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The Rogue Prince of Persia – Review

Prince of Persia é, sem dúvidas, uma das franquias mais conhecidas da indústria dos games, e com boas razões. Seja pela sua primeira aparição, com o clássico absoluto de 1989, ou pela surpreendente revolução da trilogia Sands of Time, cujos jogos chegaram ao mercado no início dos anos 2000, a influência destes jogos é irrefutável.

Em contrapartida, é curioso como a franquia parece entrar em hiatos frequentes, com lançamentos espaçados entre si, e com jogos que não tentam desnecessariamente conquistar um espaço ao lado de jogos AA+. Além disso, de forma similar ao que a Ubisoft faz com a série derivada Assassin’s Creed, os títulos frequentemente reformulam o protagonista para apresentar interpretações independentes do titular Príncipe da Pérsia, mudando seus conflitos internos bem como suas motivações para desafiar o destino e salvar seu reino.

The Rogue Prince of Persia

Em The Rogue Prince of Persia, o primeiro título inteiramente desenvolvido pelo estúdio Evil Empire, o protagonista se encontra preso em uma espécie de loop temporal que gira em torno de sua própria morte: graças a um artefato sob sua posse, ele vê diante de si infinitas possibilidades para repelir a invasão do exército huno sobre o território persa e seus majestosos palácios. Infinitas pois, a cada tentativa fracassada que resulta em sua morte, ele retorna ao refúgio do Oásis, pouco após o início da invasão inimiga, mas munido do conhecimento de cada experiência fracassada para tentar novamente — tantas vezes quanto forem necessárias.

Essa descrição deve deixar bem clara que o jogo é construído com uma abordagem roguelite: elementos e equipamentos são posicionados aleatoriamente na jornada a sua frente, tornando-as imprevisíveis, mas melhorias permanentes podem ser destravadas com os ganhos acumulados em partidas anteriores. O estúdio, aliás, foi responsável por boa parte do conteúdo lançado no suporte estendido a Dead Cells, outro precursor do gênero.

The Rogue Prince of Persia

Combine a brutalidade punitiva do gênero com mecânicas de jogos de plataforma e movimentos de parkour que consolidaram a série e você possui uma combinação que funciona muito bem. A jogabilidade é rápida e viciante, e explorar os diferentes biomas em busca de recursos adicionais ou elementos de história para avançar a narrativa do jogo, enquanto repele uma horda de criaturas que farão pouco caso de seu personagem se você não for preciso em seus ataques e esquivas, apresenta um desafio surpreendentemente agradável.

Uma partida completa compreende sete camadas de biomas, três dos quais são arenas de chefes, e deve tomar cerca de uma hora do jogador médio. Mas não se deixe enganar, o fracasso é inevitável. Você se encontrará morrendo com frequência e de formas que farão você questionar sua própria capacidade, mas cada derrota simboliza um aprendizado aqui. Na próxima partida, você saberá o momento certo para esquivar, a melhor forma de abordar aquele chefe, e, claro, talvez o deus do caos (também conhecido como “RNG”) permita que você depare-se com equipamentos melhores na jornada.

A simplicidade dos comandos ajuda a tornar Rogue um tormento prazeroso. Cada arma possui ataques únicos, portanto é crucial encontrar uma que se adapte ao seu estilo de jogo para progredir além, da mesma forma que optar pelos medalhões mais adequados para o momento em que forem ofertados. Cada medalhão oferece um benefício próprio e você tem um limite (expansível) de medalhões que pode carregar em cada partida. Muito de seu sucesso dependerá dessas combinações, mas sua build sempre dependerá do que o destino, com o perdão da palavra, tiver reservado para aquela sessão.

The Rogue Prince of Persia

Explorar cada canto do bioma é quase que uma necessidade, não apenas para angariar mais recursos mas também para encontrar os elementos necessários para avançar a narrativa, diagramas para seus aliados liberarem novas armas e medalhões, ou até mesmo a porta de acesso a um bioma alternativo para a próxima camada da partida. Para esse fim, os Poços dos Sonhos são uma excelente maneira de teleportar instantaneamente o personagem para áreas já exploradas e seguir caminhos secundários.

