Quem acompanhou o trabalho da The Game Kitchen em Blasphemous, sabe que a desenvolvedora prestou um ótimo suporte entregando uma boa quantidade de conteúdo adicional gratuito ao título que marcou a estreia da jornada do penitente. Dessa forma, considerando que Blasphemous 2 foi um dos melhores jogos de 2023, não seria difícil imaginar que a empresa seguiria com a mesma proposta.
Porém, no caso da mais recente peregrinação, a desenvolvedora resolveu adotar o modelo de expansão paga para lançar um DLC que promete incrementar a experiência de jogo com novas áreas, inimigos e itens. Além disso, a atualização também vem acompanhada por uma série de melhorias na qualidade de vida e novas funções gratuitas.
Mas o que mais chama a atenção em todo o pacote, sem dúvidas, é o retorno da arma principal do primeiro jogo, aquela que se tornou um símbolo do protagonista, mas que foi destruída no final apresentado na expansão Wounds of Eventide. A Mea Culpa está finalmente de volta!
Por mais que a experiência de Blasphemous 2 tenha sido excelente, inclusive pelas inúmeras possibilidades criadas pela tríade de novas armas, confesso que não ter a espada original do penitente deixou o jogo meio sem sentido para mim. Então, a possibilidade de reavê-la criou uma enorme expectativa.
Antes de mais nada, é preciso dizer que o conteúdo adicional pago praticamente se funde com parte do mapa do jogo base, trazendo a hipótese de ativar um terceiro final com base em eventos encontrados durante o DLC. E se levar em conta o histórico do que a desenvolvedora fez com o primeiro jogo, é bem provável que esse se torne o final canônico para uma eventual terceira entrada na franquia.
É possível jogar as duas áreas do DLC, enfrentar os chefes e concluir a missão para readquirir a Mea Culpa de forma direta. No entanto, a impressão que fiquei é que a expansão será melhor aproveitada por aqueles que optarem por refazer a campanha. Uma das novidades gratuitas da atualização, alías, é a inclusão do modo Novo Jogo+.
Como eu possuía uma save justamente antes do último chefe, ainda consegui ver o novo final e curtir todo o conteúdo inédito. Porém, a maneira como algumas áreas foram modificadas com a disposição de novos itens, bem como a dependência das habilidades de locomoção da expansão, fez com que a exploração ficasse um pouco confusa.
Falando sobre as duas novas áreas, a grande novidade está nas mecânicas de movimentação. Uma habilidade conseguida logo no início da expansão permite ao penitente caminhar por plataformas de cristal. Além disso, alguns mecanismos encontrados em várias telas devem ser golpeados para ativar ou desativar elementos, dessa forma revelando caminhos, criando plataformas e apoios para escalada.
Assim como as três armas do jogo base, a Mea Culpa também acrescenta uma nova mecânica de locomoção. Com ela, é possível projetar um espectro para atravessar algumas barreiras de espinhos. Toda vez que um espectro for utilizado, as funções de pulo são reiniciadas. Isso resulta em ótimas sessões de escalada ao ar livre.
Todas essas novas mecâncias de movimentação são combinadas com as outras já disponíveis. Isso cria diversas situações em que sua agilidade será colocada à prova quando for necessário trocar de arma ou acertar um dispositivo durante sessões de plataformas mais complexas.
O combate com a Mea Culpa é bastante satisfatório. No geral, ela conserva boa parte de suas habilidades do primeiro jogo, mas também possui novos ataques, além de um especial chamado Remorso Encarnado. Quando a barra da espada estiver cheia, ativar a habilidade permite que o penitente reduza um pouco da culpa acumulada ao acertar ataques consecutivos sem sofrer dano.
Para melhorar a Mea Culpa, as Marcas do Martírio obtidas durante o jogo base não são suficientes. Para isso, é necessário encontrar altares escondidos nos mapas contendo as Marcas da Preceptora. Muitas vezes esses itens ficam em posições alcançáveis apenas com a habilidade de locomoção da Mea Culpa, o que resulta em uma boa dose de exploração e de backtracking para os que quiserem maximizá-la.
Os inimigos e os chefes da expansão oferecem um bom nível de desafio. A maioria dos novos inimigos básicos possuem ataques elementais de média distância e explosivos. Um deles invoca minions constantemente, e lidar com uma tela cheia deles juntamente com outros adversários e as mecânicas de plataformas pode ser um pouco frustrante.
Ao todo são apenas dois chefes, mas um deles reaparece para uma nova luta após ser derrotado. O primeiro boss do DLC foi uma grata surpresa, principalmente pelas mecânicas e o visual que me lembraram as batalhas de Blasphemous. Já a luta contra o inimigo principal da expansão requer reflexos rápidos, mas evidencia como o dano por contato nesse jogo pode ser problemático.
Além dos chefes principais, três minibosses devem ser derrotados em salas específicas para ativar o novo final. Cada um deles empunha uma das três armas do jogo base e as lutas se provaram um bom desafio.
Algo que me decepcionou foi os novos itens. As orações e os acessórios incluídos não se revelaram capazes de oferecer uma mudança significativa ou algo que abrisse o leque de builds para mim. Vale lembrar que me concentrei apenas nos mapas novos e no terceiro final, assim, é provável que tenha deixado para trás algum item importante que foi posicionado em áreas do jogo base.
No geral, Mea Culpa é uma expansão um pouco diferente de ser analisada. Se levar em conta apenas o conteúdo pago, diria que sua duração é um pouco curta para o valor cobrado no momento do lançamento. Apenas cerca de quatro horas foram necessárias para concluir as novas áreas, o que pode se arrastar um pouco mais caso queira alcançar os 100%.
A forma como o DLC se integra com o jogo base é um conceito interessante para uma atualização gratuita, mas que, em se tratando de uma expansão paga, acaba gerando uma falsa impressão de ser maior do que realmente é.
Eu diria que quem gostou de Blasphemous 2 vai aproveitar Mea Culpa especialmente se quiser explorar toda a campanha mais uma vez ou experimentar novos desafios com a lendária espada do penitente. Embora o conteúdo inédito seja pequeno, voltar para a peregrinação ainda é muito divertido.
DLC analisado no PS5 com código enviado pela Team17.
Veredito
Mea Culpa traz um bom conteúdo para Blasphemous 2, principalmente para os que quiserem reviver a experiência de uma nova campanha. Já para aqueles que preferem focar apenas no conteúdo pago, a volta da lendária espada do Penitente e a adição de novas áreas e desafios garantem algumas horas de diversão, apesar de deixar a impressão de ser uma expansão curta.
Blasphemous 2
Fabricante: The Game Kitchen
Plataforma: PS5
Gênero: Ação / RPG / Soulsvania
Distribuidora: Team17
Lançamento: 24/08/2023
Dublado: Não
Legendado: Sim
Troféus: Sim (inclusive Platina)
Veredict
Mea Culpa brings a lot of good content to Blasphemous 2, especially for those who want to relive the experience of a new campaign. For those who prefer to focus only on the paid content, the return of the legendary Penitent’s sword and the addition of new areas and challenges guarantee a few hours of fun, despite leaving the impression of being a short expansion.