Análise – Divinity: Original Sin 2 – Definitive Edition

Poucas tarefas parecem ser tão difíceis para uma desenvolvedora quanto lançar a sequência de um jogo criticamente aclamado. Após mais de uma década com uma série de jogos bons, mas nada especiais, na série Divinity, a Larian Studios acertou na mosca com o incrível Divinity: Original Sin. Em sua sequência, o pequeno estúdio belga se supera, entregando um dos melhores RPGs de todos os tempos com Divinity: Original Sin 2, que agora chega ao PlayStation 4 pela Bandai Namco como Divinity: Original Sin 2 – Definitive Edition..

Divinity: Original Sin 2 é um jogo um pouco estranho para quem não está acostumado com a forma dos CRPGs. Ao contrário do que tradicionalmente vemos em outros jogos do gênero, D:OS2 é um jogo muito mais aberto e que busca capturar mais o aspecto de interpretar um papel, algo que aos poucos foi esquecido nos RPGs modernos.

O jogador pode assumir o controle de um dos seis personagens pré-estabelecidos do jogo ou criar um novo do zero, escolhendo uma entre quatro raças (humano, lagarto, elfo ou anão) ou uma variação morta-viva delas, definindo a sua origem, talentos, classe e outras características. Mesmo os personagens padrões do jogo podem ter visual e classe totalmente alterados, com alguma maleabilidade também nas estatísticas dos heróis. O jogo é bastante customizável e cada decisão influencia não só a forma como você vai jogar, mas a maneira como cada NPC do mundo interage com o seu personagem, seja pela história do personagem, seja pelos preconceitos que as raças possuem umas com as outras.

Enquanto é divertido criar um personagem customizável e o jogo em si faça um bom trabalho em estabelecer o papel deles naquele universo, o roteiro ganha muito mais corpo, principalmente para os novatos, ao se jogar com qualquer um dos heróis padrões, já que eles já possuem relacionamentos e objetivos dentro daquele mundo, facilitando a imersão do jogador nele, já que esses personagens possuem missões secundárias e um background muito bem estabelecido, fugindo dos clichês que se esperaria inicialmente. E, mesmo que o jogador escolha criar seu personagem, os demais estão disponíveis para serem recrutados para compor a equipe de até quatro personagens, sendo possível explorar essas mesmas missões e diálogos.

Os melhores jogos conseguem envolver completamente o jogador e, desde os seus primeiros momentos, D:OS2 captura por completo sua atenção por uma série de fatores: há uma variedade gigantesca de maneiras de solucionar as diversas situações do jogo, opções diferentes de como explorar o mundo e caminhos distintos a se tomar para cumprir os seus objetivos. Isso pode acabar sendo um pouco demais para o jogador novato, mas é fácil entender e começar a dominar esse excesso de opções e, muito rapidamente, os sistemas vão se tornando familiares.

Felizmente, a Definitive Edition de Divinity: Original Sin 2 resolve alguns dos problemas que o jogo possuía quando lançado para PC no ano passado. A versão que chega aos consoles resolve alguns dos menus mais obtusos do jogo, como o jornal que compila todas as informações obtidas, os objetivos e missões, assim como o menu de inventário, que agora é um só para todos os membros da equipe. Essa reformulação dos menus permite que o jogador passe menos tempo tentando se organizar e foque nos dois aspectos que dão mais força ao jogo: as interações com os outros personagens e o combate.

A história geral é relativamente simples e não exige conhecimento do jogo anterior. O jogador é colocado no comando de um Sourcerer (um tipo de feiticeiro capaz de canalizar a fonte de magia chamada source), o grupo que, após a morte de Lucian, o último Divine (uma espécie de líder religioso e político), passou a ser considerado como o responsável por trazer ao mundo seres de outra dimensão chamados de Voidwokens, que são capazes de causar a destruição de Rivellon (o mundo do jogo). Com isso, os Sourcerers são caçados a mando do novo Divine e enviados para a ilha de Fort Joy, onde experimentos visando sua “cura” são realizados. O jogador parte então em uma missão para fugir da ilha, descobrir os segredos por trás da Divine Order e moldar o seu destino e o destino do mundo como bem entender.

E é como o jogador bem entender mesmo, já que Divinity: Original Sin 2 realmente dá ao jogador opções para ser tudo o que ele quiser, seja um herói de bom coração, um anti-herói disposto a fazer o que for necessário para salvar o mundo ou um vilão maligno que não parará até conseguir a sua vingança. Suas ações não só refletem na história, mas também na forma como todos os NPCs falam e reagem a você (incluindo os animais, já que é possível conversar com eles usando um talento especial, e que, aliás, tem alguns dos melhores diálogos do jogo).

