BloodRayne, como franquia, é um caso curioso. O primeiro jogo, lançado em 2002 para o PlayStation 2, teve uma recepção forte o suficiente para garantir não apenas uma continuação, em 2004, mas também levou a protagonista titular para as telonas, com Kristanna Loken assumindo as presas da vampira em 2005. Outros dois filmes de orçamento menor foram produzidos posteriormente, mas o apelo da franquia aparentemente já havia se esgotado.
Eis que, em 2011, a WayForward revela Betrayal para PlayStation 3. Ao invés de um jogo em terceira pessoa como os dois jogos anteriores, o estúdio optou por uma abordagem de hack’n’slash em progressão lateral. A intenção era tentar reanimar a franquia, mas o fraco desempenho de vendas do jogo teve o efeito inverso e resultou no cancelamento de um quarto jogo que estava em desenvolvimento para o 3DS.
Quase uma década depois, em 2020, a Ziggurat Interactive adquire os direitos da franquia. Após o lançamento de remasterizações dos jogos originais, o terceiro título também recebeu uma nova chance com Fresh Bites, lançado para as plataformas PlayStation 4 e 5.
Neste jogo, a vampira Rayne é recrutada por membros da Sociedade Brimstone para encontrar e investigar um castelo subterrâneo. A história é mantida num nível bem superficial, mas conforme ela se aprofunda no castelo algumas poucas revelações são feitas, como a presença do lorde vampiro Kagan na liderança dos eventos que estão ocorrendo ali.
De forma grosseira, a versão remasterizada é amplamente igual à original. Além das melhorias esperadas, como o aumento na resolução, a principal novidade se dá na forma de que agora todos os balões de diálogo contam com dublagem. É um chamariz interessante, afinal traz Laura Bailey de volta ao papel principal após um hiato de quase 17 anos, mas é necessário citar também que são pouquíssimas linhas de diálogo no decorrer dos quinze capítulos.
Não se deixe enganar, porém, pois a versão original por si era excelente. Suas principais características permanecem inalteradas: seu belo estilo artístico combinado com animações fluídas, um sistema de combate dinâmico e eficiente, e uma ótima trilha sonora que mescla tons clássicos e tons mais pesados com maestria.
Um fator notório do jogo original era sua dificuldade, que beirava níveis sádicos. Para a remasterização, o jogo foi rebalanceado de forma a se tornar mais acessível, mas ainda assim existe uma curva de aprendizado acentuada, uma vez que os combates contam com diversos inimigos simultâneos e é comum sofrer vários ataques consecutivos, antes que você consiga reagir.
Isso nos leva ao sistema de combate. Além de combos corporais com suas lâminas, possibilitando jogar certos inimigos ao ar ou chutar inimigos um sobre os outros, criando um efeito dominó, Rayne possui uma poderosa pistola para atingir inimigos a distância. Com sua quantidade limitada de disparos, o jogo incentiva que você parta sempre para ofensiva, e isso é evidente quando consideramos que Rayne tem frames de invencibilidade durante sua animação de corrida.
Seu lado vampírico vem a tona na hora de recuperar barra de vida, da maneira mais óbvia para isso: distraia um inimigo com um ataque e rapidamente agarre-o para sugar seu sangue. Rayne tem uma habilidade extra nesse contexto que ela pode infectar os inimigos que morder ao invés, podendo explodi-lo na sequência e causar uma reação em cadeia em outros inimigos.
Essa habilidade também é usada na navegação dos ambientes. Capítulos mais avançados exigirão que você use inimigos para explodir paredes, por exemplo, além da navegação mais tradicional para o gênero que exigirá precisão para navegar sobre plataformas móveis e curtas em áreas repletas de armadilhas letais. Os níveis não são particularmente longos e são generosos em seus checkpoints, mas jogadores menos pacientes certamente se encontrarão frustrados com frequência.
E isso nos leva ao ponto final. Betrayal é um jogo curto, cuja duração depende exclusivamente da habilidade do jogador. Tendo um entendimento de suas mecânicas, como era o meu caso que já havia jogado a versão para PS3 no seu lançamento, me surpreendi ao terminar o jogo em cerca de duas horas. Existem colecionáveis e um sistema de pontuação que pode incentivar os jogadores a repetir os capítulos em busca de ranks melhores, mas o fator replay do jogo é basicamente não existente.
De qualquer forma, com o retorno de Bailey para dublar a protagonista e a remasterização dos três jogos da série, tornando-os prontamente acessíveis para as plataformas da atual geração, resta torcer para que esse seja o ponto de virada que a franquia BloodRayne precisava.
Veredito
BloodRayne Betrayal: Fresh Bites é amplamente o mesmo jogo bom e difícil lançado anos antes. O retorno de Laura Bailey como dubladora da protagonista é bem-vindo, assim como as mudanças no balanceamento de dificuldade que tornam o jogo mais acessível mas não menos desafiador.
BloodRayne Betrayal: Fresh Bites
Fabricante: WayForward
Plataforma: PS4 / PS5
Gênero: Ação
Distribuidora: Ziggurat Interactive
Lançamento: 09/09/2021
Dublado: Não
Legendado: Não
Troféus: Sim (inclusive Platina)
Veredict
BloodRayne Betrayal: Fresh Bites is vastly the same good and challenging game released years ago. Laura Bailey returning as Rayne is a welcome addition, and so are the new balance changes to difficulty which make the game more accessible but not less challenging.