Granblue Fantasy é um popular jogo para celulares e navegadores lançado em 2014 no Japão. Até hoje, apesar de estar em inglês, não está disponível no Ocidente. O seu sistema é um RPG por turnos e conta com Nobuo Uematsu na composição e o diretor de arte Hideo Minaba – ambos trabalharam juntos em títulos como Final Fantasy VI, Final Fantasy IX e Lost Odyssey.
A popularidade deste jogo de celular é gigantesca nos territórios em que está disponível, sendo que há mais de 24 milhões de jogadores (até junho de 2019). Com isso, é difícil imaginar que a franquia seria exclusiva dos celulares. Além de um anime, a Cygames, em parceria com a Arc System Works, nos traz Granblue Fantasy Versus.
Apesar dessa introdução que citei, não é necessário ter conhecimento prévio algum para aproveitar Granblue Fantasy Versus (GBVS). Usando a Unreal Engine 4 e o mesmo estilo artístico que a Arc System Works adotou em Guilty Gear e Dragon Ball FighterZ, GBVS é um belo e, por incrível que pareça, simples jogo de luta.
GBVS conta com 11 personagens jogáveis e mais um destravável. Além disso, há os DLCs que serão diversos (há, no mínimo, dois Season Passes confirmados). Os personagens do jogo base são todos carismáticos e bastante diferentes entre si. Mas é fácil perceber que estamos falando de um jogo de luta quando podemos encaixar cada personagem em um “estilo”.
Por exemplo, Gran é basicamente o Ryu do jogo, com um Hadouken, Shoryuken e um (quase) Tatsumaki. Já Charlotte é uma versão feminina e miniatura de E.Honda. Enquanto isso, Ladiva é uma Zangief adaptada. E assim por diante. Claro, é apenas similaridades, pois no fim do dia GBVS continua sendo bastante único em seu gameplay.
O gameplay, aliás, reforço novamente que é bem simples. Quando me questionam o que GBVS lembra, falo diretamente que é um Street Fighter II da Arc System Works.
Os combos são simples e curtos (além de não ter muita opção), sendo que há quatro tipos de ataque: fraco, médio, forte e o botão X que muda conforme o personagem. Os golpes especiais predominam nos combates e possuem um sistema de “cooldown”, ou seja, depois de serem executados, você deve esperar um pouco até poder usá-los novamente (são os quadradinhos localizados na parte inferior da sua vida). E temos os dois Supers: Artes Celestiais (encha a sua barra de especial e faça o comando) e Super Artes Celestiais (mesma coisa que o anterior, porém só pode ser feito quando você tiver menos de 30% da sua vida). Também há os agarrões e os “overheads”, ambos padronizados para todos os personagens.
E é basicamente isso. Não há nenhuma outra mecânica complicada ou combos mirabolantes. Aliás, GBVS vai justamente no caminho contrário: há botões de atalhos para todos os golpes especiais. Por exemplo, se você apertar R1, é a mesma coisa que pressionar meia-lua e o botão de ataque fraco. R1 e uma direção fará outro movimento especial da lista de comandos. Se apertar R1 com o ataque forte (e a direção), é o mesmo que executar o ataque de comando forte. Veteranos ignorarão esse sistema completamente, pois o “cooldown” mencionado anteriormente é maior se você usar esses atalhos. Mas para quem sempre teve dificuldade em fazer comandos de jogos de luta, é uma opção para se divertir.
Faltou explicar apenas uma coisa: a defesa. Para trás ainda defende, como a maioria dos jogos de luta. Mas há também outro botão que permite defender e, se você pressionar para trás e esse botão, a esquiva será realizada.
Mesmo sendo simples, o gameplay agrada e o fato dos personagens serem bem diferentes entre si merece destaque. Mas consigo ver muitos jogadores achando tudo muito simples demais ou que, com o tempo, fique monótono. Por isso, sob esse ponto de vista, o melhor é você mesmo testar e ver o que acha do game.
Já quanto aos modos de jogo, GBVS oferece tudo que esperamos atualmente de um jogo de luta, com o destaque para o modo RPG. Esse modo é basicamente o “modo história”, para ficar mais claro. E, apesar do nome, os elementos de RPG são bem poucos. No vídeo abaixo você confere a primeira hora para ter uma noção melhor.
A história desse modo RPG coloca Gran e seus amigos tentando entender o que está rolando que todos os personagens estão ficando sem memórias e atacando o seu grupo. Ou seja, é uma história criada para o jogo e, apesar de contar com os personagens que existem no game para celulares, não fará diferença você conhecê-los ou saber quem são.
Vale destacar que temos todo o jogo legendado em português do Brasil (provavelmente por conta da Cygames). Inclusive, recomendo que jogue com as vozes em japonês. Jogar em inglês pode ser um pouco confuso, pois as legendas não parecem que foram baseadas nos textos em inglês, então há muita coisa que você sabe a tradução do que foi dito mas o texto mostra outra coisa completamente diferente – apesar do sentido das duas frases ainda ser o mesmo.
