Análise – MediEvil


*Nota: o vídeo acima ficará disponível amanhã.

A geração do PlayStation 4 ficou conhecida por termos muitos jogos remasterizados. O número é tão grande que o termo acabou se misturando com remake. Crash Bandicoot N.Sane Trilogy e Spyro Reignited Trilogy são dois exemplos que podem ser claramente classificados como remake, porém foram tratados como remaster pela Activision. MediEvil chega numa “vibe” similar: é basicamente um remake (e a Sony o chama assim), mas seu gameplay é muito similar ao original. Para evitar confusões, chamaremos nesta análise de remake, mas entenda que se Crash Bandicoot N.Sane Trilogy é um remaster, MediEvil também deveria ser chamado assim – e a classificação contrária também é válida.

Desenvolvido pela Other Ocean Interactive, MediEvil é basicamente o título original do PlayStation 1 com uma nova camada de pintura, um sistema de câmera aprimorado e alguns extras. Se você jogou o original, poderá reviver o momento. Caso contrário, há uma aventura interessante esperando por você, com um herói atrapalhado que é o Sir Daniel Fortesque.

MediEvil

MediEvil segue a jornada de Sir Daniel Fortesque, um cavaleiro um pouco inadequado (e há muito tempo falecido) que foi ressuscitado acidentalmente pelo seu maior inimigo, o maligno feiticeiro Zarok. Ou seja, Fortesque faleceu de forma ridícula em combate, mas poucos sabem disso e ele foi considerado um herói em combate. Agora, vários anos depois, Zarok retornou e Fortesque tem uma segunda chance para provar que é um herói de verdade e salvar o reino de Gallowmere.

A história de MediEvil, além de simples, não é relevante para o jogo – o que não é ruim. Ela serve apenas para introduzir o mundo do game e depois dar um significado para o seu fim. O que acontece no meio, apesar de ter uma ou outra cutscene, pode ser completamente ignorado. Vale ressaltar, porém, que o game encontra-se completamente dublado e legendado em português do Brasil. Aliás, não podemos reclamar da dublagem: é ótima. Em pouquíssimos momentos, no entanto, a legenda fica dessincronizada ou simplesmente não aparece. Considerando que é dublado, não é exatamente um ponto negativo, mas para quem conta com os textos talvez possa ser algo mais problemático.

MediEvil

O fluxo de MediEvil é bastante simples. Há um mundo geral que serve como seleção de fases e, conforme você avança, tem acesso a novos níveis (sendo um total de 22). Apesar de ser focado na ação, MediEvil possui um elemento inspirado em RPG que é o seu senso de progressão.

No início, Fortesque possui apenas o seu braço (que pode ser arremessado), uma espada e adagas (que também podem ser arremessadas, mas são limitadas). Todas as fases, em sua maioria, possuem dois objetivos claros: terminá-la (obviamente) e coletar o cálice. Esse cálice só pode ser pego quando você atingir uma porcentagem de inimigos derrotados na fase (isso é mostrado no canto superior direito da tela). Ao atingir os 100% exigidos, o cálice pode ser coletado. E quando terminar a fase com o cálice em mãos, Fortesque é levado ao Salão dos Heróis.

É nesse salão que estão os heróis de eras anteriores e que sabem que Fortesque é uma fraude. Com os cálices sendo coletados, você pode provar que eles estão enganados e cada vez que chega a esse salão, recebe um upgrade. Na maioria das vezes, o upgrade é uma arma que, conforme você avança, mais poderosa fica. Por exemplo, uma espada que você obtém por esse sistema é forte, mas necessita de magia. Mais tarde, outra espada tão forte quanto é dada ao jogador e não requer magia. O machado, por sua vez, é tão forte quanto e ainda pode ser arremessado, tornando o uso de projéteis quase nulo.

MediEvil

O controle de MediEvil é bastante simples. X pula, quadrado ataca, triângulo troca entre arma principal e secundária (você define isso no inventário) e bola é um segundo tipo de ataque (com a espada, por exemplo, permite que você gire num ataque 360 graus). R1 é o escudo (que é gasto conforme você o utiliza para aguentar os ataques) e também pode ser usado para uma espécie de “dash attack” se estiver correndo quando pressioná-lo. R2 é uma espécie de “strafe”, em que você usa o escudo mas fica preso em uma direção (sendo honesto, raramente utlizará isso).

Até o momento, você leu coisas como “magia”, “projéteis” e “gastar”. Em MediEvil, determinados itens são consumíveis e você gasta a moeda obtida em diversos momentos com um gárgula mercador que pode recuperar esses itens. Você terá dinheiro de sobra para recuperá-los, fora que não é algo que faz a diferença no combate na maioria dos casos, então não há muito com o que se preocupar com essa mecânica. É claro, há determinados chefes ou inimigos que o duelo fica mais fácil utilizando uma besta, arco e flechas ou lanças, mas são exceções e não a maioria.

O combate, de uma forma geral, passa a sensação de velho. Afinal, é um jogo de PS1 com uma nova camada. Principalmente no começo, contra os zumbis e usando sua espada fraca, parece que eles nem sentem dano. Isso muda mais adiante, mas ainda assim é um combate meio estranho pros padrões atuais. Apesar disso, há momentos em que fiquei espantado com a criatividade. Por exemplo, em um formigueiro, estava tendo dificuldades em eliminar as formigas com a espada. Achei que talvez estivesse cedo demais nessa fase e talvez devesse deixar para outra hora. Foi quando resolvi usar o martelo – que literalmente bate no chão. O martelo simplesmente eliminava as formigas em um ou no máximo dois golpes – o que faz sentido.

