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BLACKTAIL – Review

No folclore eslavo, Baba Yaga é comumente citada como uma bruxa de aparência peculiar. Uma figura cruel que mora na floresta em uma cabana decorada com crânios humanos. Muitos contos a associam ao canibalismo e a outros feitos macabros, mas também é possível encontrar histórias onde ela é descrita como uma figura maternal e uma espécie de fada protetora da floresta. E é exatamente desta dualidade que parte a proposta de BLACKTAIL.

Desenvolvido pela polonesa THE PARASIGHT e publicado pela Focus Entertainment, BLACKTAIL é um jogo de aventura em primeira pessoa com elementos de RPG ambientado na mitologia eslava. A história constrói a lenda da bruxa da floresta e nela você assume o papel de Yaga, uma adolescente de 16 anos frequentemente acusada de prática de bruxaria. Só que Yaga definitivamente não é uma garota comum. Portadora de uma marca de nascença em seu rosto, que a faz esconde-lo atrás de uma máscara, ela e sua irmã gêmea Zora foram deixadas órfãs na floresta ainda crianças e levadas para serem criadas no vilarejo mais próximo. Quando uma série de incidentes resulta no desaparecimento de alguns jovens, incluindo Zora, Yara é imediatamente responsabilizada e expulsa da aldeia. Ela passa a ser assombrada por visões e atormentada por uma voz em sua consciência e, inconformada, resolve partir em busca de sua irmã para tentar provar sua inocência.

A campanha principal levará por volta de 10 horas para ser concluída, mas pode se estender até para o dobro disso caso queira explorar todo o mapa. Se somarmos ainda o bom fator replay que o jogo proporciona, motivado pelas possibilidades oferecidas pelo sistema de reputação, temos aqui conteúdo suficiente para boas horas de diversão.

O sistema de reputação é um dos pilares de BLACKTAIL, onde praticamente cada ação terá consequências em sua barra de moral e mesmo as atitudes consideradas mais simples, como coletar recursos, podem ser abordadas de maneiras diferentes. Você pode destruir um ninho de pássaros e coletar as penas necessárias para criar suas flechas ou esperar que eles pousem para consegui-las. Uma colmeia pode ser derrubada ou você pode colocar uma flor para atrair as abelhas e coletar o mel sem sacrifica-las.

A todo momento você irá se deparar com situações em que deverá tomar decisões morais. O sistema de reputação funciona muito bem dentro da proposta do jogo e apesar de não resultar em diferentes finais para a campanha vai oferecer várias possibilidade de abordagem em missões e como o mundo vai reagir de acordo com o perfil que escolher seguir. A maior influência desse sistema de moralidade será nas habilidades de Yaga e como isso afetará o gameplay. Por exemplo, ao optar pelo caminho da escuridão você terá acesso a mais recursos de cura ao passo que se trilhar o caminho da luz conseguirá utilizar habilidades de dano através do tempo e coletar mais recursos para a criação de itens. Ao todo são quatro barras de reputação, uma principal que pode conferir diversos benefícios passivos de acordo com seu nível e três secundárias que vão influenciar em como você vai interagir com o mundo.

O foco principal de BLACKTAIL é a exploração. O jogo funciona no sistema de mundo semi aberto e é basicamente dividido em quatro áreas principais, cada qual correspondendo a uma estação do ano. Você terá sempre uma missão principal para seguir mas também poderá explorar livremente as áreas liberadas para encontrar missões secundárias, colecionáveis e itens para evoluir suas habilidades. Conforme for progredindo pela campanha novas áreas serão liberadas e ao final todo o mapa ficará disponível para exploração. Nesse ponto BLACKTAIL acerta em cheio. O mundo de fantasias criado pela THE PARASIGHT é obscuro, bonito e cheio de surpresas e você viverá a verdadeira sensação de como é se tornar uma bruxa da floresta e fazer parte de uma história de conto de fadas. As missões secundárias, os NPCs e até mesmo os colecionáveis adicionam ainda mais conteúdo ao mundo, tornando sua exploração muito recompensadora e fazendo de BLACKTAIL um jogo especial.

Não há um sistema de ganho de level e nem de pontos de experiência em BLACKTAIL. Toda a evolução de Yaga é feita através das páginas de feitiçaria que deverão ser encontradas para liberar novas habilidades. Estas páginas virão como recompensas de missões principais e secundárias, mas muitas delas também estarão escondidas ao redor do mundo. Ao descobrir essas habilidades ainda será necessário adquiri-las com recursos encontrados, ou seja, tudo que você coletar poderá ser utilizado para criação de itens ou evolução da personagem. O fato de não haver sistema de level no jogo acaba sendo um bom incentivo para explorar já que em nenhum momento você terá aquela sensação de que está fraco demais para determinada área ou que os inimigos estarão com um nível muito abaixo de você.

Mas a exploração em BLACKTAIL também sofre com algumas limitações. O sistema de viagem rápida é restrito e você poderá viajar para sua cabana, que funcionará como sua HUB, e dela para seu último ponto de viagem. Isso tende a tornar as idas e vindas pelo mapa um pouco monótonas, em especial quando já tiver explorado determinada região e e for necessário passar por ela novamente somente para entregar uma missão secundária ou coletar um item. Há um sistema de locomoção rápida que pode amenizar um pouco esta situação mas que ainda fará com que sua jornada fique um pouco cansativa ao final, em especial para os que forem buscar 100% no jogo.

