Call of Duty: Black Ops

Acreditem, é muito difícil começar uma análise sobre Call of Duty (CoD). Afinal, o que há para se comentar sobre a série? Que é o gigante da geração, capaz de ofuscar as vendas de inúmeros outros jogos de peso? Que cada nova iteração do jogo é mais refinada que a anterior? Que, a despeito de todos criticarem a postura da Activision com a franquia, a série vende cada vez mais jogos?

Para os que não sabem, CoD nasceu em 2003, da Infinity Ward  (IW), os mesmos criadores de Medal of Honor. O jogo foi aclamado pela crítica e pelos usuários, e uma sequência era inevitável. Em 2005 tivemos CoD 2, e desde então, todos os anos temos um novo CoD em mãos. Obviamente, sequências anuais são problemáticas (como provaram Tomb Raider e Tony Hawk’s Pro Skater), mas a Activision busca evitar o decaimento de qualidade colocando dois times (agora três, com a Sledgehammer) para alternar os anos de produção. O jogo que elevou a notoriedade da série, CoD 4: Modern Warfare (MW), foi lançado em 2007, e a exemplo de seu sucessor do ano passado, foi desenvolvido pela IW. CoD 3 e World at War (WaW), porém, foram desenvolvidos pelo "segundo time"- Treyarch. Desde Modern Warfare 2 (MW2), já lemos e relemos histórias de royalties e a má relação da IW – enfim, não vamos nos delongar com isso. Resumidamente, Black Ops (BO), seguindo a alternância, foi feito pela Treyarch, e muitos consideram que, embora seus jogos sejam bons, eles nunca chegaram ao nível daqueles criados pela IW

 

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É com grata surpresa, então, que BO não só seja tão bom quantos os CoDs da IW, mas superior a eles em alguns aspectos. O primeiro, e talvez mais impactante deles, é a campanha. Black Ops conta a história de Alex Mason, um agente Norte-Americano encarregado de realizar missões em segredo para seu governo – um Black Op. Alex está preso a uma cadeira elétrica e está sendo interrogado por figuras misteriosas que querem saber algo sobre "os números" – algo que Alex não faz a menor idéia do que se trata. Durante as sessões de interrogatório e tortura, Alex narra os eventos que levaram à esta situação, começando por uma missão na Baía dos Porcos, em Cuba, em que Alex e seu time recebem a  missão de assassinar o então revolucionário Fidel Castro. A missão parece ser bem-sucedida, mas Alex acaba abandonando o avião no qual ia fugir, para garantir a liberdade de seu grupo, sendo capturado logo depois. A história prossegue daí com uma boa dose de reviravoltas e encaixando de ótima forma a trama fictícia do jogo em eventos reais ocorridos na década de 60. O enredo de BO é muito bom, e não apenas pelo fraco padrão de histórias de FPS – ele é genuinamente interessante e instiga o jogador a continuar. Considerando que CoD é tão popular por causa de seu Multiplayer, o cuidado da Treyarch com a história da campanha é digno de elogios.
 
Não apenas a história, mas o andamento da campanha é ótimo e nunca possui momentos chatos (frustrantes em termos de dificuldade, talvez, mas não "chatos"), e talvez seja até frenético demais. O single player conta até mesmo com alguns momentos sobre veículos, e estas são algumas das melhores partes do jogo. A única crítica à campanha é a falta inexplicável de um modo história cooperativo. WaW (também da Treyarch, como dito acima) possuía a opção de se jogar a campanha inteira em Co-op, então a falta deste modo aqui não tem justificativas, em especial porque em apenas um único momento da campanha você controla um personagem sozinho – e esta parte nem mesmo possui inimigos.
 