O modo RPG possui dois tipos de batalhas diferentes. Na primeira delas, você enfrenta inimigos comuns aos montes em um estilo beat’em up. Já no outro tipo você encara os chefes, que possuem uma vida maior e um sistema de ataque e dano criado para o modo RPG. Porém, o gameplay nesses chefes ainda é similar ao de vários inimigos – a diferença é que agora é apenas um só, porém mais resistente. O modo RPG, depois de um dado momento, pode ser jogado de forma cooperativa online ou offline (ou com uma I.A.). Ponto positivo para isso.
Já quanto ao “RPG” no nome, se dá ao fato que você recebe vários itens a cada batalha, além de dinheiro e XP. O que realmente melhora seu personagem é fazer upgrade das armas com o dinheiro obtido das lutas e “fundi-las” (as que são iguais) para destravar o limite de nível e continuar aprimorando-as. As armas possuem tipos elementais (como vento ou fogo), sendo que o jogo avisa qual tipo elemental será mais útil na batalha a seguir, forçando você a equipar uma arma que tenha o que se pede. O restante do game é basicamente a ação descrita nos parágrafos anteriores.
Apesar disso tudo, o modo RPG é bastante fraco. As lutas com os inimigos comuns são entediantes e a história é rasa e fraca (contada no estilo visual novel). Os chefes são divertidos, por outro lado, mas até chegar neles você já vai ter se entediado um bocado.
GBVS possui outros modos, como a Galeria para ver as artes, o Arcade que é bem simples (e libera artes especiais para a Galeria), etc. O modo Tático, que serve basicamente como um Tutorial mais avançado (além das famosas Trials para que você treine combos, há até situações que mostram como punir os golpes dos personagens), também marca presença. Veteranos em jogos de luta descobrirão o que esse modo oferece analisando a frame data no modo Treinamento (ou treinando de fato), mas esse modo Tático é útil para os que possuem menos experiência.
E, é claro, temos o online. Infelizmente, em pleno 2020, as companhias japonesas ainda insistem em usar um netcode baseado em delay (e não rollback como vários jogos do Ocidente já adotaram e provaram que é uma experiência melhor). Por conta disso, você provavelmente conseguirá aproveitar o modo com pessoas não muito distantes de você – mas será basicamente impossível jogar com estrangeiros ou brasileiros de regiões distantes. Em nossos testes, a maioria das lutas foram lagadas e os lobbies estavam praticamente desertos. Não é de se espantar – afinal, apesar da popularidade do jogo de celular no Japão, Granblue Fantasy é ainda desconhecido no Ocidente, principalmente no Brasil. Portanto, achar oponentes online será na base do Discord ou de amigos que estejam jogando e torcer para que não haja lag no fim.
Finalmente, GBVS possui uma trilha sonora muito boa. Seu gênero é variado – há vezes que lembra as músicas de SoulCalibur, enquanto que em outras situações nos faz recordar do estilo dos jogos da ASW, como BlazBlue. As artes que ilustram os diversos menus também merecem destaque pois são excelentes.
GBVS é um ótimo jogo com mecânicas simples. Seu modo RPG pode ser um pouco decepcionante e o netcode não ser o que desejaríamos, mas a sua base é sólida e divertida. Talvez o maior problema, além dos dois pontos citados, seja o abuso dos DLCs – em menos de dois meses teremos cinco personagens DLC (um deles é destravável no jogo, porém). Não mencionei anteriormente, mas há capítulos no modo RPG em que personagens DLC aparecem como jogáveis, porém você só pode aproveitar se adquirir a expansão. O que custava dar um gostinho da personagem DLC (no caso, Narmaya) no modo?
Jogo analisado no PS4 Pro com código fornecido pela XSEED Games.
Veredito
Granblue Fantasy Versus é um jogo de luta com mecânicas simples e agradáveis. Os gráficos são ótimos e a trilha sonora também. Seu modo RPG é um pouco sem graça, com uma história fraca, mas que conta com batalhas contra chefes boas. O restante do jogo é o que se espera de um título de luta: Arcade, modos para aprender o básico, Galeria, etc. O online, como a maioria dos jogos japoneses, é um netcode baseado no delay, algo que as desenvolvedoras precisam repensar em não usar mais.
Veredict
Granblue Fantasy Versus is a fighting game with simple and pleasant mechanics. The graphics are great and the soundtrack as well. Its RPG mode is a little bland, with a weak story, but with good boss battles. The rest of the game is what you would expect from a fighting title: Arcade Mode, ways to learn the basics, Gallery, etc. Online mode, like most Japanese games, is a delay-based netcode, something developers need to rethink about not using anymore.