Dois meses e meio atrás, The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel chegou ao PS4 anos após o seu lançamento original para PS3 e PS Vita. Um dos pontos principais que precisamos apontar é como um dos melhores JRPGs dos últimos anos foi um jogo que passou despercebido até mesmo por fãs do gênero.
Dessa vez, a história se repete novamente com o ainda melhor The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel II, jogo que consegue, de alguma maneira, ser ainda melhor do que o jogo anterior da série, se valendo de tudo de melhor que o primeiro jogo desse arco de uma das melhores e mais cultuadas franquias do gênero fez, tornando-os melhores a cada passo do caminho.
Tendo início um mês após o fim do jogo anterior, ToCS2, originalmente lançado para PS3 e Vita em 2014 no Japão e em 2016 no Ocidente, coloca o jogador novamente no controle dos membros da Class VII da Thors Military Academy, em especial do seu líder Rean Schwarzer, em sua jornada para tentar sanar os conflitos cada vez maiores dividindo o Erebonian Empire e tentar trazer a paz ao império após os acontecimentos do final do jogo anterior.
Discutir a história de ToCS sem entrar em spoilers é praticamente impossível. O jogo é uma sequência direta e todo o impacto e efeito que os grandes acontecimentos que são contados aqui são frutos diretos das sementes plantadas no seu antecessor ou se valem do seu conhecimento sobre os personagens para te fazer sentir cada nuance e os altos e baixos que a história percorre.
Caso você tenha jogado o primeiro jogo e ainda assim esteja curioso sobre um pequeno resumo do que trata a história de Trails of Cold Steel II, aqui vai (e já fica aqui o aviso de SPOILERS dos próximos dois parágrafos para quem não jogou): Após a batalha no fim do primeiro jogo, Rean, ao lado de Valimar, se encontra próximo da sua cidade natal de Ymir, conseguindo chegar lá com a ajuda de Toval.
Infelizmente, o descanso de Rean dura pouco, com ele logo se envolvendo na Guerra Civil Ereboniana, tentando defender o Império da ameaça da Imperial Liberation Front e seus novos aliados, a Noble Alliance. O Ashen Awakener precisa então descobrir não só como derrotar seus inimigos, mas investigar o paradeiro dos seus amigos, professores e dos demais alunos da Thors Military Academy que estão desaparecidos. O desenvolvimento de um dos, se não o principal antagonista do jogo, Crow Armbrust, é um dos seus grandes pontos, já que nenhum grande herói existe sem um grande rival para combater.
Voltando ao curso normal e sem spoilers, o impacto emocional da história do jogo é algo incrível. Por mais que Trails of Cold Steel (e a franquia Kiseki como um todo) saiba incluir momentos mais leves e divertidos em sua narrativa, ainda é um conto sobre guerra, perda e os sacrifícios que precisamos fazer para proteger aquilo e quem se ama.
É uma experiência que, por mais que dependa do quanto o jogador gostou do primeiro jogo, é inegavelmente melhor, e acompanhar Rean embarcando de vez na jornada para se tornar o grande herói de Erebonia, as dores que ele passa em seu crescimento e o desenvolvimento de todos os personagens (dessa vez não só restrito a Class VII), de alguma forma, torna TOCS II um jogo ainda mais maravilhoso do que o seu antecessor.
Mecanicamente, Cold Steel II é muito similar aos demais jogos da série. Os combates são por turno, com cada um dos quatro membros da sua equipe age em sua vez, podendo atacar, usar itens, arts (o nome dado as magias aqui), crafts (habilidades especiais específicas de cada personagem) e outras possibilidades que o jogo lhe dá, inclusive com bônus sendo implantados em cada turno tanto para você quanto para seus inimigos. Os S-Crafts retornam como as poderosas habilidades especiais capazes de mudar o ritmo de qualquer batalha em seu favor.
Outro ponto que retorna é o Link System e os Bonding Events e os seus efeitos na história e no sistema de combate. Ao contrário do jogo anterior em que eles tratavam mais sobre os colegas de classe se conhecendo, aqui eles funcionam como mais um parâmetro do quanto os personagens cresceram e evoluíram ao longo do tempo em que ambos os jogos se passam. Isso se torna ainda melhor se você tiver um save completo do jogo anterior (seja da versão de PS4, PS3 ou PS Vita), já que algumas das suas decisões e a forma como os relacionamentos se desenvolveram nele afetando os diálogos aqui.