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O modo Zombies, por outro lado, satisfaz esta falta de Co-op, e substitui, de certa forma, o excelente Spec Ops de MW2. Zombies é exatamente como o modo homônimo de WaW, e é tão divertido quanto, contando com personagens de falas engraçadíssmas – a abertura do mapa Five é simplesmente espetacular – eliminando os mortos-vivos das maneiras mais eficazes que encontrarem. Zombies conta com dois mapas na versões "comuns" de BO e alguns a mais na versões Hardened e Prestige, e infelizmente, isso significa pouca variedade. Um pouco deste defeito é consertado pela presença de um jogo secreto chamado Dead Ops, em que a câmera acompanha por cima o seu personagem enquanto você destrói hordas infindáveis de zumbis em um estilo bem "bullet-hell". De forma geral, os modos Zombies são divertidíssimos, especialmente se jogados com amigos. O grande problema deles é que, embora satisfaçam a falta de Co-op, os modos zumbis ainda empalidecem diante do Spec Ops de MW2, que contava com nada menos que 23 missões variadas para se jogar com um amigo. Comparativamente, Zombies peca exatamente no que foi dito acima: variedade.
 
Variedade, porém, é o que não falta no Multiplayer. Não vamos nos estender muito no que se manteve como em MW2: ótimos mapas, ritmo frenético, variedade incrível de armas, toneladas de itens, perks e killstreaks para se destravar. Vamos nos focar no que é diferente. Primeiro, o sistema de evolução foi mudado drasticamente. Você continua ganhando experiência e subindo de level, mas isso não mais destrava armas para usar – apenas para comprar. Sim, comprar. Agora, ao subir de level, você recebe COD Points, um sistema monetário que permite a você comprar o que quiser (desde que, obviamente, tenha COD Points suficientes e tenha destravado o item). A impressão inicial é que acaba dando no mesmo, mas esse novo sistema faz uma diferença crucial: a diferença de level agora é pouco influente nos matchmakings. É claro que jogadores de maior nível possuirão armamentos e perks a mais, mas como cada jogador compra o que quiser e evolui como quiser, o jogo fica muito mais equilibrado.
 

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Os COD Points acompanham também a melhor novidade do jogo: os Wager Matches. Wager Matches são modos de jogo em que cada jogador, ao entrar, aposta uma quantidade de COD Points (existem lobbies para apostas pequenas, médias e altas). Basicamente, você aposta que vai chegar entre os 3 primeiros colocados dos 6 disputantes. São modos que ignoram seu level, perks, armas e afins, e são puramente batalhas de habilidades. One in the Chamber é um dos mais tensos: cada jogador começa armado com uma pistola e uma bala, e possui 3 vidas. Ao matar um inimigo, você recebe uma bala, mas se você errar o tiro, estará restrito à faca. Sharpshooter coloca todos os jogadores com a mesma arma, e a cada 45 segundos, esta arma é trocada. Cada morte vale um perk, então emendar killstreaks é fundamental. Sticks and Stones arma os jogadores com o Crossbow, a Ballistic Knife (BK) e Tomahawks. A grande diferença é que, ao acertar o inimigo com a Tomahawk, os pontos dele serão zerados, garantindo que o placar sofra mudanças drásticas com o passar do jogo. Por fim, Gun Game, o modo favorito do autor, coloca os jogadores em uma espécie de escalada de armas: todos começam com o revólver, e cada morte avança um nível de armas: pistolas duplas, Shotguns, Assault Rifles e seguindo assim até a vigésima arma, a BK. Aquele que conseguir matar com a BK vence o jogo, mas há um porém: ser esfaqueado (não confundir de forma alguma com a BK) faz você retroceder um nível. Os Wager Matches são frutos da própria comunidade de CoD, e são simplesmente sensacionais. Esse pacote todo é acompanhado por um ótimo serviço online, e o autor não encontrou em momento algum problemas no matchmaking ou sequer lags.
 
