Análise – Wandersong

Por muito tempo, uma das classes mais desprezadas por mim dentro do RPG de mesa foi o Bardo. Não me leve a mal, eu compreendo muito bem a sua importância para a composição de uma party, mas sempre fui fã de personagens ofensivos como cavaleiros ou magos, pois se adequavam à minha antiga visão de “herói”. Mas o que de fato define um herói? É algo definido por uma armadura imponente ou pela quantidade de feitiços em um tomo de magia? Wandersong traz a resposta perfeita para essa e outras perguntas em uma das mais cativantes aventuras já feitas até então.

Nossa história acompanha a vida de um bardo sem nome que sonha em se tornar um grande herói. Certo dia, durante seu sono, ele tem sonho profético: A deusa Eya em breve acordará de seu sono milenar para cantar novamente a “canção da criação”, dando origem a um novo universo e destruindo toda a existência atual. É sabendo desse trágico destino que nosso pequeno bardo partirá em uma jornada para encontrar todas as partes da Earthsong, uma melodia há muito perdida, capaz de adormecer novamente a deusa Eya e salvar o mundo.

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A narrativa de Wandersong se desenrola organicamente e consegue nos envolver logo em seus primeiros minutos graças ao seu humor bem dosado e seus personagens carismáticos. A história é muito bem escrita e os mais atentos poderão notar algumas inspirações na consagrada franquia Mother. São diversos os temas aqui abordados, sendo todos apresentados de uma maneira extremamente agradável e bem humorada. Não é exagero quando digo que existem centenas de NPCs no jogo e, obviamente, vale a pena interagir com cada um deles, mesmo que alguns não ofereçam nenhuma side-quest ao jogador. Na verdade, durante grande parte do game o que faremos é exatamente isso: fazer amizade com todo tipo de figura imaginável e ajudá-las com seus problemas enquanto buscamos pelos fragmentos da Earthsong.

Em momento algum o enredo fica cansativo, e o mais interessante de tudo é que conforme avançamos pelo game resolvendo todo tipo de situação, percebemos que toda a questão envolvendo o fim do mundo acaba indo para o segundo plano. Isso seria uma perda de foco imperdoável em qualquer outro jogo, mas a mensagem que Wandersong pretende entregar ao jogador é completamente diferente. Cada problema, por mais insignificante que pareça perto de outro, detém uma importância imensurável para quem o sofre. O jogo literalmente nos ensina que ao fazer pequenos gestos que podemos, pouco a pouco, mudar o mundo. É assim que Wandersong nos responde o que define um herói de verdade.

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Em relação ao seu gameplay, Wandersong é um legítimo jogo de plataforma 2D com foco principal na resolução de puzzles, que exigirão o bom uso da voz do nosso pequeno bardo. Manipular o analógico direito em alguma direção fará com que nosso personagem cante uma determinada nota musical, que será reproduzida através do próprio DualShock 4. São oito notas ao todo e, caso o jogador possua algum tipo de deficiência auditiva, é possível se orientar pelas cores de cada nota que são representadas em uma roda ao redor do personagem, ou por meio da luz emitida pelo LED do controle. É válido lembrar que o jogo também é acessível às pessoas que sofrem de daltonismo e suas variações, uma vez que a paleta de cor foi idealizada para contornar esse problema.

Essa mecânica tão simples é responsável por ditar basicamente tudo dentro do universo de Wandersong. Cantar uma determinada nota impactará diretamente na forma como vemos o mundo, e nos seres que nele habitam. Por exemplo, certos tons fazem com que plantas cresçam, servindo de plataformas para acessar locais mais altos. Já outras melodias podem atrair animais que oferecerão ajuda para transpor algum obstáculo. Seguindo essa linha de raciocínio, existem inúmeras interações disponíveis no título e algumas delas estão ali apenas para roubar uma boa gargalhada do jogador em alguns momentos.

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Algo que é bastante recorrente durante as side-quests é a realização de mini-games musicais, que além de muito bem-vindos, ajudam a diversificar o gameplay ainda mais. Um bom exemplo desses momentos é quando algum NPC toca uma sequência de notas musicais, e somos obrigados a reproduzir os sons na mesma ordem. Já em outra determinada situação devemos cantar as notas no momento certo em que aparecem na tela, transformando o título em um frenético jogo rítmico.

Não existe Game Over propriamente dito em Wandersong. Aqui a ideia é que qualquer um pode ser capaz de finalizar o game, aproveitando seu cativante enredo e todas as mensagens que tem a entregar. Como consequência, os trechos de plataforma aqui presentes são relativamente simples e não oferecem muito desafio ao jogador. Caso o mesmo venha a falhar na realização de algum salto, o jogo é bastante generoso e instantaneamente reposicionará o personagem no checkpoint mais próximo.

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Os visuais de Wandersong parecem vindos direto de um livro de colagens de papel, sendo difícil não compará-lo ao estilo artístico adotado por Tearaway. Tudo aqui é feito com formas bem definidas e extremamente coloridas, como triângulos, quadrados e circunferências que juntas criam ambientes simples, porém extremamente agradáveis aos olhos. As animações por sua vez utilizam pouquíssimos quadros, o que contribui para dar um aspecto mais infantil à obra.

O trabalho empregado na criação dos efeitos de áudio e na composição da trilha sonora é um dos melhores que já vi até então em um jogo no PlayStation 4. Isso se deve graças ao trabalho em conjunto de Gordon Mcgraddery (Rogue Legacy), que produziu a belíssima trilha aqui presente, e Em Halberstadt (Night in the Woods), responsável pelo excelente design de áudio do título.

Veredito

Wandersong é uma belíssima e inesquecível jornada cheia de boas lições para qualquer um que possui dúvidas sobre seus sonhos e objetivos. Apesar de sua falta de desafio, é um título que merece ser apreciado por todos, independente da idade, graças à sua história envolvente e seu gameplay diversificado.

Jogo analisado com código fornecido por Greg Lobanov.

Veredito

90

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Wandersong is a beautiful and unforgettable journey full of good lessons for anyone who has doubts about their dreams and goals. Despite its lack of challenge, it’s a title that deserves to be enjoyed by everyone, regardless of age, thanks to its engaging story and diversified gameplay.