Expandindo em relação a isso, a principal novidade de ToCSII é o Overdrive Mode, uma nova mecânica em cima dos bônus em batalha que já existiam por causa do Link System. Agora, um pequeno medidor é mostrado na HUD e que quando preenchido permite aos membros da equipe ter seu HP, EP e CP totalmente restaurados, cura os efeitos de status, aumenta a possibilidade de atordoar os inimigos e acaba com o tempo de espera para se usar as Arts, tudo isso enquanto os inimigos não podem agir e os personagens envolvidos no Overdrive vão sempre ter seus turnos em sequência, até mesmo se usarem S-Crafts/S-Breaks.
Obviamente, por ser uma mecânica bastante poderosa, o Overdrive não vem de graça. Para poder ativá-los é necessário encontrar os chamados Trial Chests, baús espalhados pelo Império Ereboniano, cada um vinculado a um par de personagens, além de ser necessário derrotar as criaturas protetoras daqueles baús. É um belo desafio, mas um que vale bastante à pena. A exceção fica, é claro, para o protagonista, sendo possível que Rean use essa habilidade com qualquer parceiro sem antes precisar abrir um dos baús.
Ao contrário do jogo anterior, ToCS II não tem o ambiente da Thors como seu hub central onde o jogador socializa com seus aliados e nem segue a estrutura rígida do calendário de aulas presente no seu antecessor, algo que agora ocorre ao longo de suas viagens por toda a Erebonia. Isso tanto ajuda a desenvolver melhor a sua relação com personagens importantes para a trama como também permite deixar mais claro o amadurecimento e crescimento do Rean, contrastando com as viagens de campo do jogo anterior, já que agora você não está apenas indo conhecer os lugares, mas ativamente lidando com os efeitos da guerra na vida das pessoas. Reencontrar ou conhecer novos membros da academia espalhados pelo Império é bem diferente de simplesmente conhecê-los na academia e o cuidado com os diálogos passa muito bem a diferença do momento vivido pelos personagens aqui.
Como no jogo anterior, é importante ressaltar que Trails of Cold Steel II é um jogo desenvolvido para o PS3/Vita e portado para o PS4, portanto, não temos um mundo aberto, mas uma sequência de mapas, no geral bem curtos, interligados entre si. Isso não afeta em nada a qualidade do jogo em si, assim como o visual que, como notado anteriormente, se agradável não é nada espetacular em suas animações ou ambientes, com o show mesmo ficando por parte das artes em 2D do jogo que são fantásticas.
Obviamente, a versão para PS4 não é sem melhorias. O jogo roda em 1080p no PS4 padrão e 4K no PS4 Pro, mas não se limita a isso. A grande novidade desses ports é o Turbo Mode que, com um simples toque de um botão, permite acelerar as animações, movimentos e até mesmo o texto. Isso é especialmente útil para jogadores que só querem experimentar a história mas possuem pouco tempo para lidar com os combates e tudo que vem com um JRPG, já que realmente ajuda a economizar o tempo gasto nas dungeons ou andando de um ponto a outro do mapa.
Outro ponto que a XSEED Games também trouxe para esse novo lançamento (e que estava presente no port para PS4 do primeiro jogo) é a presença de dual audio, algo que não existia nos lançamentos para PS3 e Vita no Ocidente, além da adição de dublagem em vários diálogos que não possuíam isso naquelas versões. Aproveitando que estamos falando do áudio, mais um ponto positivo precisa ser dado para a trilha sonora que é, novamente, impecável, combinando muito bem com cada momento do jogo e sendo uma das mais memoráveis dos últimos anos.
Um dos pontos destacados em ambas as análises do primeiro jogo publicadas aqui no site é de que Trails of Cold Steel é um dos melhores RPGs disponíveis para PS3, PS Vita e agora para PS4. Mesmo com essa barra incrivelmente alta, Trails of Cold Steel II consegue ser um jogo ainda melhor, sendo bem possivelmente o melhor JRPG da geração passada e que, com o seu relançamento para PS4, tira mais uma das desculpas que os fãs do gênero podem ter para não jogá-lo.
Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela XSEED Games.
Veredito
The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel II é, francamente, um dos melhores JRPGs já lançados para o PS4. A forma como o jogo lida com a sua trama ainda mais madura do que o jogo anterior e a conexão que o jogador já possui com os personagens, os quais são muito bem desenvolvidos, e o sistema de combate por turnos perfeitamente afinado fazem dele uma obra-prima.
Veredict
The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel II is, honestly, one of the best JRPGs ever released for the PS4. The way the game handles a story even more mature than its predecessor and the connection the player has with the characters, which are very well-developed, and the turn-based combat system perfectly tuned make it a true masterpiece.