Análises

Absolum – Review

E mais uma vez, o combo DotEmu e Guard Crush presenteiam a comunidade de jogadores com um produto excepcional e à moda antiga. O trabalho conjunto das duas companhias trouxe alguns anos atrás um dos melhores beat’em ups modernos por meio de Streets of Rage 4. Desta vez, o esforço coletivo das empresas resultou em uma nova IP, que redefine tal gênero ao casá-lo com elementos do gênero roguelite.

Absolum se caracteriza pelo seu combate em sidescroll típico de beat’em ups tradicionais, mas cada jornada é distinta da anterior. Isso porque além de poder escolher caminhos diferentes no mapa, os itens e inimigos sempre se diversificam. Logicamente, isso confere ao jogo uma boa longevidade e não deixa a experiência saturar com facilidade. A união dos gêneros levou a comunidade a cunhar o termo “rogue-em-up” para classificá-lo – o que é bem apropriado e deve fazer de Absolum um primogênito da categoria.

A história do jogo se passa no mundo de Talamh, destruído por uma fenda mágica que fez seus habitantes ressentirem a prática de magia. Tal aversão, foi a oportunidade para que um governo autoritário e opressor assumisse o controle do mundo, perseguindo os arcanistas e magos. Os jogadores assumem um pequeno grupo de rebeldes, que visam derrubar o regime opressor de Azra.

Começa assim uma jornada desafiadora. Árdua, pois o game-over é bem recorrente. No entanto, o jogador dificilmente vai se cansar da aventura até chegar ao seu fim. Mesmo que seja necessário recomeçar do zero, existem diversos upgrades permanentes que deixam cada jogada subsequente menos árdua. São muitos mapas disponíveis e há várias rotas escondidas. A quantidade de itens e poderes também é significativa. Portanto, há sempre algo inédito em cada campanha.

O combate é muito satisfatório e graças a diversidade de upgrades, existem muitas possibilidades de combos e builds. O jogo roda a 60 quadros por segundo e contém uma opção de inclusive ajustar o input lag – algo que não senti necessidade de modificar, tendo em vista que em sua configuração padrão, os controles são extremamente responsivos.

Cada personagem possui três opções de ataque: um golpe rápido, um ataque mais forte/lento, bem como o ataque especial, que usualmente consome uma barra de mana. A esquiva tem um botão dedicado, mas para defletir ou dar parry no ataque dos inimigos, é preciso usar a esquiva ou o botão de ataque forte no tempo certo. Obviamente, tais recursos conferem ampla vantagem durante o combate, mas são mais difíceis de serem executadas. Além de todo o supramencionado, existem agarrões, ataques aéreos e muitas possibilidades de se combar isso tudo.

Por se tratar de um roguelite, a variedade de elementos é um marco do game. Mesmo após diversas horas, o jogo surpreende com algum detalhe. Existem além das diversas rotas escondidas pelos mapas, muitos eventos aleatórios, que proporcionam novos desafios à jornada. E mesmo após a sua conclusão, o jogo reserva algumas surpresas nesse sentido.

A única pequena crítica que tenha quanto à aventura procedural é na variedade e função das relíquias – que são os itens que conferem novos poderes aos ataques das personagens. Embora existam boas opções, muitos desses “power ups” são mudanças sutis. Na minha experiência, raramente o jogo me entregou combinações realmente poderosas. Ao meu ver, são os trinkets (funcionam como equipamentos) que se mostraram mais significativos para determinar o sucesso da aventura.

Absolum pode ser desfrutado por um ou dois jogadores, seja online ou local. Os desenvolvedores fizeram um bom trabalho com o balanceamento do jogo, de modo que a campanha com dois personagens tem sua dificuldade aumentada automaticamente, por meio de inimigos e chefes mais resistentes.

Independente da forma que for jogar, Absolum é prazeroso e extremamente divertido. A história cumpre seu papel, embora não seja tão engajante como seu gameplay viciante. O que também surpreende no game da DotEmu é sua qualidade técnica.

Os gráficos e animações, criados pela Supamonks, são um espetáculo à parte. As personagens e inimigos têm suas identidades elevadas com suas belíssimas animações, mas o desenho 2D dos cenários é igualmente caprichado. O jogo conta com cores saturadas e um alto contraste, sendo especialmente belo em um display de Oled.

A trilha sonora é outro aspecto que merece louvor. Gareth Coker (notório por Ori and the Blind Forest e Ori and the Will of the Wisps) é o compositor principal e traz músicas orquestradas e melódicas, dignas de um jogo AAA. Absolum também conta com a participação especial de Mick Gordon, que dispensa comentários pelo seu trabalho na franquia Doom (2016) e Doom Eternal.

Todo o design de áudio do game também é digno de reconhecimento. Os diálogos são bem escritos e o trabalho de dublagem eleva a personalidade das personagens. Ainda que tenha apenas legendas em português do Brasil, a localização é fruto de um trabalho competente.

Mesmo com inúmeras qualidades, talvez o jogo não seja indicado para o público que passa raiva com o RNG de roguelites, até porque muitas vezes o sucesso de uma campanha pode depender das relíquias e dos itens/equipamentos que aparecem. Fora isso, recomendar Absolum é a coisa mais fácil do mundo.

Absolum está disponível para PS4, PS5, Switch e PC com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada no PS5 Pro com um código fornecido pela DotEmu.

Veredito

Absolum é uma fantástica nova propriedade intelectual, fruto de mais uma parceria de sucesso da DotEmu e Guard Crush. O jogo inova ao fundir o gênero beat’em up com roguelite, tornando-o distinto de qualquer coisa do mercado. A solidez de seu design e o fator surpresa contínuo tornam este “rogue-em-up” uma recomendação enfática, mesmo para quem se frustra com a aleatoriedade.

95

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