Desvende mistérios policiais neste thriller psicológico, junto da detetive Itõ Ayami pelas ruas do Japão, neste jogo indie de estilo visual novel com point and click.
A Cherrymochi (desenvolvedora indie que recebeu apoio da Square Enix Collectives) fundou um Kickstarter lá em 2015 para lançar o jogo para PC e Mac. Na época, era chamado apenas de Tokyo Dark, e fez certo sucesso pelo dinamismo entre as interações de apontar e clicar (como dos jogos da Telltale) unindo traços de anime à uma história densa e cheia de suspense. Nesta versão multiplataforma, novos finais foram adicionados (atualmente 11 com New Game + e um final “exclusivo”), puzzles foram renovados entre as cenas e o gráfico em si recebeu melhorias.
Apesar de não ter nada de novo no estilo point and click, a movimentação da personagem é bem fluida e a interação acontece de forma natural com o cenário. A possibilidade de agilizar as falas e ações é muito boa, sem interferir no gameplay e sem cortar a experiência. Normalmente, em visual novels ao pressionar um botão as falas recortam e vão para a próxima atividade. Em Tokyo Dark, até a música de fundo é fluida e permanece na ação até a troca de cena. O jogo é 2D e fiquei encantada com as cores, detalhes das ruas e cômodos, e com a suavidade da movimentação dos personagens, sobretudo da detetive, que tem muitas expressões, sem muita repetição dos sprites. Tokyo Dark: Remembrance foi animado pela Graphnica, mesmo estúdio responsável por cenas de Zelda: Breath of the Wild e Xenoblade Chronicles X. Os ilustradores fizeram um ótimo trabalho em capturar os elementos de horror e noir moderno que compõem o mundo de Tokyo Dark.
A trilha sonora (por Matthew Steed) e efeitos tem seu charme: tudo combina bem e o suspense e drama tomam conta da experiência. Em momentos sombrios, é possível tomar leves sustos com a quebra de imagem/ruído, e alguns efeitos sonoros são mega irritantes, para dar ênfase, como o som do celular tocando inesperadamente, ou das teclas de uma máquina de escrever, datilografando quando não há dublagem. É possível reduzir o volume do BGM no menu, mas acredito que a força dos ruídos seja para oferecer mais drama à narrativa.
Falando em menu, o slot para gameplay é único (se começar um novo jogo irá substituir o atual), com save automático, e o gameplay pode levar de 4 a 6 horas para alcançar um dos finais. Infelizmente, não foi traduzido para português do Brasil, logo, é preciso certo conhecimento em inglês, pois o jogo tem muitas falas e atividades. Dentro dele, tem um nivelamento da personagem, que define o caminho para os finais: S.P.I.N.: níveis de sanidade, profissionalismo, investigação e neurose. Cada tomada de ação gera uma mudança nos níveis, causando complicações para Ito e desenrolar da história, tornando a detetive depressiva e fazendo uso de remédios que dificultam sua cognição, até agir por impulso e contra as regras da polícia, causando desconfortos na estação de trabalho e em suas rondas pela cidade.
O destaque mesmo vai para a história, que é bem embasada e faz a curiosidade permanecer mesmo após completar um dos finais. Fiquei bastante atenta em todas as tomadas de decisões, e no primeiro gameplay alcancei o final mais interessante, que soluciona de maneira pacífica todos os incidentes. Em todas as outras jogadas, pude arriscar ser mais crítica ou impetuosa, e ver novas possibilidades que indicavam caminhos surpreendentes até o final.
Itõ Ayami, é uma detetive que tem de lidar com seu passado obscuro, e numa tentativa de proteger uma refém, acaba assassinando uma garota sinistra, e começa a sentir o peso da responsabilidade. Logo após, seu namorado, que também estava envolvido no resgate desaparece, e cabe a ela descobrir o que houve, sem perder a cabeça, pois quanto mais pistas encontra, mais sombria e aterrorizante fica a história, principalmente ao descobrir que a garota que matou está viva, em meio à elementos sobrenaturais. Mas seria real, ou é da sua própria cabeça, por não aceitar o que o destino reservou? Cada tomada de decisão pode piorar sua sanidade, e acarretar sérias consequências. A instabilidade psicológica da protagonista é o ponto alto que faz com que cada escolha seja crucial.
A mecânica é simples, e o jogo começa sem qualquer didática: obtenha informações de transeuntes, investigue cenas e objetos, e não esqueça de voltar aos lugares para garantir as informações. Os puzzles são simples, no estilo: a porta está trancada, talvez o porteiro tenha a chave, e preciso entrar numa sala vigiada, se acionar o alarme talvez eu consiga. Não espere por desafios, aproveite este jogo como um escape daqueles todos outros que você tem em sua biblioteca que precisam de mais esforço.
Quanto ao terror, os orientais têm muita experiência no segmento, mas apontam para algo diferente do que estamos acostumados: enquanto que aqui tudo é sangue, lutas, elementos de horror visual, para eles o nicho é o do terror psicológico. Tanto que os finais são resultados dos transtornos psicológicos da pobre Itõ, e mostram um lado bem obscuro das condições em que a personagem é deslocada.
Por ser um jogo do gênero apontar e clicar, fique ciente que terá muito texto e pouca ação. Os diálogos dublados não são lá muitos, mas o jogo é uma boa oportunidade para iniciantes no conceito. Tokyo Dark: Remembrance não é inovador em seu nicho, mas certamente é uma boa opção, além de não ser difícil de platinar.
Veredito
O terror psicológico incomoda e faz com que a tomada de decisões seja muito precisa em relação aos níveis de sanidade e profissionalismo, tornando Tokyo Dark: Remembrance interessante e preocupante, já que a pobre protagonista sofre ao longo de toda história. A trilha sonora é abundante, deixando o clima de suspense mais evidente, enquanto que a animação é limpa, fazendo com que o jogo seja uma boa opção de compra.
Jogo analisado no PS4 padrão com o código fornecido pela Unties.
Veredito
Veredict
The psychological terror of Tokyo Dark: Remembrance bothers and forces accurate decisions regarding levels of sanity and professionalism, making the game interesting and worrying, as the protagonist suffers throughout the entire story. The soundtrack is abundant, making the suspense atmosphere more evident, and the animations are clean. In the end, the game is a good option to buy.