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Batman: Arkham Origins

É véspera de Natal e o traficante conhecido como Máscara Negra decide agitar as coisas em Gotham City: uma noite para matar o morcego. Quem conseguir o feito bancará 50 milhões de dólares. Diversos assassinos se apresentam para a recompensa, entre eles figuras famosas como Bane, Crocodilo e Exterminador, além de outros menos conhecidos como Choque e Vagalume. É um enredo com inspirações notáveis vindas de Batman: Year One (Ano Um), Knightfall (A Queda do Morcego) e outros.

A premissa de ter oito assassinos caçando o Homem-Morcego é muito interessante e funciona bem… até a trama ser sequestrada completamente. Sim, é verdade. O roteiro acabou caindo por terra para dar lugar para um certo personagem, de forma parecida com o que aconteceu em Arkham City, o que é um tanto desapontador, dada a enorme galeria de vilões do Morcegão que poderiam ocupar os holofotes integralmente.

Outro ponto estranho é que Arkham Origins tenta introduzir uma quantidade enorme de vilões para o universo Arkham de uma única vez em uma única noite. Soa muito absurdo que em apenas UMA noite o Batman tenha encontrado pela primeira uma gama tão vasta de vilões. Para aqueles que estavam felizes com a ideia da série Arkham ser uma extensão da excelente série animada dos anos 90, Origins é um banho de água fria, estabelecendo este universo como algo totalmente novo.

Antes de desenvolver os próximos pontos da análise, vamos relembrar: Origins foi produzido pela Warner Bros Montréal, estúdio que portou City para Wii U, e pega como ponto de partida o sucesso absoluto da Rocksteady. Todos os mecanismos que você conhece permanecem lá, com algumas poucas e sutis mudanças.

A cidade foi expandida, com a adição de três distritos que compõem a chamada Nova Gotham, e está completamente tomada por uma atmosfera fria e natalina, tradicional para o hemisfério norte. Como a história se desenrola no decorrer de uma mesma noite, a escolha dessa ambientação em particular pode até ter sido proposital, evitando a necessidade de cidadãos transeuntes pela cidade: as únicas pessoas nas ruas são bandidos ou policiais corruptos, que querem garantir uma aposentadoria antecipada.

A expansão da cidade, porém, veio à um custo inaceitável. Não são poucas as vezes em que o jogo pausa por alguns segundos enquanto carrega e renderiza os ambientes com os já conhecidos pop-ins característicos da Unreal Engine. City podia ter um escopo menor, mas não sofria deste mal, enquanto que em Origins você terá dificuldade mesmo para breves navegações pela cidade, experienciando pausas ou quedas notáveis na taxa de quadros. Isso, infelizmente, quebra a fluidez outrora estabelecida.

O sistema de combate, um dos maiores atrativos da série Arkham, continua essencialmente inalterado, concedendo à Batman vastas possibilidades de combos em um ritmo que flui livremente. Porém, os controles não estão responsivos e polidos quanto eram em City, ocasionando frustrantes falhas de execução até que o jogador se acostume com as alterações, especialmente no que diz respeito aos contra-ataques e esquiva. Nesse aspecto, a principal novidade em Origins são as Shock Gloves, um acessório que após carregado, exponencia os ataques de Batman, sobrepondo até mesmo escudos e armaduras, por exemplo. Entretanto, as Shock Gloves são extremamente desbalanceadas – por atravessarem qualquer tipo de proteção inimiga e acrescentar três Hits ao seu combo por cada ataque, o elemento de estratégia vai por água abaixo -, e podem desagradar os mais puristas que exigem um combate mais “cerebral” e menos “ative Shock Gloves e esmague o botão de ataque”.

Partindo deste para o outro pilar de Arkham, as sequências de investigação ainda existem, mas em quantidade notavelmente inferior. Em contrapartida, as cenas de crime estão mais elaboradas e agora Batman é capaz de reconstruir visualmente, quadro a quadro, o crime para identificar pontos de interesse. Essa análise visual, a primeira vista, poderia ser prejudicial ao fluxo de jogo, mas acaba não acrescentando nada ao jogo uma vez que o próprio jogo mostra qual a próxima pista a ser investigada, tornando todo o processo mecânico e trivial.

O universo de Batman é popular pela gama interminável de antagonistas, e apesar do vasto número apresentado aqui, não espere por confrontos no mesmo nível de Sr. Frio em City. Pelo contrário, as batalhas contra os chefes são simplórias e pouco memoráveis, exceto talvez uma delas (por ser cômica à sua maneira). As lutas contra Bane, por exemplo, podem testar a paciência do jogador, especialmente nos modos de jogo posteriores à campanha.

Falando nos modos de jogo, além da campanha e uma série de missões paralelas protagonizadas por outros personagens da franquia, o jogo conta com o já conhecido New Game Plus e introduz o “I Am The Night” – equivalente ao modo hardcore de outros jogos, onde uma morte significa começar novamente do zero. O Challenge Mode também retorna, com desafios de combate, predador e campanhas, além da possibilidade de utilizar personagens adicionais através de DLC (como Deathstroke e Bruce Wayne), para a alegria de alguns e infelicidade de outros.

Graficamente o jogo está no mesmo nível que o antecessor, porém a ambientação escolhida permite uma paleta maior de cores e portanto, ambientes aparentemente mais “vivos” e variados. Da mesma forma, a trilha sonora se mantém inconspícua o tempo inteiro. Algumas alterações mínimas nos efeitos sonoros (mais especificamente, nos golpes) vão soar estranhas de início, mas acostumam rapidamente.

