É difícil encontrar um bom jogo de mecha no mercado que consiga fazer o jogador se sentir de fato no controle de um robô gigante voando pelo espaço, com a grande maioria optando por um combate mais pesado no chão e um combate mais próximo de um simulador de vôo nos céus ou no espaço.
Em War Tech Fighters, jogo da Drakkar Dev, um pequeno estúdio italiano, a sensação é um pouco distinta. Optando por focar mais em colocar o jogador voando pelo espaço, atirando em naves de combate e lutando em um ballet galáctico contra outros mechas, o jogo consegue ter bastante êxito na sensação de se controlar o robô gigante, mesmo que falhe em vários outros campos que impeçam o jogo de alcançar todo seu potencial.
O jogador é posto no papel de um dos mais promissores pilotos de uma colônia rebelde lutando contra o Império Zatroniano, cabendo a você garantir a liberdade das colônias de Hebos e Ares das garras do império, com a ajuda de apenas mais alguns pilotos de War Techs (o nome dado aos robôs gigantes aqui), as mais poderosas armas já criadas.
Enquanto história como um todo, a premissa é mais uma desculpa do que algo que empolga e torna proporções minimamente interessantes. É de se entender, considerando que a equipe por trás do jogo é pequena, mas ele acaba ficando bem abaixo das suas declaradas inspirações em blockbusters hollywoodianos e animes japoneses. Há pontos interessantes que poderiam ter sido trabalhados para torná-la melhor, mesmo que não chegasse a ser uma epopéia espacial, sendo uma bela oportunidade perdida.
A maior qualidade de WTF está no seu combate. O jogador pode controlar o seu War Tech em primeira ou terceira pessoa, podendo voar em qualquer direção com bastante facilidade e fluidez, já que não há restrição de ter que controlar o robô no chão o que quase sempre significa uma movimentação dura e mais similar a um tanque do que uma máquina voadora de destruição e combate.
Para ataque e defesa, o jogo coloca à disposição do jogador um belo arsenal de diferentes tipos de metralhadoras, mísseis e espadas, cada qual se adaptando melhor a um dos três tipos de War Techs disponíveis. O jogador tem ao seu alcance o Hawk, mais ágil e melhor no combate contra naves, o Lynx, War Tech mais equilibrado e versátil, e o Rhino, o modelo mais duradouro e poderoso, mas mais difícil de manobrar, sendo melhor equipado para lutar contra outros War Techs.
Apesar de cada robô possuir uma base padrão, logo fica a sua disposição uma série de novas partes para serem adquiridas, melhorando basicamente tudo que é possível melhorar, do seu HP à quantidade de armas equipadas, dano causado, até mudanças estéticas de como elas funcionam (incluindo cores e peças distintas como propulsores em forma de asas), o material do qual as armas são feitas, com todo tipo de detalhe sendo eventualmente modificável.
Essas opções de customização talvez sejam o ponto mais alto do jogo e, se não são tantas assim (o jogo possui cerca de 180 peças equipáveis distintas), todas elas podem eventualmente ser melhoradas, fazendo com que o jogador se sinta sempre poderoso em combate, até por ser possível ganhar níveis que dão ao jogador bônus progressivamente maiores de ataque e defesa.
A sensação de poder dos War Techs é bastante ajudada pelos projetos de pesquisa que vão ficando disponíveis e abrem todo um novo leque de opções, como canhões anti-matéria e espadas laser. Existem ainda projetos secretos que precisam ser localizados nas diversas fases e que, quando concluídos, te deixam ainda mais forte.
O único grande problema que se encontra ao customizar os robôs é o quão truncados e lentos os menus são, fazendo com que até mesmo as tarefas mais simples demorem muito mais tempo do que deveriam, algo que só piora pela necessidade de se passar menu por menu para chegar a qualquer coisa que se queira fazer jogo.
Um fator importante é que a maior parte das batalhas é contra naves inimigas, onde os projéteis são fundamentais (algo que funciona pelo bom sistema de trava de mira que o jogo tem), com apenas alguns ataques físicos de finalização que cada robô possui vindo à tona. Em compensação, as batalhas contra outros War Techs sempre tomam forma de um combate corpo-a-corpo.
Nessas sessões é preciso considerar o timing dos seus ataques fracos e fortes com a hora correta de se utilizar o escudo para defender ou se utilizar do parry para paralisar o adversário por alguns segundos. Cada ataque e movimento tem um custo de energia ao War Tech, fazendo com que a administração dessa barra seja tão fundamental quanto a da barra de energia, com uma sendo recupera por inatividade e a outra com itens espalhados pelas fases.
No geral, o combate é bem divertido, mas acaba sofrendo com algo que é notório em toda a experiência e que torna ainda mais confuso tentar entender a lógica por trás de War Tech Fighters ser um jogo tão grande quanto ele é, já que todos os seus pilares abusam de algo que não deveria ser tão comum, mas é reflexo do seu baixo orçamento: a repetição.
Tudo no jogo é repetido ao extremo. As animações de combate são extremamente limitadas e nos primeiros momentos das missões você já terá esgotado todas as opções existentes. Missões essas que, aliás, apesar de existirem 33 delas, se resumem a três tipos: destrua todos os inimigos, ative determinados pontos ou resgate um aliado. Existe um Survival Mode em que é possível tentar sobreviver o máximo possível em troca de recompensas progressivamente maiores, mas nem isso é capaz de sanar a repetição (até por só existirem três arenas nesse modo).
Repetição também é algo que fica claro nos gráficos e trilha sonora do jogo. Todo o cuidado foi, corretamente, dispensado aos mechas e o design deles é bem legal. O reflexo disso é que as músicas, o visual dos inimigos e dos cenários é bem fraco, tornando as fases completamente sem vida, mesmo em meio a intensos tiroteios (algo que é exacerbado pela ambientação no meio do espaço).
Mesmo com essas limitações, WTF ainda é um bom jogo, muito pelo quão prazeroso é controlar os War Techs, salvo por alguns pequenos momentos em que o jogo não reconhece bem o seu posicionamento para ativar certos objetivos, e pela vasta gama de customizações que o jogo apresenta. Existe uma base sobre a qual construir um jogo melhor, mas é possível se divertir com o conteúdo que está presente aqui, por mais que o gameplay se torne repetitivo e entediante depois de algum tempo.
Jogo analisado com cópia digital fornecido pela Intragames.
Veredito
War Tech Fighters é um jogo de mecha que consegue ser divertido, por mais que não consiga alcançar todo o seu potencial por uma série de problemas que atrapalham até mesmo o que ele faz de melhor.
Veredict
War Tech Fighters is a mecha game that is kind of fun, even if it can’t reach its potential because of a series of issues that affect even what the game does best.