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Everybody’s Golf Hot Shots – Review

A franquia Everybody’s Golf é uma daquelas Ips com uma gigantesca história ao longo dos anos, mas uma que talvez tenha passado batido aos olhos de fãs mais novos ou menos atentos aos detalhes que envolvem jogos de esporte.Também conhecida ao longo dos anos como Hot Shots Golf, ela sempre foi um título first party relativamente popular, pelo menos dentro de um nicho, tendo vários títulos lançados ao longo dos anos para todas as plataformas da Sony.

No entanto, a franquia que vinha dormente desde 2017 quando o último título havia sido lançado para PS4, agora retorna pelas mãos de uma nova desenvolvedora, com a Hyde assumindo o comando no lugar da Clap Hanz que vinha responsável pela IP desde o 2° título em 1999, e uma nova publisher, com a Bandai Namco no lugar da Sony. É uma completa mudança de direção, mas uma que não parece ter tido um impacto tão grande assim para o jogador, norteado mais por um “retorno às origens” do que qualquer inovação.

O compromisso segue em manter o estilo de jogo que já se conhecia, com a tradicional mecânica de três cliques no gameplay se mantendo intacta, o estilo gráfico exatamente o mesmo pelo qual ela se consagrou. Isso torna o jogo acessível e intuitivo para qualquer novato, mas, por trás da relativa simplicidade que ele oferece à primeira vista, há um título com várias camadas de desafio e profundidade em seus vários modos de jogo.

Everybody's Golf Hot Shots

O centro da experiência aqui é o modo World Tour. Ele funciona praticamente como um “modo história”, com o jogador selecionando um dos golfistas disponíveis e partindo para uma série de batalhas 1×1 contra outros personagens para conhecer mais sobre a motivação do personagem escolhido através de algumas cutscenes em 2D. Nem toda história merece destaque, mas o jogo tenta entregar algumas coisas bem marcantes, mesmo que seja através do seu absurdo. O roster é, inclusive, bem robusto, trazendo vários personagens marcantes da série e alguns personagens novos, tendo toda variedade de estética para agradar aos fãs. Um ponto aqui é que você começará só com dois personagens e precisa ir desbloqueando os outros aos poucos, então precisará investir bastante tempo para poder testar todos.

Ao longo da jornada, você irá ganhar EXP tanto para você quanto para os Caddies, o assistente pessoal do seu golfista, que, ao invés de melhorar suas estatísticas, vão desbloqueando novas roupas, variações de cor e tipos de rebatidas. A evolução do seu golfista é feita através de comida, algo que pode ser comprado com o dinheiro que você vai ganhando e gasto com qualquer um. Isso abre a possibilidade de, por exemplo, seguir jogando com o seu personagem preferido mas usar os recursos ganhos com ele para melhorar outros membros do elenco que você não goste tanto.

Em termos de mecânica, você basicamente escolherá onde iniciará cada buraco e, a partir daí, precisará apertar X para iniciar a barra, X para definir a força e X para definir a precisão (sendo estes os três “cliques” da mecânica central do jogo). Dito isso, embora o jogo te guie bastante ao longo da jornada, aqueles mais experientes com jogos de golfe podem escolher livremente o tipo de taco, distância e posição da tacada na bola, dando um pouco mais de simulação à experiência que casa isso com uma abordagem arcade muito bem.

Everybody's Golf Hot Shots

Um problema que precisa ser apontado com o gameplay e que faz muita falta é a ausência de uma linha que indique a direção da bola. Considerando o quanto se trata de um esporte de precisão e que o jogo reproduz as influências que o terreno tem sobre a trajetória da bola (como vento e inclinações, por exemplo), não conseguir ver com maior clareza o rumo que ela irá seguir, especialmente em tacadas rasteiras, é bem frustrante por levar a erros que deveriam ser facilmente evitados e não parecem ser realmente “seus”.

