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Análise – Battlefield V

“Coragem é o que é preciso para levantar e conversar; coragem também é o que é preciso para sentar e ouvir “. A frase histórica de Winston Churchill durante a Segunda Guerra Mundial nunca significou tanto para a série Battlefield e para sua desenvolvedora. Definitivamente, Battlefiled V é um jogo que precisava de mais coragem por parte da DICE.

Retornando aos primórdios, o novo jogo da franquia traz novamente como tema a Segunda Grande Guerra da humanidade. Após o excelente e bem-sucedido Battlefield 1, a DICE precisaria continuar com seu alto padrão de qualidade que, de certa forma, ficou manchado por várias falhas nos dois Star Wars Battlefront e em Mirrors Edge Catalyst.

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Seguindo os moldes do jogo anterior, Battlefield V tem uma campanha single-player que consiste de pequenas histórias, chamadas de “Histórias de Guerra”. Fugindo do tradicional meio de contar uma longa história com personagens fixos, a DICE utilizou esse modo de forma bem agradável em Battlefield 1. Infelizmente, o mesmo não pode ser dito do que foi apresentado agora.

Com apenas três campanhas (em comparação com as 5 de BF1), as novas histórias são rasas e nada memoráveis. Duas delas tem um foco alto na furtividade e acaba por não prover nenhuma sensação do período de guerra apresentado. A falta de combate e de histórias tão memoráveis ou imersivas como no jogo anterior, acaba fazendo da campanha uma parte quase dispensável do jogo, justo numa época em que o maior concorrente abdica totalmente desse aspecto e que poderia dar uma fatia do mercado diretamente a Battlefield V.

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Necessário reforçar que muito disso acontece pela decisão da própria desenvolvedora em deixar de lado eventos mais famosos do período histórico, como Normandia, as batalhas do Pacífico ou Pearl Harbor. Entretanto, é louvável a atitude da DICE em aproveitar outros locais e eventos não tão famosos, mas de tamanha importância durante a Segunda Guerra Mundial. Infelizmente, a falta de um melhor desenvolvimento dessas histórias prejudica bastante a campanha de modo geral e, mesmo com uma nova história ou mais sendo adicionada no futuro, fica difícil recomendar o jogo apenas pelo fator singleplayer.

Battlefield sempre foi uma série famosa pelo seu fator multijogador, criando embates em mapas gigantes e repleto de soldados, construções destrutíveis e uso de veículos. Lógico que isso não seria diferente em BFV. Os modos de jogo seguem praticamente os mesmo, como Conquista, Linhas de frente (que retorna de BF1), modos mata mata focados em infantaria e uma melhoria do modo Operações, agora chamado de Grandes Operações. Com um total de 8 mapas em seu lançamento, os mesmos se remetem a locais usados na campanha, como cenários da nevada Noruega, os campos e planícies da França e os mapas urbanos da Holanda.

Há uma boa variedade no estilo de mapas oferecidos. Alguns com maior foco no combate da infantaria e outros com uso de veículos terrestres e aéreos, como já é de costume da série, Battlefield V continua mostrando a desenvoltura da série em criar campos de batalhas cada vez mais únicos. Entretanto, o mesmo fator que pesa para a campanha, também pesa nesse aspecto aqui. É difícil lembrar de Segunda Guerra mundial e não ter de imediato na memória tudo o que já vimos de impactante e, ao observar o que é oferecido nesse tema em BFV, perceber que não está disponível.

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Por mais que a tentativa da desenvolvedora seja se afastar do que já foi exaurido na mídia de entretenimento, o jogador não consegue criar de imediato um vínculo com o período de guerra, o que acaba afetando inclusive a imersão e ambientação do título. É válido que isso cria outra perspectiva, mesma que já foi utilizada em BF1, onde abre precedentes para que o jogador pesquise e descubra mais sobre o que é apresentado e pouco conhecido.

Diferente da Primeira Guerra Mundial, o período proposto no jogo é mais recente e difundido na sociedade. Histórias de pessoas reais e artigos de museu trazem essa memória de maneira mais fresca a mente e faz com que todos nós possamos ver o que nos é mostrado de maneira mais crível. Isso se remete a tudo o que é visto no jogo, desde o arsenal, vestimentas, veículos como tanques, carros ou aviões. O trabalho de representação da DICE é impecável nesse aspecto.

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Por mais que algumas armas disponíveis tenham sido apenas protótipos no período real, várias delas são conhecidas e podem ser utilizadas no jogo, como a MP40, Panzerfaust, pistola 1911 ou os tanques Churchill e o famoso Tiger alemão. Porém, a quantidade de armas e dispositivos é bem pequena, principalmente comparado a todo o arsenal disponível na época.

O combate e jogabilidade foram ajustados para um estilo mais rápido e acelerado, lembrando títulos como BF3 ou BF4. Mirar e atirar continua bom como sempre, talvez um dos títulos Battlefield com melhor refinamento nessa área, porém, para os que vieram única e exclusivamente de BF1, a curva de aprendizado será mais acentuada. Particularmente, o jogo me causou certo desespero nas primeiras 20 horas, com uma jogabilidade muito diferente de BF1. Entretanto, após o período de adaptação é possível desfrutar do multiplayer com extrema satisfação.

