Mais um ano e cá estamos nós mais uma vez diante do lançamento de um novo NBA 2K. Afinal, nada sinaliza mais que estamos prestes a começar mais uma nova temporada da maior liga de basquete do mundo do que o lançamento da sua contraparte virtual. Uma contraparte que, a essa altura, dificilmente conseguimos pensar no que e como ela ainda pode melhorar, afinal, lá se vão duas décadas de completo domínio sobre o gênero e uma constante recepção como um dos ou talvez o melhor simulador de esportes do mercado.
Isso não quer dizer que a Visual Concepts e a 2K Sports não vem tentando. O título deste ano abre de uma forma bem diferente, colocando o seu MyPlayer em um duelo imaginário contra o atual melhor jogador da liga, o MVP da temporada regular e das finais, Shai Gilgeous-Alexander. Neste duelo de 5v5, Shai convoca um time composto por Shaq, Michael Jordan, Allen Iverson e Dirk Nowitzki para enfrentar a sua própria equipe montada por lendas de diferentes eras da NBA. É uma abordagem bem interessante e diferente e uma que nos lembra que tanto quanto uma atualização dos elencos de um ano pro outro, NBA 2K26 é uma grande celebração da história do esporte.
Mas ficar preso ao passado nem sempre é a solução dos problemas e é algo que a série se demonstra bem consciente aqui, já que este ano traz uma série de melhorias importantes para tornar a ambientação ainda melhor para os jogadores. Em um momento em que a NBA parece cada vez mais popular e explodindo mais e mais com jogadores transbordando talento, nada mais justo que capturar as jogadas espetaculares da liga da melhor forma possível.
Assim, o foco central ficou no gameplay e visuais do jogo. Sobre a ação nas quadras, a física da movimentação dos jogadores foi totalmente revista, criando assim uma abordagem mais realista para a interação entre ela e o jogador, o que acaba tornando os dribles menos robóticos e dando uma impressão de maior individualidade para a forma como cada jogador conduz a bola. Isso se vê, principalmente, na forma como a interação entre os jogadores funciona ao atacar a cesta.
O funcionamento dos arremessos já havia sido revisto ao longo dos últimos anos, mas a forma como as coisas funcionam embaixo da cesta sempre foi um ponto de contenda entre os jogadores. Agora, o título traz uma série de melhorias para tornar esse aspecto do jogo mais funcional. Não só os jogadores têm mais dribles ao seu dispor, mas a lógica defensiva também foi revista, com os funis para os pivôs sendo explorados mais frequentemente e a marcação na linha de três mais realista, o que torna toda a experiência mais divertida e recompensadora e bem mais fiel ao que se vê na vida real.
É por isso que um dos pontos principais que o jogo traz são melhorias visuais e de ambientação. Não só tivemos os já esperados upgrades para os modelos dos jogadores, mas toda a lógica de iluminação foi revista, com elementos como suor e a interação dele com a bola dando um realce melhor para a experiência. A ambientação das arenas em si também passou por uma grande recauchutada, com pequenos detalhes, incluindo o comportamento dos fãs nas arquibancadas, passando por melhorias que te ajudam a se envolver ainda mais com a experiência.
Em relação aos modos, como é de se esperar, o MyPLAYER passou por toda uma revisão do seu criador de personagem, trazendo novos arquétipos bem mais legais e que me parecem estabelecer melhor as funções dos personagens. O sistema de progressão também foi revisto, dando maior controle aos jogadores sobre como desenvolver seu próprio atleta. A história em si segue sendo basicamente qualquer coisa, com o jogo não tendo exatamente muita criatividade aqui, reaproveitando até mesmo o nome MP.
Aqui, na história chamada de Out of Bounds, você é um garoto de origem mais simples que recebe uma oportunidade única. Ao longo da sua jornada, você irá subir nos rankings do 2KU250, eventualmente terá que desenvolver sua carreira jogando na Europa até retornar e ser draftado pela NBA. O jogo tenta criar um certo drama porque os pais do seu jogador não querem que ele vá para longe buscar seus sonhos, mas o chamado da bola é maior do que tudo.
Como dito, é qualquer coisa e o jogo tenta criar um drama (que não funciona). Nada muito diferente do que já se espera do modo. Há algumas claras melhorias aqui, incluindo um novo modo 3v3 no The City, com a cidade parecendo levemente mais funcional do que a bagunça já esperado. Mesmo assim, ainda é um modo que eu tenho preferido evitar já que é quase impossível não se ter a sensação de pay-to-win, seja nos modos mais casuais, seja no ProAm. Um problema inesperado fica pelo fato de outros modos agora terem missões aqui, então se prepare para ter que jogar o The City mesmo se o seu foco for o MyTEAM.
Por outro lado, o The W recebeu algumas melhorias bem significativas que o deixam mais em linha com os outros modos e seguem o tornando a melhor experiência comparado com o MyPLAYER. As grandes novidades ficam para a inclusão de GOAT Challenges, desafios que vão te dando mais XP, e alguns pontos que melhoram a imersão, como entrevistas coletivas. Pode não ser o mesmo volume de brilho, flashes e farofa que o MyPLAYER/The City trazem, mas acaba sendo melhor para quem não quer se sentir obrigado a soltar uma grana extra.
O MyTEAM segue sendo um gigantesco investimento de tempo e um que realmente te recompensa por isso (ainda que tenha seus atalhos com dinheiro também). Um ponto (em tese) bem legal é que, seguindo a deixa do EA FC, NBA 2K26 traz a integração completa de jogadoras da WNBA ao MyTEAM. Colocar jogadores e jogadoras num mesmo time é sempre um desafio, mas no basquete é algo ainda mais notório quando você tem pivôs como A’ja Wilson que são menores do que armadores como o próprio Shai.
Considerando o quão importante a altura é pro basquete, ao optar por prender os jogadores às suas posições naturais, fica quase impossível usar jogadoras de certas posições no time, sendo mais um desserviço à WNBA aqui. Ainda assim, é um problema sem solução fácil, já que equiparar os jogadores traria um problema de balanceamento e destravar as posições alteraria o funcionamento do próprio modo.
Por fim, o MyNBA e MyGM são basicamente os mesmos modos que você já encontrava no ano passado. Eles trazem agora desafios específicos para a intertemporada, mas nada que mude muito o funcionamento do jogo, o mesmo para o aumento de velocidade nos períodos de simulação. Há alguns elementos legais de imersão, como a inclusão de banners que agora são pendurados após os seus títulos e seguem aparecendo nas arenas, mas coisas menores.
Considerando tudo isso, NBA 2K26 é mais um excelente título que melhora em basicamente tudo o já excelente pacote visto com o NBA 2K25. A essa altura do campeonato, é quase impossível ver um grande tropeço, mas o que se vê aqui é justamente o contrário, sendo um belo arremesso de três pontos que não toca nada além da rede. Ou, para manter o foco deste ano, uma belíssima bandeja acrobática daquelas que só um excelente armador canadense poderia fazer.
NBA 2K26 está disponível para PS4, PS5, Switch, Switch 2, Xbox One, Xbox Series e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela 2K Sports