Blue Fire – Review

Nos últimos anos, inúmeros desenvolvedores independentes têm conseguido lançar seus diversos jogos. Alguns conseguem um sucesso acima do normal, outros nem tanto. Blue Fire, lançado em fevereiro para Switch e PC e que chega agora ao PS4, pode estar passando despercebido pelo radar de muitos jogadores e torço para que esta análise mude a situação. O jogo não é perfeito (longe disso), mas consegue entregar uma fórmula que mescla diversos jogos conhecidos de uma forma convincente e divertida.

Desenvolvido pelo estúdio argentino ROBI Studios, Blue Fire é um jogo de aventura com alguns elementos de RPG mas, acima de tudo, é também um título de plataforma 3D. Quando ofereceram o game para análise, o título do e-mail o descrevia como uma mistura de Zelda com A Hat in Time. Leva um tempo para você perceber que é basicamente isso mesmo, mas o jogo vai um pouco além.

Blue Fire

A história de Blue Fire acontece em um castelo flutuante que lembra facilmente um Castlevania. A ambientação dentro dele, porém, nos faz lembrar um pouco de Hollow Knight. Mas a estrutura do gameplay lembra mesmo um Zelda misturado com metroidvania – sem contar a jogabilidade no estilo plataforma 3D. É uma confusão de fórmulas que no fim dá certo.

Em sua jornada, cuja história é explicada aos poucos e até de uma maneira confusa, você explorará templos místicos, encontrará sobreviventes e encarará estranhas missões para coletar itens valiosos. Ou seja, acabei de descrever um Zelda.

No início (na área inicial pelo menos), você aprende o básico do jogo e é um tanto quanto linear. Ao chegar na primeira cidade, o ambiente se torna uma espécie de hub em que você começa a explorar onde deve ir em seguida. Ao começar a navegar por toda a região que existe de forma mental, você vai entender que existem basicamente “dungeons” que precisam ser conquistadas solucionando alguns puzzles e enfrentando um chefe ao final de cada uma delas.

Quem conhece a série Zelda, vai captar esse sistema na hora. Caso nunca tenha jogado, é isso que acabo de descrever: cada canto do jogo possui um labirinto (a tal dungeon, portanto calabouço, caso prefira chamar assim) que, em seu final, há um chefe que após ser derrotado, permite que o caminho para o próximo local se abra. Em cada labirinto, você ganha um item especial que melhora o personagem e também permite solucionar puzzles específicos daquele local.

Blue Fire

Uma coisa que Zelda oferece e Blue Fire não copiou (mas devia) é um mapa. Após andar por vários locais explorando, você gera um mapa mental. Mas se você não tem essa capacidade e esquece fácil por onde andou, um mapa faz bastante falta.

No meio dessa jornada principal, há missões paralelas dadas por determinados NPCs. Essas missões envolvem coisas como pegar um item pedido ou achar um NPC específico. São coisas simples na maioria dos casos, mas que instiga a exploração.

A estrutura, como podemos ver, é bastante simples e direta. Blue Fire copia Zelda sim, mas não é na “cara dura”. Jogando você tira essa conclusão somente após avançar bastante na história, tornando as analogias mais claras. Mas enquanto que os elementos de Zelda só ficam claros mais tarde, os de plataforma 3D, como A Hat in Time citado no início do texto, são evidentes desde o começo.

Blue Fire

Blue Fire é, sem dúvida alguma e em primeiro lugar, um jogo de plataforma 3D. Toda a exploração do jogo e principalmente os chamados Desafios do Vazio exigem uma habilidade do jogador para esse gênero. No início, você tem apenas um pulo e um dash que pode ser feito tanto no ar quanto no chão. Mas conforme avança no game, mais habilidades de locomoção são destravadas, como andar pelas paredes e pulo duplo, por exemplo.

Isso nos leva ao “backtracking”. Você notará que existem muitas seções que parecem inatingíveis – um simples pulo duplo as tornariam alcançável, mas, para isso, é preciso ter a habilidade e retornar a esses pontos quando a tiver.