Graficamente, BO é tão bonito quanto MW2, e usa a mesma engine de WaW, com algumas melhorias no que diz respeito aos modelos de personagens, embora não exista nenhuma evolução significativa em relação ao ano passado. Há também agora um sistema de desmembramentos, mas não pense que se equipara ao visto em Dead Space – aqui, ele serve apenas por uma função mais estética. A paleta de cores continua suave, mas alterna momentos de coloração mais forte, criando um bom contraste. No tocante ao som, a trilha sonora é mais proeminente que em MW2, e ajuda a criar mais clima, mas o grande destaque são as vozes. Seu personagem controlável agora fala, e isso adiciona uma bela camada de complexidade ao enredo. As vozes contam com talentos como Sam Worthington (Alex Mason), Gary Oldman (sim, o Comissário Gordon dos Batmans de Cristopher Nolan, aqui reprisando sua interpretação brilhante de Viktor Reznov, um dos personagens principais de WaW), Ed Harris (Hudson) e outros.
 

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Obviamente, nem tudo é perfeito. A campanha, embora ótima, sofre com algumas raras instâncias de falta de clareza. A missão SOG já é infame por possuir um certo Checkpoint que não indica de forma alguma o próximo objetivo do jogador e pode travar os menos persistentes. Além disso, a Treyarch optou por utilizar o sistema de respawn infinito de inimigos como em WaW (ao invés de limitar o número como em MW2), o que pode ser (e muitas vezes é) extremamente frustrante. O spam de granadas, que fazia de WaW na dificuldade Veteran uma verdadeira tortura (lembram-se de Fall of the Reich?), está de volta em alguns poucos lugares de BO também. O sistema de Checkpoints é por vezes falho e, culpa direta do respawn infinito, pode fazer com que o jogador renasça de frente a um inimigo que o mata rapidamente (com o autor aconteceu na fase Numbers). São erros bobos e que MW2 já havia corrigido, o que nos faz questionar por que a Treyarch não seguiu o mesmo caminho.
 
O modo Zombies padece de alguns pequenos problemas também. Muitas vezes o jogo cancela o microfone em partidas online, o que dificulta em muito a jogatina. Outro erro, menos importante, é que o Melee muitas vezes falha de maneira bizarra no modo zumbi, consequência da hitbox dos personagens e dos inimigos se comportarem de forma estranha em alguns momentos. Essa hitbox também parece sofrer algumas vezes em partidas do modo Multiplayer.
 
Para completar, algumas pessoas vêm encontrando bugs nos troféus relacionados à dificuldade. Por vezes, os troféus de terminar determinadas fases na dificuldade Veteran e alguns outros relacionados às missões simplesmente não destravam. Os troféus, porém, são de dificuldade razoável e devem apresentar uma dificuldade semelhante à encontrada em MW2 – talvez até um pouco mais fácil, devido à falta de Spec Ops.
 

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Black Ops é um jogo digno do nome monolítico que CoD carrega na geração. Talvez ele siga a série ao pé da letra até demais, e alguns erros que já deveriam ter sido sanados persistem. Entretanto, BO conta a melhor história de campanha da série, possui o componente Multiplayer mais refinado e original da franquia desde Modern Warfare e ainda conta com um divertidíssimo modo zumbi. Não deixe o excesso de hype fazê-lo torcer o nariz: Black Ops é excelente e merece, e muito, ser jogado.
 
 
Outra opinião – Bruno Ferreira Machado


Black Ops é um ótimo jogo. A história é excelente, o multiplayer é muito abrangente e o modo Zombies com certeza é um ótimo adicional. Porém, o jogo tem algumas falhas graves. Em alguns pontos surgem bugs inexplicáveis, como o encontrado pelo autor na fase 2, Vorkuta, no ponto em que você deve escoltar um personagem. Esse personagem travou atrás de um barril e de lá não saiu, mesmo morrendo e retornando a um checkpoint anterior. A solução foi iniciar a fase novamente, um grande inconveniente. Vários troféus apresentam problemas e não são conquistados mesmo que os pré-requisitos sejam cumpridos. O modo Zombies é bom, mas não chega nem aos pés do fantástico Spec Ops de Modern Warfare 2. Por último, nenhum jogo da série conseguiu ter o mesmo "fator uau" de Modern Warfare. A série, apesar de fantástica, precisa de uma nova revolução, algo que faça o jogador ficar de boca aberta, tal qual acontecia em praticamente cada fase de Call of Duty 4.

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