Assassin's Creed é uma franquia explorada pela Ubisoft anualmente. Entretanto, podemos dizer que em 2014 o abuso foi acima do normal. Além do jogo anual previsto, que acreditamos ser Assassin's Creed: Unity para PS4, Xbox One e PC, houve outros lançamentos, como Assassin's Creed: Liberation HD e Assassin's Creed: Freedom Cry. Contudo, sabemos que ambos não são lançamentos verdadeiros da série: o primeiro é uma remasterização, ao passo que o segundo é um DLC lançado em forma de jogo. Mas não parou por aí: Assassin's Creed: Rogue foi mais um título que chegou para os fãs em 2014 e é um provável adeus da série ao PS3 e Xbox 360.
Muitos criticam a série por ser anual. Eu não vejo isso como algo negativo, desde que os títulos mantenham a qualidade. Sabemos que Unity não teve a recepção que a Ubisoft provavelmente estava esperando; e quanto a Rogue? Rogue é um DLC de luxo de AC IV: Black Flag. Essa afirmação pode ser considerada positiva ou negativa, dependendo de sua opinião a cerca da aventura de Edward Kenway.
Entenda: Rogue é um título completo, com sua contribuição à história de assassinos contra templários, inclusive contando com trechos nos tempos modernos na Abstergo (que infelizmente se tornam menos interessantes a cada Assassin's Creed lançado). Mas é também um jogo que mostra que a série está ficando desgastada.
A história do jogo acontece nos meados de 1700 nas colônias da América do Norte, no mesmo período da Guerra dos Sete Anos (que acontecia na Europa), e segue o protagonista Shay Patrick Cormac. No início, Shay é um membro da irmandade de assassinos (inclusive personagens de outros jogos já conhecidos dos fãs aparecerão) e começa a questionar os motivos de seus irmãos à ponto de trocar de lado e se tornar um templário após um evento catastrófico em Lisboa. A parte central do jogo acontece em seguida, pois Shay começa a caçar assassinos. O problema da história é que Shay é pouco carismático, mesmo enquanto assassino. Ezio e Edward, por exemplo, foram dois personagens incrivelmente marcantes na série; já Connor não foi muito bem aceito pelos fãs – diríamos que Shay não é tão monótono quanto Connor, mas não vai muito além disso.
Algo tão importante quanto a história em Assassin's Creed é o gameplay, e Rogue se baseia completamente em Black Flag, como mencionado anteriormente. Edward tinha o navio Jackdaw; Shay, por sua vez, possui o Morrigan. Rogue tem uma história diferente, com menos piratas, e as águas do Atlântico Norte são geladas – portanto, não há como mergulhar em busca de tesouros. A decisão da equipe de separar o gameplay entre navegar e andar em terra deixam as coisas variadas, mas é compreensível que alguns fãs não gostem disso, pois, afinal, não é uma característica da série como um todo.
Felizmente, para os fãs que gostam, tanto navegar quanto explorar as terras apresentam novidades. Primeiramente, o combate naval tem a opção de os inimigos invadirem seu barco, forçando você a agir tanto defensiva quanto ofensivamente. Já as missões a pé, por você ser um templário, lhe dão a possibilidade de proteger sua nova ordem, eliminando os assassinos antes que eles ataquem as vítimas. Isso é uma ótima variação na série e ainda possui o mesmo estilo de gameplay stealth com a visão de águia. Você também tem que tomar cuidado com o oposto: assassinos querendo sua cabeça, em um mecanismo que lembra o multiplayer da série. Porém, apesar de ser algo interessante na teoria, na prática você verá que o assassino em questão ficará eternamente no lugar escondido (arbusto, por exemplo), ao invés de segui-lo. Há também novos colecionáveis, como cartas de guerra, e a opção de resgatar prisioneiros.
Apesar disso tudo, Rogue é uma mistura dos elementos dos jogos anteriores. O dinheiro, por exemplo, normalmente é obtido através dos sistemas de renovações de lugares e das campanhas navais. Com ele, realiza-se o upgrade tanto de Shay quanto do navio Morrigan. Há também atividades presentes nos fortes, esconderijos inimigos para serem capturados e assim por diante. Isso sem contar os viewpoints, fragmentos da animus e baús.
Se há algo que podemos criticar em Rogue é o fato de ele não oferecer nada de novo. O parkour é exatamente o mesmo, assim como as localizações presentes serem as mesmas que você viu principalmente em AC III. O combate, por exemplo, é basicamente idêntico ao que vimos nos outros jogos, inclusive com o problema de Shay ser um pouco poderoso demais. Ele pode, literalmente, matar dúzias de inimigos, e em conjunto com as novas armas – como um lançador de granadas e o air rifle – ele torna-se ainda mais em uma máquina de matar.
Rogue possui ambientes bonitos e, apesar de estar em um hardware antigo, ainda consegue gerar vistas muito bem feitas. Navegar por uma tempestade de neve ou ver uma baleia surgir em seu caminho é algo que deixará você de boca aberta, mas nem tudo são flores. Os modelos dos personagens são de baixa qualidade em sua maioria e há alguns slowdowns em determinadas regiões. Glitches também são esperados, como em qualquer Assassin's Creed, mas em bem menos quantidade que os vistos em Unity.
Apesar de os gráficos no geral serem bonitos, a dublagem deixa a desejar. As vozes em inglês são um tanto quanto irritantes devido à tentativa de caracterização dos personagens; já a dublagem brasileira, apesar de ser boa, perde essa caracterização devido ao fato de o sotaque não ser o mesmo.
Por fim, Rogue não possui um modo multiplayer. Isso acaba expondo o maior problema do título: sua campanha é muito curta. Há apenas seis sequências de DNA (jogadores acostumados com a série saberão que isso é pouco, praticamente metade do usual). Há side-quests e objetivos secundários nas missões, mas isso levará cerca de 30 horas, no máximo, para finalizar tudo. Não que seja pouco, mas está abaixo dos padrões da série.
Veredito
Assassin's Creed: Rogue é um provável adeus da série ao PlayStation 3. É um título curto, que não busca inovações. Possui alguns problemas destacados nesta análise e pode ser considerado como uma expansão de luxo de Black Flag. Mas ainda assim é um bom jogo e oferece conteúdo o suficiente para despertar seu interesse.
Jogo analisado com cópia física fornecida pela Ubisoft.