Além dos itens em si que melhoram os pulos, temos outros como as Túnicas (a maioria é cosmética, mas há algumas que alteram o personagem como ter um pulo mais alto), as várias espadas (não possuem efeitos, apenas causam mais dano conforme vai descobrindo novas) e os Minérios, que basicamente são o dinheiro in-game. Há também os chamados Espíritos – espécies de “perks” (ou seja, melhorias) que você equipa no seu personagem e possibilita coisas como um dash mais longo e ataques aéreos causarem mais dano. Esses Espíritos ficam espalhados pelo jogo, mas o espaço para equipá-los é aumentado com os itens pegos no Desafios do Vazio citados anteriormente (ao completá-los, você também aumenta o tamanho da sua vida). Muitos desses Desafios são realmente difíceis, inclusive para veteranos de plataforma 3D, o que pode tornar o upgrade de seu personagem consequentemente mais difícil.

Aliás, apesar de uma forma geral todo esse lado plataforma 3D de Blue Fire agradar, é preciso salientar que a câmera me irritou em determinados pontos, principalmente nos Desafios do Vazio mais difíceis. Há momentos que gostaria que a câmera fosse mais afastada para ter uma visão melhor do ambiente e você não tem essa opção – apenas pode controlar o básico. Exemplifico: em muitos Desafios, você passa por serras mortíferas. Quando há muitas delas em sequência, é necessário posicionar a câmera de uma forma não muito intuitiva, pois se deixar atrás do personagem, você verá apenas serras. Um controle da câmera que permitisse afastá-la ajudaria muito e deixaria menos frustrantes algumas partes.

Blue Fire

Enquanto o lado plataforma 3D de Blue Fire agrada, assim como a sua estrutura geral e exploração, o combate poderia ser melhor.

O sistema de combate, como você pode imaginar, também é inspirado na aventura de Link e utiliza o sistema de Lock-On introduzido em The Legend of Zelda: Ocarina of Time. Ao apertar L2, você trava a mira em um inimigo e o gameplay gira em torno dele. O problema do combate de Blue Fire é que não existe razão alguma para você atacar no chão. Além de deixar você vulnerável, a locomoção aérea é muito mais ágil.

Ou seja, todo o combate de Blue Fire, durante o jogo inteiro, se torna em pular, atacar umas 3 ou 4 vezes com a espada, se afastar e esperar a próxima oportunidade de repetir isso. E essa repetição ocorre com todos os inimigos. Em outras palavras, todos os inimigos, sejam eles chefes ou comuns, são vulneráveis a essa estratégia. O combate é basicamente a mesma coisa o tempo todo: pula, ataca, afasta, repete – não importa qual seja a ameaça. E você só precisa repetir por causa da gravidade.

Existem outros dois mecanismos: a defesa e a magia. Ambos utilizam uma barra de MP que você possui abaixo da vida. Mas… são inúteis. Em toda a minha aventura até a platina, não utilizei os dois sistemas uma única vez. Além de gastarem muito MP de forma rápida, é muito mais fácil simplesmente desviar do inimigo (ao invés de defender) ou ir em sua direção com o dash aéreo do que lançar uma magia. Ou seja, são outras duas mecânicas que tentam tornar o combate variado e acabam fracassando no processo.

Blue Fire

Blue Fire oferece legendas em português do Brasil, mas há algumas traduções meio estranhas, principalmente nos menus. Outro ponto que não mencionamos é a trilha sonora que, apesar de não ser marcante e excepcional, é muito boa.

Blue Fire não é um jogo muito longo: se você for habilidoso com o gênero plataforma 3D, conseguirá o troféu de platina em cerca de 10 a 15 horas no máximo. Mas ao concluir a aventura, concluirá que é um desafio na medida certa – não parece nem muito curto e nem muito longo. Com sorte, uma sequência existirá e trará um combate mais refinado.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Graffiti Games.

Veredito

Blue Fire é uma mistura que deu certo de jogos consagrados. É extremamente recomendado para qualquer fã de jogos de plataforma 3D, aventura e exploração. O combate poderia ser melhor, no entanto.

80

Blue Fire

Fabricante: ROBI Studios

Plataforma: PS4

Gênero: Ação / Aventura / Plataforma

Distribuidora: Graffiti Games

Lançamento: 23/07/2021

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (inclusive Platina)

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Veredict

Blue Fire is a successful mix of established games. It is highly recommended for any fan of 3D platform, adventure and exploration games. The combat, however, could be more interesting.


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