MediEvil

Entre os botões, só faltou mencionar o L2, que por sua vez, é uma visão inédita neste remake. A câmera fica em “segunda pessoa”, sobre o ombro de Fortesque. Sendo honesto, seu uso é quase escasso, porém é interessante que exista.

Mas há um problema bem mais sério nesse remake que é a câmera em si. Como mencionado no início desta análise, MediEvil é basicamente uma nova camada sobre um jogo de PS1. A câmera ainda é a mesma, mas é possível controlá-la caso queira e isso causa muitas dores de cabeça.

É bastante comum a câmera simplesmente encontrar um objeto no seu caminho e não mostrar o seu personagem (não há efeito de transparência). Em outras ocasiões, ela simplesmente fica imóvel do nada porque naquela seção não é controlável. Essa segunda crítica não é tão problemática, mas acredite: você terá dores de cabeça com a câmera, de uma forma ou outra.

A imagem ilustrada a seguir é mais comum do que você possa imaginar.

MediEvil

A câmera não é o único problema. MediEvil conta com sérios bugs, principalmente de colisão. Vou exemplificar com dois que, por muita sorte, não tive que reiniciar o jogo.

O primeiro caso foi em uma das fases iniciais. Sem dar muito spoiler, há um pianista. Eu pulei nele e, quando Fortesque caiu no chão, ficou preso na animação de “em queda” e não saiu disso. Porém, eu ainda conseguia movê-lo pelo cenário (mas não podia pular, atacar ou fazer qualquer ação). Eu o levei até um local que existia uma queda e, finalmente, quando atingiu o chão nessa segunda queda, a situação foi revertida.

O segundo bug de colisão ocorreu com o sub-chefe da fase final. Ele simplesmente ficou fora da fase em um dado momento. Eu tive que atraí-lo de diferentes formas para dentro para que pudesse atacá-lo e continuar o jogo normalmente. Eu não costumo ser muito azarado com bugs, portanto acredito que é possível que existam bugs ainda piores e que veremos sendo relatados quando o game estiver disponível publicamente.

Ainda sobre bugs, é muito comum você interagir com um livro (imagem abaixo) e simplesmente não acontecer nada. É preciso repetir a ação até que ocorra a narração.

MediEvil

Apesar desses bugs, MediEvil conta com ótimos gráficos e uma trilha sonora melhor ainda. O jogo está totalmente em português do Brasil, como já mencionado, e as vozes são ótimas.

Por ser um remake, há algumas novidades. A principal delas só ocorre quando você terminar MediEvil: há uma quest que você deve revisitar todas as fases e encontrar almas perdidas em cada uma. Depois disso, é preciso realizar algo específico que cada uma dessas almas pede ao jogador (em uma outra fase ainda). É uma forma de aumentar o replay do título, já que sua duração é relativamente baixa: é possível terminar o jogo em cerca de 6 horas ou pouco menos que isso.

Fora isso das almas perdidas e da câmera, não há muitas outras novidades para quem jogou o original. A essência continua sendo a mesma e o nível de dificuldade também é basicamente o mesmo. Não se engane: o começo pode parecer difícil porque você não tem muitos dos equipamentos (além de ter pouca vida), mas assim que isso é contornado, o jogo fica muito fácil.

Há também um ponto que me deixou incomodado pois não faz muito sentido e que poderia ter sido “modernizado”. Ao terminar uma fase, a sua vida continua sendo a mesma quando iniciar a próxima. É um desafio bacana? Sem dúvida e apoio fortemente. Mas você pode simplesmente ir para o começo, na primeira fase (Cripta do Dan), que dura menos de 1 minuto, e finalizá-la algumas vezes para recuperar a vida. É um processo que poderia ser eliminado facilmente com um sistema de recuperar a vida automaticamente ao completar uma fase (como todos os jogos atuais) ou gastando dinheiro com o gárgula. Ou ainda, impedir que o jogador retorne ao início até terminar o jogo, por exemplo. Pode parecer uma reclamação “nutella” (aliás, longe disso, pois como mencionado o jogo em si não é desafiador), mas dado o fato que você pode simplesmente ir para o início e burlar essa dificuldade, parece algo mais mal planejado do que intencional.

MediEvil

Veredito

MediEvil é uma boa forma de relembrar o clássico do PlayStation. O jogo é basicamente o mesmo, com uma ótima nova camada de pintura, um controle de câmera mais livre e alguns extras. Porém, além de ser relativamente curto, MediEvil conta com um número consideravelmente alto de bugs de colisão e justamente a nova câmera deixa a desejar em muitos momentos.

Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela Sony.

Veredito

75

MediEvil

Fabricante: Other Ocean Interactive

Plataforma: ps4

Gênero: Ação / Aventura

Distribuidora: Sony Interactive Entertainment

Lançamento: 25/10/2019

Dublado:

Legendado:

Troféus:

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Veredict

MediEvil is a good way to remember the PlayStation classic. The game is basically the same, with a great new paint layer, freer camera control and a few extras. However, besides being relatively short, MediEvil has a considerably high number of collision bugs and the new camera is not very good in many moments.