Análise – Timespinner

O mundo dos jogos e filmes possuem diversos títulos que aderem as viagens no tempo. Life is Strange, Efeito Borboleta, Harry Potter e De Volta Para o Futuro, são apenas alguns exemplos do que existe no mercado. Porém, nenhum deles trata isso de forma tão natural quanto Timespinner.

Desenvolvido pela Lunar Ray Games, o Indie Timespinner carrega consigo o clássico modelo Metroidvania. Em outras palavras, é um jogo 2D que possui diversas telas interconectadas.  Além disso, todos os tipos de inimigos e armas que você conhece desses dois títulos (Metroid Prime e Castlevania) estão aqui, como martelos gigantes, morcegos e a viagem entre os mundos.

No início dos tempos, o planeta de Lachiem descobriu um pacato lugar chamado Winderia. O Império percebeu que eles poderiam negociar com os habitantes locais e, a fim de conseguir suprimentos, passou a trocar parte de sua tecnologia por comida.

No decorrer do tempo, o Império de Lachiem acabou descobrindo a Timespinner, decidindo então adquirir o objeto divino para si. Porém, todas as vezes que há uma tentativa de roubo do artefato, um Time Messenger é levado de volta ao passado para impedir que os inimigos levem a roda do tempo.

Embora a viagem ao passado seja uma constante para os habitantes de Winderia, o ato possui suas consequências. Quando se usa a Timespinner, o mensageiro é completamente apagado da memória das pessoas.. No entanto, ao retornar para o clã, é recebido de braços abertos, mesmo que ninguém se lembre dele.

Para evitar os ataques, um novo Time Messenger é treinado de tempos em tempos, e Lunais, a personagem principal do jogo, é a escolhida para o serviço. Mesmo preparada, a garota acaba vendo sua mãe ser assassinada pelo de império de Lachiem, que destrói a Timespinner, atrapalhando toda a linha temporal.

Destinada a ser mandada para o passado, a garota acaba se mantendo no presente, porém, no planeta inimigo. Seu objetivo agora é descobrir se há algum jeito de reverter a situação e ajudar seu clã a manter-se vivo.

Um dos pontos mais legais de Timespinner está na possibilidade de viajar no tempo. Conforme você progride no jogo, peças da máquina destruída vão sendo encontradas. Ao adquirir todas, Lunais ganha o poder total do objeto, sendo capaz de “brincar” com o tempo do seu jeito.

Por mais divertido que seja parar o tempo para atravessar o cenário, é um pouco frustrante não conseguir ver o que está acontecendo à sua frente. Para acessar determinadas áreas, por exemplo, é preciso usar seu poder para transformar os inimigos em plataformas. Porém, a falta de visão periférica acaba atrapalhando, frustrando o jogador em alguns momentos.

Embora a jogabilidade e os gráficos sejam os mais simples possíveis, é perceptível o cuidado que eles tiveram ao trazer o mundo 2D à nova geração. Os efeitos do tempo e a forma como Lunais interage com o cenário, são incrivelmente belos para o estilo.

Diferente do que acontece em Life is Strange, as escolhas feitas em Timespinner não afetam apenas a vida das pessoas, mas também o cenário em si. No tempo presente, por exemplo, há baús que estão atrás de cipós enrijecidos. Para tirar esses obstáculos do caminho, será preciso voltar ao passado e queimá-los enquanto ainda é possível.

Embora as Orbs sejam suas armas principais no jogo, elas não são a fonte da magia de Lunais. Há colares que podem ser encontrados em baús que garantem novos ataques especiais. Além disso, também existe a possibilidade de usar os truques da Alquimista para criar novos itens e aumentar o poder de seus ataques.

É possível fazer diversas combinações de armas, não sendo necessário usar duas Orbs do mesmo tipo. Caso você queira usar uma Wind Orb e uma Fire Orb, é possível. No entanto, isso acaba se tornando inútil, pois não dá para manter um ritmo de ataques precisos. Também existem algumas Orbs descartáveis, como a Ice Orb.

A Alquimista também garante habilidades passivas às suas Orbs. Elas permitem que suas armas sejam elevadas a outro nível,  tornando possível atirar em linha reta com a Ice Orb ou revelar passagens secretas com a Eye Orb, por exemplo. Embora algumas delas não necessitem de um equipamento secundário para fazer o óbvio, o desejo de pegar tudo faz o fator replay aumentar consideravelmente.

Se você gosta de companheiros de aventura, saiba que Timespinner traz os Familiars, monstros que o ajudam em combate. No entanto, eles nem sempre fazem o seu papel como deveriam. Seus ataques têm um intervalo considerável, abrindo espaço para a morte iminente.

Caso você tenha um amigo, pode corrigir o problema dos Familiars controlados pela CPU. O título permite que mais um jogador entre na aventura de Lunais, deixando o jogo mais balanceado. A melhor parte é que seus aliados não possuem HP e podem ser trocados em tempo real.

É preciso ficar atento aos inimigos, pois você não irá se dar mal apenas uma vez. Com uma dificuldade considerável, o título resgata algo que às vezes fica em falta nos jogos atuais. Os chefes podem ser de variados tamanhos, mas em sua maioria são imponentes e fortes. A trilha sonora, por sua vez, casa bem com os momentos de tensão e tranquilidade.

Diferente de outros jogos no estilo Metroidvania, o título traz para o jogador diversas quests para enriquecer a narrativa. Embora elas sejam bem simples, você consegue aprender um pouco mais sobre as viagens no tempo e os personagens.

Alguns temas considerados polêmicos são abordados no título, como o poliamor e a homossexualidade. Mesmo não sendo um jogo AAA, Timespinner se destaca por colocar à mesa, sem medo, a diversidade que existe na sociedade.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Lunar Ray Games.