Outro problema relacionado à exploração de BLACKTAIL é como o sistema de salvamento funciona. Salvamentos automáticos não são muito frequentes e você poderá salvar por conta própria ao interagir com sepulcros espalhados pelo mapa. Porém, em um jogo que incentiva a exploração, esse sistema não é muito funcional e acabou se mostrando um pouco punitivo. Por diversas vezes ao explorar o mapa me deparei com situações onde fui encurralado por inimigos e perdi boa parte do meu progresso, inclusive de missões secundárias e coletáveis que havia encontrado.

A jogabilidade de BLACKTAIL é centrada no combate através do arco e flechas. Você passará a maior parte do combate criando e disparando os três tipos de flechas disponíveis, mas também terá acesso a alguns feitiços e outras habilidades. O golpe corpo a corpo vai te ajudar a repelir os inimigos para longe e também pode ser evoluído para um golpe paralisante ou para uma habilidade que rouba vida, dependendo do karma de Yaga. Uma vassoura poderá ser colocada no cenário e funcionará como distração para os inimigos e também irá atrasa-los. Uma habilidade especial poderá dispersar grupos de inimigos ou até mesmo envenena-los. Apesar de a árvore de habilidades oferecer muitas opções para serem liberadas, a maioria será de habilidades passivas ou apenas uma evolução das habilidades básicas. Isso resulta em um combate que, apesar de divertido, pode se tornar repetitivo para alguns jogadores. Outra parte importante do combate de BLACKTAIL é o sistema de criação, onde basicamente tudo no jogo deve ser feito por você. O sistema de criação é de fácil acesso, intuitivo e muito prático de ser utilizado mesmo durante as batalhas.

O combate é responsivo e a inteligência artificial dos inimigos no geral é boa, porém o jogo sofre com a falta de variedade de inimigos e durante minha experiência encontrei pequenos bugs onde alguns deles ficaram travados no cenário. Mas a frequência desse tipo de bug foi baixa e não prejudicou o jogo. Já as lutas contra chefões são bem variadas e em grande parte envolvem uma mecânica principal a ser entendida. Essas mecânicas normalmente não são muito complexas e não devem ser uma barreira para atrasar seu progresso, mas ainda serão suficientes para oferecer um bom nível de desafio.

Um outro fato interessante da jogabilidade tem relação com a forma que a história é contada. Em alguns momentos você ajudará a montar as cutscenes do jogo como se de fato estivesse revirando as memórias de Yaga para entende-las. Em outras situações parte da história será desenvolvida através de pequenas cutscenes interativas de plataforma em 2.5D. Tudo isso funciona muito bem juntamente com o desenrolar da narrativa.

A performance de BLACKTAIL se mostrou agradável. No modo Desempenho o jogo manteve-se a maior parte do tempo a 60 frames por segundo, mas foi possível perceber pequenas oscilações em momentos ocasionais, o que no geral não afetou minha jornada. Há ainda a opção de deixar o modo Desempenho sem limites de quadros, mas esta opção acaba deixando o jogo com baixa resolução em algumas áreas. Já o modo Qualidade limita o número de quadros a 30 por segundo e não vai oferecer um ganho tão considerável na qualidade gráfica, sendo o modo Desempenho com o limite de 60 frames a melhor opção para aproveitar a experiência de BLACKTAIL. Além disso, durante meu período com o jogo também encontrei pequenos bugs que me impediram de progredir em algumas missões mas que foram solucionados ao carrega-lo novamente.

Se considerarmos que BLACKTAIL é o primeiro jogo desenvolvido pela THE PARASIGHT é louvável o que conseguiram atingir. O jogo oferece uma história cativante e misteriosa, ambientada em um mundo de magia extremamente vivo, onde suas decisões morais vão impactar não só a maneira como você viverá essa história mas também a evolução de sua protagonista e de suas habilidades. O combate do jogo apesar de um pouco repetitivo é divertido e sua progressão está sempre atrelada à exploração, o que a torna muito gratificante. Tudo isso faz de BLACKTAIL uma agradável surpresa e me deixa ansioso para acompanhar os próximos trabalhos da THE PARASIGHT.

Jogo analisado no PS5 com código fornecido pela Focus Entertainment.

Winz.io

Veredito

Se aventurar pelo obscuro mundo de conto de fadas de BLACKTAIL e ser parte da história de Yaga é uma experiência única. Se levarmos em conta a excelente narrativa e o bom fator replay que o sistema de moralidade pode oferecer, o que temos aqui é um ótimo jogo que definitivamente merece sua atenção.

85

BLACKTAIL

Fabricante: THE PARASIGHT

Plataforma: PS5

Gênero: Aventura em Primeira Pessoa

Distribuidora: Focus Entertainment

Lançamento: 15/12/2022

Dublado: Não

Legendado: Sim

Troféus: Sim (Inclusive Platina)

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Veredict

Venturing into the dark, fairytale world of BLACKTAIL and being part of Yaga’s story is a unique experience. If we take into account the excellent narrative and the good replay factor that the morality system can offer, what we have here is a great game that is definitely deserves your attention.