Novos biomas são disponibilizados conforme você encontra informações e dados sobre os mesmos conforme inspeciona cenários ou interage com NPCs, e uma vez liberados, você pode encontrar portões para tais biomas a partir de sua próxima partida: a tela de pausa hospeda o chamado “mapa mental”, onde o príncipe mantém um registro dessas pontas soltas que precisa investigar mais a fundo para chegar à melhor conclusão da história.

Ao longo de cada partida, você encontrará dois tipos de recursos. Moedas de ouro são válidas para aquela partida apenas, para comprar itens ou melhorias nos mercantes, ao passo de que centelhas espirituais devem ser armazenadas em altares presentes no início de cada bioma para que, posteriormente, sejam investidas em seus aliados no Oásis. Você pode destruir altares para obter mais centelhas, mas caso morra no processo, perderá todas as centelhas que não tenha depositado. Pontos de experiência também são recompensados para seu progresso (mesmo em partidas fracassadas) e são usados para destravar algumas habilidades e melhorias permanentes para todas suas partidas futuras, como carregar uma poção de cura a mais ou um amuleto que previne uma morte prematura.

The Rogue Prince of Persia

O estilo artístico de Rogue foi, talvez, um de seus aspectos mais controversos durante o período em que o jogo esteve disponível sob o formato de Acesso Antecipado, mas a repaginada visual que o jogo recebeu, com base no feedback fornecido pelos jogadores, é muito bem-vinda. Não apenas o protagonista, mas os cenários também receberam uma camada adicional de detalhes e oferecem belas composições coloridas em suas incontáveis jornadas. A parte sonora também não decepciona, mesclando melodias típicas da ambientação com batidas mais agressivas que remetem aos jogos da saga Sands of Time.

Ser disponibilizado em forma de acesso antecipado para jogadores no PC fez um grande favor ao jogo, pois a versão que chega até nós propicia uma experiência agradável, embora alguns contratempos ainda estejam presentes. Os loadings entre biomas são demorados (ou talvez nós que estamos mal acostumados, ou, ainda, passamos a valorizar mais nosso tempo limitado), e o jogo insiste no uso de uma conta Ubisoft vinculada. É possível jogar offline, porém, ignorando os avisos de falha de conexão.

A dificuldade por si também pode ser vista como um potencial fator negativo para jogadores mais impacientes, em especial para os fãs da série que talvez não se adaptem tão facilmente ao estilo roguelite. Para quem já é acostumado, após derrotar o chefe final pela primeira vez, é possível enfrentar novas partidas sob o modo Despertar, acionando diferentes modificadores específicos que aumentam a dificuldade — bem como a quantidadede ouro e centelhas deixadas para trás por inimigos derrotados.

The Rogue Prince of Persia

De forma geral, a versão para consoles de The Rogue Prince of Persia não decepciona, oferecendo uma jogabilidade firme e suave, com uma abordagem desafiadora que força o jogador a aprender com seus próprios erros. Não será uma unanimidade entre os fãs da série, especialmente aqueles que ainda torcem por novos jogos no nível de Sands of Time, mas tem grande potencial para surpreender jogadores abertos a novas experiências.

The Rogue Prince of Persia está disponível para PS5, Xbox Series e PC (e em breve no Switch e Switch 2) com legendas em português do Brasil. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Ubisoft.

Veredito

Uma nova roupagem e abordagem para uma franquia clássica, The Rogue Prince of Persia oferece uma experiência sólida e suave em formato roguelite. Não será uma unanimidade entre os jogadores, mas tem potencial para surpreender jogadores abertos a mudanças.

85

Lucas Metz

Desde meados dos anos '90, aquele cara obcecado que passa 90% do tempo falando sobre Tomb Raider, e espera que nos outros 10% alguém toque no assunto para continuar falando sobre Tomb Raider. Já no mundo real, apenas mais um joão na fila do pão.

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