Algumas mudanças foram drásticas para o jogo. Tentando melhorar ainda mais o fato de jogar em equipe, munição é mais escassa e a recuperação de vida é bem limitada. O uso de diferentes classes dentro de um mesmo pelotão é quase obrigatório para o sucesso da equipe. Há ainda a inserção da possibilidade de construir dentro das partidas multijogador. Seja a criação de barricadas, trincheiras ou caixas de munição e vida, tudo tem um significado e muda bastante o estilo de jogar. Defender uma bandeira com fortificações criadas é mais fácil do que uma em campo aberto.

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Alguns ajustes ainda precisarão ser feitos e principalmente a correção de vários erros e bugs do jogo. Tempo de reação inexistente quando se é atingido, corpos que atravessam o chão ou paredes, telas de loadings infinitas ou travamentos no jogo são comuns. Muito disso afeta a própria jogabilidade, criando certa frustração no jogador. Fora esses problemas, erros de progresso e desbloqueio de dispositivos acabam tirando a sensação de evolução no multiplayer.

A quantidade incomum de erros e bugs, além de escolhas questionáveis, criam a sensação de que a DICE produziu o jogo às pressas e sem o cuidado característico do estúdio. A mudança do estilo de um conteúdo premium (pago) para os updates gratuitos no pós-lançamento, claramente é melhor para a comunidade. Isso, porém, parece ter impactado na quantidade de recursos disponíveis para o que seria oferecido no lançamento, com uma diferença bem grande para seus antecessores, principalmente no arsenal do jogo.

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A inserção da customização dos personagens e armas do multijogador foi algo apresentado desde o anúncio do jogo e fez a comunidade ter uma reação negativa a princípio. No produto final, tal customização acaba não atrapalhando no jogo, principalmente quanto a modificação visual do personagem e a identificação dos mesmos nos mapas multijogador. Isso inclusive ajuda a criar um certo progresso para armas e classe preferida, já que quanto mais usar, mais itens de customizar será libera. É necessário esperar a inclusão das micro-transações no jogo, para realmente averiguar se isso não irá interferir em algo, o que deve acontecer dentro de algumas semanas.

Tecnicamente, qualquer Battlefield foi um marco na sua geração. O visual quase sempre buscando o realismo e o design de som impecável foram sempre notáveis. Por mais que não seja diferente nessa nova versão, é notável ver uma certa estagnação de melhorias nesse aspecto, principalmente no visual. O jogo continua longe de estar feio e mantém uma performance sólida, mas, mesmo com ajustes e pequenas melhoras, não se nota um expoente gráfico como nos títulos anteriores. Isso pode inclusive indicar que, devido ao ciclo de vida do PS4 próximo ao fim, seria o máximo que um jogo desse nível alcançaria com o hardware disponível.

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A maior diferença no visual seria a paleta de cores que a DICE decidiu usar. Saindo de tons mais escuros e cinzentos em BF1, BFV é muito mais colorido e vibrante. Isso é notável em mapas mais aberto e com mais vegetação. O design de áudio continua excelente, desde o som das armas aos de veículos, assim como vários efeitos de explosão e destruição. Infelizmente nem essa área escapou de bugs. O maior problema é quanto aos passos do próprio jogador, aliados e inimigos no multijogador, que quase não tem distinção ou são difíceis de escutar mesmo com um bom fone de ouvido.

Com os problemas já descritos, fica fácil afirmar que BFV é um jogo lançado de forma incompleta, que vai precisar de um bom suporte de sua desenvolvedora nos próximos meses. A boa notícia é que a DICE é sempre comprometida com seus projetos e costuma ter um excelente trabalho de pós-lançamento.

Battlefield V

Apesar de tudo, Battlefield V é um jogo que continua divertido na sua proposta de multijogador e deve melhorar ainda mais nesse aspecto. Voltando ao início deste texto, faltou coragem para a DICE arriscar mais na campanha singleplayer e nas suas propostas de design. Voltar há um tema já bastante utilizado em jogos de tiro é apostar no seguro, mesmo que a tentativa seja ver um lado menos conhecido dessa história. Há uma boa estrada pela frente no novo título da série, mas uma que já não começa de forma excepcional como antes.

Veredito

Em sua essência, Battlefield V ainda é um dos melhores jogos de tiro e com um dos multiplayers mais divertido do gênero. Uma campanha nada inspiradora e vários bugs acabam por manchar um título que poderia ser ainda melhor. A DICE preferiu trabalhar em um território já conhecido e acabou por apostar no seguro quanto ao tema e ambientação. É esperado que nas expansões e num futuro jogo, possa mostrar um pouco mais de coragem e ambição com a série.

Jogo analisado no PS4 padrão com código fornecido pela Electronic Arts.

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Battlefield V in its core still is one of the best shooting games and one of the funniest multiplayers you can find. The single player campaign is a bit shallow and several bugs end up leaving an impression that it could be even better. DICE has chosen to work inside a comfort zone by not taking many risks when it comes to the WWII atmosphere. But it’s expected more courage from the developers in the upcoming DLC and future titles of the franchise.