Escha & Logy, segundo título da nova trilogia Dusk da série Atelier, é o primeiro título da série que tive o prazer de jogar. Atelier é um RPG focado no dia a dia dos protagonistas, ao invés de histórias longas e complexas comuns ao gênero, e por essas razões, tornou-se um dos meus RPGs favoritos recentemente.
A história começa quando Escha e Logy são contratados para trabalharem no departamento de R&D da pequena vila de Colseit, um trabalho que se resume a ajudar e realizar pedidos da população local, sendo possível acompanhar o dia-a-dia pela perspectiva de Escha ou de Logy. As diferenças entre as perspectivas são sutis, mas incentivam o jogador a fazer as duas campanhas para ver novos eventos, obter receitas de alquimia exclusivas, etc.
Existe uma história mais complexa que se desenvolve durante o jogo, mas acompanhar a vida diária de todos os personagens se torna uma história por si só. Eventualmente, novos personagens são introduzidos e é possível conhecê-los melhor através das várias cenas que protagonizam, muitas de natureza cômica. Mesmo personagens “menores” como Duke, dono do bar, até a maga Wilbell, tiveram seu desenvolvimento bem pensado e se tornaram importantes no dia-a-dia de minha aventura.
A progressão é realizada pelos Assignments, tarefas que devem ser realizadas em um período de 4 meses. A cada período há um total de 25 tarefas realizáveis, sendo uma delas a principal para se avançar na história e outras oito altamente recomendadas a serem realizadas. As tarefas se resumem a explorar uma área específica do mapa, criar algum item ou equipamento, derrotar monstros, etc. Realizar mais tarefas gradativamente melhora o ranking do departamento, permitindo utilizar pesquisas que ajudam a coletar mais itens, gastar menos tempo viajando, melhor desempenho na alquimia e no combate, etc.
E falando em alquimia e combate, esses são os dois principais pontos de jogabilidade. É necessário sair de Colseit e explorar as florestas, montanhas e ruínas próximas à cidade, onde é possível obter uma variedade de diferentes materiais, seja fazendo a coleta nos cenários, seja derrotando as várias criaturas que os habitam. Tais materiais são utilizados para alquimia e cada item possui suas próprias características, sendo importante saber o que significam para se obter aproveitamento máximo. Felizmente, o tutorial explica suas mecânicas de forma bastante clara, então, mesmo sendo meu primeiro contato com a série, não me senti perdido com a parte de alquimia e logo isso se tornou algo bastante comum no dia-a-dia. Conforme o jogo avança, é possível obter novas receitas e técnicas, trazendo uma variedade maior de itens a serem feitos e com esforços cada vez menores.
O combate funciona como um RPG de turnos, em que sua equipe consiste de três personagens na linha de frente e outros três como reservas. Cada personagem possui suas habilidades próprias e ataques especiais – Escha e Logy, particularmente, ainda podem utilizar itens especiais de ataque criados por alquimia. Outra mecânica importante é a barra de suporte, que enche dependendo do quão bem está indo a batalha e pode ser utilizada para chamar outro personagem para auxiliar no ataque ou na defesa, sendo assim possível diminuir o dano de ataques poderosos ou realizar combos extensos de ataques, finalizando com um especial bastante poderoso.
O combate em si não é muito difícil, mas existem vários inimigos poderosos que farão você entender e aproveitar dos vários sistemas que compõem o combate. Utilizar buffs, debuffs, auxílio na defesa e combos se torna algo bastante necessário caso resolva realizar todos os assignments propostos pelo jogo, principalmente os que envolvem derrotar chefes e inimigos secretos poderosos. O combate logo se tornou uma das minhas partes favoritas e me permitiu explorar várias e várias áreas em busca dos inimigos secretos que cada cenário tem.
Os cenários possuem bastante diversidade e vários são bonitos de serem observados. Cada região possui áreas menores a serem visitadas e são bastante distintas entre si, mesmo que se aproveitem de padrões clichês de cenários, como montanhas, florestas, rios, etc. Em conjunto, a trilha sonora é de uma qualidade surpreendente e com uma variedade interessante de estilos – em particular, gostei muito mais das músicas cantadas do que as instrumentais. Miruku Iro no Touge, Pluie e Amai Gohoubi se tornaram algumas de minhas favoritas. Como bônus, ainda há a opção de se escutar algumas músicas de títulos anteriores da série, mas não me aprofundei muito nessas.
Veredito
Atelier Escha & Logy foi minha primeira introdução a uma série que, a partir desse título, pretendo acompanhar. Foi uma experiência única e bastante agradável ter um RPG que pode ser aproveitado a meu próprio ritmo e que gradativamente me conquistou com seus personagens e sua simplicidade ao contar sua história. Não espere uma história épica e complexa, com guerras e tramas, mas simplesmente o conto de dois alquimistas vivendo seu dia-a-dia em uma cidade pequena e acompanhando seu relacionamento com os outros personagens. Caso saiba temperar suas expectativas, Atelier pode tornar-se uma das melhores experiências em RPG no PS3.