Para Aquaplus, após dois lançamentos bem sucedidos (Utawarerumono: Mask of Deception e Utawarerumono: Mask of Truth) e o remake do primeiro jogo da série (Utawarerumono: Prelude to the Fallen), que ainda será lançado no Ocidente ano que vem, Utawarerumono ZAN serve como uma espécie de projeto paralelo dentro do universo de Utawarerumono, desenvolvido exclusivamente para o PlayStation 4.
A responsável pelo desenvolvimento de Utawarerumono ZAN desta vez não é a Sting, empresa que desenvolveu as visual novels, e sim Tamsoft, conhecida por jogos com jogabilidade “musou”, como Senran Kagura, Onechanbara e Neptunia U. Utawarerumono ZAN reconta toda a história de Utawarerumono: Mask of Deception (segundo jogo na ordem cronológica, porém o primeiro jogo lançado da série no Ocidente), porém troca o visual e jogabilidade para algo mais familiar aos fãs do gênero “musou”.
Utawarerumono ZAN é um pouco complicado de descrever: apesar de ser uma espécie de “remake” de outro jogo, com uma jogabilidade diferente, ele não se presta para atender a pessoas que nunca jogaram esse mesmo jogo antes. Como substituto do Utawarerumono: Mask of Deception, ele é péssimo, praticamente imprestável.
O carro-chefe da série Utawarerumono é a sua história, sua narrativa. Utawarerumono ZAN é um desastre na adaptação da história, transformando um jogo de mais de cinquenta horas em outro jogo de quatro, cinco horas no máximo. Ao invés de substituírem as batalhas de estratégia do original com batalhas de ação, o que poderia ser uma saída preguiçosa, eles condensaram toda a história da pior maneira possível.
Utawarerumono ZAN adapta certas cenas do jogo original, enquanto pula inteirações e capítulos inteiros sem qualquer menção. A escolha entre qual cena adaptar e qual cena pular acaba por criar uma narrativa completamente desconexa, sem que o jogador entenda direito o que está acontecendo. Parece mais que os desenvolvedores imprimiram todas as cenas em folhas de papel, jogaram ao ar e pegaram aleatoriamente quais deveriam mostrar no jogo.
É uma pena que isso tenha acontecido, porque a jogabilidade, por outro lado, é muito divertida. Não tem muito como errar, porque esse é um gênero em que a Tamsoft vem aperfeiçoando ao longo do tempo e Utawarerumono ZAN chega o mais próximo ao topo na história da empresa em termos de jogabilidade.
Você controla diretamente os personagens da sua equipe, com missões variadas, que vão de derrotar um certo número de inimigos, de colher ervas no mapa ou mesmo de fugir de enormes monstros antes que eles te alcancem. Ao mesmo tempo, você pode customizar seus personagens, atribuindo pontos para seus status, equipando pergaminhos ou mesmo aprendendo novas combinações de ataques.
O jogo conta com o modo história, que é bem curto e só serve para aqueles que querem relembrar de alguns dos fatos principais do Mask of Deception, assim como modos que permitem você enfrentar novamente as missões do modo história em outra dificuldade, como missões livres com objetivos variados que servem para te premiar mais moedas e pontos de habilidade no jogo.
Os pontos de habilidade são conferidos aos personagens que participaram da batalha, servindo para atribuir a status específicos e fortalecer seus personagens. Já as moedas servem para você comprar, numa espécie de bilheteria, novos pergaminhos para equipar e fazer upgrade, assim como novos itens e roupas.
Utawarerumono ZAN é lindo, os gráficos em 3D que são marca registrada da Tamsoft traduziu perfeitamente a arte do jogo original, e não tenho nenhuma reclamação nesse quesito. Foi ótimo ver modelos 3D de personagens se movimentando e principalmente em batalhas que até então só conhecia em retratos 2D. A trilha sonora é extraída do jogo original, que também era muito boa e bem ambientada.
É triste ver o potencial que seria um Utawarerumono “musou” ser desperdiçado dessa forma. Faria muito mais sentido um spin-off, com uma história inédita, ainda que fraca e só servisse de pano de fundo para a jogabilidade, ou mesmo que recontassem todas as mais de cinquenta horas de jogo, substituindo apenas as batalhas para o modo de ação.
Dessa forma, Utawarerumono ZAN, por si só, apenas serviria para fãs da série, que já jogaram pelo menos Utawarerumono: Mask of Deception, e querem relembrar um pouco da história e controlar diretamente os personagens num jogo de ação. Por ser uma abordagem muito específica, além de ser um lançamento com valor cheio num período de final de ano com tantos outros jogos saindo ao mesmo tempo, ninguém vai te culpar se você deixar essa oportunidade passar batido.
Jogo analisado com código fornecido pela NIS America.
Veredito
Utawarerumono ZAN é uma combinação perfeita no papel, mas que sua execução deixou tanto a desejar que deve rapidamente se afogar num dos meses mais cheios de lançamentos do ano.
Veredict
Utawarerumono: Zan is a perfect combination on paper, but its execution is so flawed that it should quickly fade away in one of the busiest months of the year in gaming.