Cada interação é diferente e a quantidade de opções de diálogos que o jogo apresenta é absurda, com cada raça e personagem tendo diversas variações de diálogo com cada habitante daquele mundo, fazendo com que tudo pareça realmente vivo. Isso ajuda a demonstrar o quanto o roteiro é bem escrito, com as motivações dos personagens, sejam heróis, vilões ou meros habitantes daquele mundo, parecendo reais e os diálogos sendo sempre bastante coesos, o que é ainda mais enriquecido pela dublagem fora de série e a maneira como o jogo sabe equilibrar bom-humor e seriedade.

Por mais que seja possível resolver boa parte das situações e conflitos com diálogo, várias e várias vezes o jogador precisa apelar para o combate e D:OS2 também brilha nisso. A primeira coisa que chama a atenção é que, apesar da interface ter sido pensada para o PC, ela foi muito bem adaptada para o controle. Tanto quadrado quanto triângulo ativam menus distintos (o primeiro ativa o menu de habilidades, ações especiais e itens e o segundo, um menu de ações rápidas) e X funciona como um botão geral de ação, com o analógico esquerdo funcionando como um mouse. Tudo isso é bastante intuitivo e responsivo e, combinado com os combates serem por turnos, fazem com que o jogo funcione bem no PS4.

Como mencionado, o combate é por turnos, com a ordem das ações sendo determinada pela iniciativa de cada um dos envolvidos. Em seu turno, cada personagem pode utilizar um determinado número de Action Points (de um limite de até seis) para se mover pelo mapa, atacar, utilizar itens, pergaminhos mágicos, habilidades e magias ofensivas e defensivas. Pode parecer simples, mas na prática há uma quantidade gigantesca de opções aqui também. Quase todos os ambientes possuem diferentes estratégias, sendo possível eletrocutar poças de água ou sangue, explodir barris de óleo para causar mais dano ou jogar veneno no chão, se mover para ambientes mais altos para aumentar o dano e alcance dos arcos e várias outras opções, inclusive de combos de habilidades, tanto para o jogador quanto para os inimigos.

O fato dos inimigos poderem se utilizar das mesmas estratégias faz com que nenhum combate em Divinity: Original Sin 2 seja fácil. Enquanto o jogo possui uma série de níveis diferentes para tentar abarcar os vários tipos de jogador, incluindo o Story Mode trazido nessa nova versão para jogadores que querem só ver a história do jogo, elas são especialmente desafiadoras no Classic, Tactician e Honour Mode, que te farão não só pensar muito antes de agir, mas também lhe deixarão bem familiarizado com o quick save. Lutar nesse jogo definitivamente não é para quem não gosta de pensar ou criar estratégias, já que os inimigos quase sempre irão te punir por qualquer erro, por menor que seja.

Outro ponto alto de Divinity: Original Sin 2 é a possibilidade de jogar com outros jogadores, seja por meio de co-op local com tela dividida ou com outros 3 amigos online, seja em missões cooperativas ou competitivas (inclusive na Arena, que também recebeu uma revitalização nessa versão). De certa forma, jogar D:OS2 lembra sessões de RPG de mesa, com amigos se reunindo para viver uma campanha de Dungeons & Dragons, por exemplo, algo que contribui bastante para o quão divertido esse modo é.

Como mencionado, esse lançamento do jogo para consoles traz uma série de melhorias que não só incluem as adaptações necessárias para jogar com controle (que, como mencionado, ficaram muito boas) e a reformulação dos menus, mas o jogo roda quase perfeitamente a 1080p e 30fps no PS4 base, com alguns pequenos slowdowns enquanto o jogo está salvando, mas no geral o jogo é muito bonito e vivo e a trilha sonora ajuda a manter a ambientação perfeita (assim como a dublagem, como já dito). Essa versão também reformulou algumas coisas do original de PC (como missões novas e outras reescritas no 3° Ato e um tutorial), fazendo com que essa realmente seja a sua versão definitiva.

Divinity: Original Sin 2 – Definitive Edition realmente parece um jogo sem falhas. Palavras talvez não sejam suficientes para descrever o quão envolvente, intrigante, satisfatória e recompensadora a experiência é, principalmente para fãs de RPGs eletrônicos e de mesa e para aqueles que amam jogos de fantasia medieval. Pode não ser um The Witcher 3, mas D:OS2 chega bem perto de ser a experiência definitiva do gênero e, com certeza, o é para o seu sub-gênero específico.

Veredito

Divinity: Original Sin 2 – Definitive Edition é um dos melhores RPGs dessa geração e, talvez, um dos melhores de todos os tempos. Seja pelo excelente roteiro, ótimos personagens, pelos sistemas bem desenvolvidos ou combate desafiador, poucas experiências são tão envolventes e desafiadoras quanto essa.

Jogo analisado com cópia digital fornecido pela Bandai Namco.

Veredito

95

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Divinity: Original Sin 2 – Definitive Edition is one of the best RPGs of this generation. Be for its excelent script, great characters, well-developed systems or challenging combat, few experiences are as involving and challenging as this one.