraca, apenas como fundo para o jogador explorar as relações românticas com os vários pretendentes. Code: Realize vai além e cria uma história interessante até mesmo para aqueles que não estão interessados em conhecer vários rapazes e explorar o romance. É uma exceção à regra e merece um destaque, já que, assim, consegue atrair ao mesmo tempo fãs do gênero e novatos que nunca jogaram algo parecido.

Por se tratar de uma “visual novel”, o jogo é inteiro composto por diálogos entre os personagens e monólogos da protagonista, limitando a interação do jogador a apenas escolhas que mudam o rumo da história. Assim, Code: Realize dispõe de vários finais a serem explorados, um diferente para cada pretendente, e até mesmo outros finais ruins, que podem aparecer caso alguma escolha errada seja feita. Porém, não se preocupe, o jogo conta com vários modos de avanço de diálogo e, caso você acabe caindo em um final ruim, é apenas questão de minutos até você chegar ao ponto que parou e poder fazer uma escolha diferente.

O design e arte dos personagens são bem feitos, cada um com seu traço distintivo, tanto na arte quanto na personalidade. Há uma escolha para cada gosto, entre o misterioso e carrancudo Van Helsing até o palhaço e divertido Impey Barbicane. Os desenhos da Londres “steampunk”, até o Palácio de Buckingham, são bem detalhados e há uma atenção especial aos detalhes de cada cenário em que se passa a história.

A trilha sonora é um ponto interessante, já que consegue se manter em alguns pontos como cenas de ação, e alterar o humor quando o clima fica descontraído. O único problema seria a falta de variedade, pois muitas vezes a mesma música é repetida em cenas diferentes, por conta da similaridade de emoções. O diálogo todo é dublado em japonês, sem opções para alterar para qualquer outro idioma. Existem opções para desligar as vozes em japonês, caso prefira jogar o jogo sem um diálogo falado. O jogo é inteiramente legendado em inglês, também sem opções para alteração.

Quando se trata de “visual novels”, já se espera uma duração de razoável a grande. O jogo requer entre 15 a 20 horas para o seu primeiro final, e pode chegar a até 35 horas para conseguir assistir a todos os finais possíveis dentro do jogo. Para os fãs de troféus fáceis, o jogo é bem linear, você consegue troféus a cada capítulo, para cada final diferente, até mesmo para conseguir todas as imagens do jogo. Caso seu interesse não seja na história e prefira alcançar a platina o mais rápido possível, você consegue completar o jogo 100% em questão de horas pulando todo o diálogo.

Para Code: Realize ~Guardian of Rebirth, eu tiro o meu chapéu. O jogo consegue ter uma história interessante, personagens cativantes, um enredo misterioso que incita o jogador a chegar até o final para desvendá-lo, tudo sem nenhum prejuízo ao romance que se passa entre a protagonista e seus companheiros. Ele não tira a escolha das suas mãos como em Amnesia: Memories, não prolonga a história por várias e várias horas até ter algum avanço significativo como em Hakuoki: Stories of the Shinsengumi, enquanto tem uma história interessante que chega ao nível das melhores “visual novels” da plataforma. Desde Sweet Fuse: At Your Side em 2013 não tínhamos um otome digno de recomendação para quem nunca ouviu falar do gênero.

Jogo analisado com código fornecido pela Aksys Games.