Arkham Origins: Initiation


Nossa análise acabou atrasando mais do que o previsto e alguns dos DLCs previstos para o jogo já estão disponiveis. Apesar de ser imbuído no Challenge Mode, Initiation é, à grosso modo, uma prequela da prequela, mostrando o treinamento de Bruce Wayne, antes de se tornar Batman, com o mestre de ninjutsu Kirigi. Além do novo personagem, o pacote traz cinco novos mapas e uma campanha diferenciada, que conta com breves animações entre um mapa e outro.

Para quem gosta do Challenge Mode, este DLC é mais do que recomendado, tanto pelos novos mapas quanto pelo personagem. Fora os pacotes de roupas e acessórios para o multiplayer, um DLC maior é esperado para um futuro próximo, explorando as origens de um importante relacionamento de Batman.

Já que tocamos no assunto, vamos encarar a besta: o modo multiplayer. Gostaríamos de relevar completamente a existência deste componente, mas enfim. O desnecessário modo multiplayer de Origins nasceu morto. Sim. Com apenas um modo de jogo (embora uma variante tenha sido acrescentada recentemente), partidas em salas públicas somente iniciam quando oito jogadores se encontrarem no lobby. Em nossos testes, diversas vezes ficamos empenhados por 30-45 minutos em um lobby incompleto, observando outros usuários impacientes desistindo ao longo do caminho até que, por vezes, também acabávamos cedendo e retornando para a campanha.

O Invisible Predator Online coloca três facções competindo entre si, em um sistema 3x3x2. As equipes de três representam capangas de Bane e Coringa, enquanto a equipe de dois é estabelecida por Batman & Robin (detalhe: Robin não existe na campanha). As facções criminosas possuem um total de 25 vidas cada, e, em uma mescla de controle de território com Deathmatch, a partida acaba quando uma das duas equipes for dizimada.

Paralelo à isso, os heróis pontuam num sistema distinto, devendo variar a forma que nocauteiam os capangas para aumentar um índice de intimidação, podendo conseguir alguns pontos extras se abaterem inimigos notórios. Se atingirem 100% antes dos bandidos derrotarem seus inimigos, vencem a partida. Porém, caso um dos heróis morra, esse índice sofre uma drástica queda, efetivamente tornando esta a facção menos competitiva no modo.

Também vale mencionar que os capangas estão equipados com uma série de acessórios, incluindo óculos especiais que permitem enxergar através de paredes, de forma similar à imprescindível visão de detetive dos heróis. Embora o seu uso seja limitado por uma pequena barra, que deve ser recarregada após o uso do acessório, a mera inclusão de um acessório assim trai qualquer tipo de estratégia que os jogadores queiram elaborar – sejam eles heróis ou capangas -, pois nenhum jogador consegue garantir o elemento surpresa para si. Isso é, obviamente, desfavorável aos heróis em particular, haja visto que eles não estão munidos de armas de fogo.

No decorrer da partida, um dos capangas pode trocar de personagem, assumindo controle de Coringa ou Bane, cada um com suas vantagens únicas. Coringa carrega duas pistolas diferentes, capazes de matar com um único disparo, enquanto Bane possui ataques físicos absurdos e está equipado com um lança-mísseis. Detalhe: as armas dos vilões possuem munição ilimitada. Em experiência própria, quando consegui assumir o papel de Bane, enfrentei de frente os três jogadores da facção rival e, mesmo com os três alvejando meu personagem à torto e direito, consegui correr até cada um deles e matá-los com meus punhos. Como um bônus, ainda quebrei o Robin na sequência. Ou seja: qualquer forma de balanceamento que não tenha sido destruída pelos óculos dos capangas é completamente defenestrada quando um vilão entra em jogo.

De forma sucinta, o multiplayer de Origins tentou fazer algo diferente para se destacar em meio à tantos outros jogos de tiro que dominam o mercado, mas, sinceramente, ninguém pediu por isso. A ideia até pode ser boa, mas a execução é falha e, como resultado, o modo não agrega nada ao jogo propriamente dito. Assim como Tomb Raider e God of War Ascension, provavelmente o tempo e recursos usados no desenvolvimento do multiplayer teriam sido mais proveitosos se investidos na campanha.

Uma última observação: versões adquiridas no Brasil contam com localização integral do jogo – textos e vozes. O trabalho não é necessariamente ruim, seguindo sua lenta mas contínua evolução, porém as excelentes performances dos atores originais – que incluem nomes de calibre, como Roger Craig Smith (Chris Redfield, Ezio Auditore) e Troy Baker (Joel de The Last of Us, Booker DeWitt) – são substituídas por interpretações um tanto confusas. Se você puder escolher, opte pela versão original – o que você consegue simplesmente mudando o menu de seu PS3 para inglês, a qualquer momento, na versão em disco do jogo.

Origins infelizmente falha como sucessor de City. Possivelmente usando a oportunidade para reaproveitar os recursos atuais antes que a geração chegasse ao fim, e, assim, ganhando mais tempo para o desenvolvimento de um inevitável jogo da Rocksteady para a nova geração, Origins cumpre seu propósito de “cash in”. Se você gostou dos jogos anteriores, certamente vai encontrar um excelente passatempo vestindo a capa de Batman uma última vez no PS3.
 

Imagens apenas ilustrativas, não representam a qualidade visual do jogo no PlayStation 3.


— Resumo —

+ Dubladores americanos dão um show
+ Mecânicas estabelecidas pela franquia
+ Missões secundárias envolvendo outros personagens
+ Interromper crimes em progresso

Multiplayer (deus, por quê?)
Enredo "bait and switch"
Falhas técnicas ausentes no jogo anterior
Quedas de framerate

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Veredito

78

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