Outro problema, a depender do seu ponto de vista, pelo menos, é que o título reduziu bastante alguns elementos que estavam presentes no título passado. O hub foi totalmente retirado, sendo substituído por um sistema de menus bem mais simplificado e “direto ao ponto”, mas esteticamente mais feios. É um jogo que realmente tenta retornar às origens da série, entregando algo realmente mais simples e que você veria em gerações anteriores ao PS4, então é isso que você terá aqui visualmente também, já que os gráficos em si também não são nada demais.

Além do World Tour, o título traz uma série de outros modos. Solo Round, Match Play e Stroke Play são os modos de jogo esperados de qualquer título de golfe e podem ser jogados solo ou em co-op local ou online para até 4 jogadores. São partidas pura e simples com um número específico de buracos ou rebatidas para serem alcançadas, com o mais eficiente sendo o vencedor.

Everybody's Golf Hot Shots

O outro modo solo mais “sério” é o Challenge. Ele funciona em um sistema quase de “ciclos, com o jogo te entregando uma série de percursos para te desafiar. Ao jogar e vencer você irá preenchendo um medidor que, ao ser completado, você terá uma partida especial que, ao se vencer, desbloqueia novas configurações dos percursos para você reiniciar o processo. As recompensas desse modo são bem úteis para melhorar seus golfistas e é uma forma interessante de superar um outro problema relevante do jogo: a quantidade limitada de pistas disponíveis.

O jogo traz apenas dez pistas que, sinceramente, trazem visuais pouco marcantes e meio que vão se confundindo um com o outro. Além disso, a quantidade limitada de locais e a quantidade de vezes em que o jogo te faz repassar por eles em um curto período de tempo faz com que você acabe ficando excessivamente familiarizado com eles, mesmo que não tragam nada de especial. É uma pena já que, embora não se espere nada de circuitos licenciados ou algo assim, era de se esperar algo mais criativo, ainda que o “modo noturno” traga uma experiência legal também.

Essa criatividade aflora na presença do Wacky Golf, um modo que traz quatro tipos de desafios diferentes, cada um mais bizarro (e divertido) que o outro. Dois são mais normais, com o Scramble te permitindo escolher dois golfistas distintos, com cada um se alternando por uma tacada e o Survival é um modo 1×1 em que vai retirando aleatoriamente um taco do perdedor a cada rodada, tornando cada vez mais difícil realmente “sobreviver” ao se perder tacos importantes.

Everybody's Golf Hot Shots

A confusão começa mesmo com o Colorful, no qual a bola os percursos são recheados de diferentes marcadores coloridos que, quando a bola para em um deles, ele ativa um efeito aleatório diferente que pode ir de melhorias para o seu golfista até efeitos bem bizarros como animais correndo pelo gramado e reposicionando a bola aleatoriamente. Boom Golf funciona de forma bem similar, mas ao invés de efeitos aleatórios, minas explodem ao ter contato com a bola e a arremessam em direções aleatórias. Ambos os modos trazem uma experiência bem caótica e adicionam um elemento extra que mantém o jogo vivo, especialmente em multiplayer.

No geral, Everybody’s Golf Hot Shots faz bem mais do que só juntar as duas nomenclaturas pelas quais a série era conhecida em um título só. Entrega uma experiência que é um verdadeiro olhar para trás, simplificando vários dos seus pontos para entregar algo mais simples mas ainda assim bem divertido para os jogadores. Infelizmente esse mesmo passado parece amarrar o jogo e limitá-lo, com vários problemas, inclusive técnicos, como um áudio bem ruim e dublagens de péssima qualidade que atrapalham bastante. Ainda assim, se você quer uma experiência leve e divertida para passar algumas horas, especialmente com amigos, essa é uma ótima pedida.

Everybody’s Golf Hot Shots está disponível para PS5, Switch e PC sem legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Bandai Namco.

Veredito

Apesar de acertar em suas mecânicas básicas e no sentimento de retorno às origens da série, Everybody’s Golf Hot Shots é cheio de pequenos problemas que acabam impedindo o título de entregar algo melhor aos jogadores.

70

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