Poucas coisas aquecem tanto meu coração quanto o período pré-lançamento de um novo EA Sports FC. Sendo um absoluto obcecado pelo esporte, com um pouco mais de 500 horas entre ele e outros jogos de futebol, algumas outras centenas assistindo e estudando sobre, saber que está chegando o período de pré-lançamento da série, justamente quando os times europeus vão encerrando sua pré-temporada, vai nos deixando ansiosos para saber exatamente o que vem pela frente e como o jogo irá mudar esse ano (e sobre o que a comunidade estará se descabelando logo depois do lançamento).
Com o convite da EA Sports para testarmos uma versão pré-beta de EA Sports FC 26, o próximo lançamento da série, era chegado o período de mais ansiedade, a hora de finalmente colocar a mão no título. E, bem, é inegável que o feedback da comunidade é o tema central do lançamento deste ano. Afinal, tal qual vem sendo um tema na leva de títulos de esporte deste ano da publisher americana, o foco aqui é justamente ajustar o gameplay para atender aos principais pontos de contenda de quem mais importa: os jogadores.
E, apesar de limitadas, as impressões dessa beta são majoritariamente positivas, ainda que tenhamos alguns pequenos pontos que precisarão de mais atenção quando o jogo final chegar às nossas mãos em 26 de setembro. Dito isso, com um pouco mais de duas dezenas de horas postas nessa beta, uma coisa ficou bem claro: nós estamos dando uma volta bem vigorosa para um estilo um pouco mais arcade, mais rápido, menos voltado para a simulação como ano passado parecia indicar.
O grande ponto desta edição é a divisão do estilo de gameplay entre competitivo e autêntico. O Autêntico é basicamente a direção que vínhamos seguindo nos últimos anos, com maior realismo e velocidade no gameplay mais cadenciado, algo mais próximo do que se vê na vida real, que é o estilo de jogo que será adotado daqui pra frente nos modos offline. É uma experiência com um foco um pouco mais metódico e estratégico, ainda que o sucesso disso tenha sido relativamente limitado, já que a comunidade esperava algo mais acelerado. Espere aqui dribles mais lentos, posicionamento mais realista e defesas mais apertadas e transições entre animações mais realistas. Os jogadores poderão desativar esse modo caso queiram, mas ele será o padrão tanto para o Kick Off quanto para o Modo Carreira.
A grande novidade deste ano é aquela que nós pudemos testar mais à fundo, que é o Gameplay Competitivo. Segundo a EA, a introdução desse modo é uma resposta direta ao feedback da comunidade e ele será obrigatório para todos os modos online, ou seja, FUT, Clubs, Temporadas Online e Amistosos Online. Ele reduzirá o impacto dos sistemas de assistência e elementos de aleatoriedade, focando em um gameplay mais rápido e responsivo com três prioridades: Controle, Consistência e Resposta.
Sinceramente, se você vem jogando o FC 25, era possível ver que essa provavelmente seria a direção, já que, especialmente no FUT, o foco todo vinha sendo posto em acelerar o ritmo do jogo, com partidas com placares elásticos se tornando cada vez mais comuns. E é possível perceber o impacto dessas mudanças aqui, com alguns dos principais problemas sendo menos aparentes aqui, como a consistência em que os rebotes vão para os pés dos adversários ou a facilidade de simplesmente não controlar os zagueiros, deixando a IA resolver os problemas por você com auto-blocks e posicionamento automático.
A diferença do skill gap entre jogadores fica mais aparente aqui, com o jogo dando maior ênfase e ferramentas para que o jogador precise defender por conta própria e, com isso, possa partir em contra-ataques mais recompensadores onde saber driblar é uma ferramenta útil e letal quanto o timing dos passes, já que tudo realmente é muito mais fluído, especialmente ao se controlar jogadores com Playstyle específico para isso. Os jogadores em si ficam menos presos em suas animações, então há realmente uma sensação menor de realismo e mais de um estilo arcade, aquela correria lá e cá que tornou a série tão popular.
Nesse aspecto, o jogo traz um novo foco em chutes rasteiros, sendo, provavelmente, a mecânica que chegará bem quebrada no lançamento. Não é algo tão destrutivo quanto os power shots em FC 24, por exemplo, mas chutes rasteiros cruzados são bem poderosos (similar ao que vem acontecendo com a introdução desse playstyle no FUT nos últimos meses) e com alguns jogadores beiram o automático na hora de chutar ao gol (Harry Kane que o diga). Ainda assim, chutes colocados ou de trivela seguem sendo viáveis com os jogadores corretos, mesmo que a prometida melhoria dos goleiros ainda seja difícil de visualizar jogando com outros humanos ou contra a IA nesse primeiro momento. Mesmo no lendário, se você for bom o suficiente, placares elásticos vão acontecer.
Visualmente o jogo também parece bem mais agradável, com alguns ajustes muito bem-vindos à câmera e apresentação, com texturas mais realistas e câmeras bem interessantes se mostrando para os jogadores. Os menus também passaram por uma repaginada bem agradável, ainda que, se você não for fã do estilo mais minimalista e ágil que a série vem adotando, não espere algo diferente aqui. Como já é de se esperar, você verá mais animações, mais detalhes, incluindo várias cenas novas durante o início das partidas, como a chegada dos jogadores ao estádio, e mais opções de customização visual, algo que vem beirando o ridículo de tão bem feito pela EA.
Dito tudo isso, embora esteja bem empolgado com o que vimos aqui, a adoção de um gameplay mais ágil e rápido é algo que me deixa um pouco com o pé atrás até ver exatamente como isso funcionará online. Mesmo nos níveis mais altos contra a IA é difícil não se sentir facilmente dominante, mas algo que pode ser fruto do número bem restrito de clubes disponíveis na versão que jogamos (apenas quatro), mas é inegável que a ideia aqui é gols, gols, dribles e mais gols e menos táticas. Usar os volantes do Bayern, por exemplo, com um dos novos playstyles (Box Crasher) me fez sentir que estava enfrentando a defesa do Flamengo e não a do PSG.
Da mesma forma, é difícil saber se o jogo continuará enfatizando alguns estilos táticos ao invés de outros, mesmo que a promessa aqui seja balancear de uma forma em que o jogo seja menos sobre explorar as pontas e cruzar a bola como vinha ocorrendo. Ainda há tempo para balancear isso, mas a impressão inicial é de que ainda é muito fácil usar overlaps e a ênfase na finalização baixa cruzada deve servir como um incentivo para tal. Como sempre, quando o jogo sair será necessário uma certa curva de ajuste, pelo menos para mim, com esse “retorno às origens”, ainda que seja excelente ver que a comunidade está sendo ouvida.
No geral, são pequenas preocupações que só será possível realmente mensurar o impacto quando a versão final do jogo chegar ao mercado em setembro. Mas a verdade é que, mesmo com as limitações impostas pelo curto período de desenvolvimento de um jogo de esporte, ver tanta ênfase sendo posta no feedback da comunidade só aponta para uma empolgação maior e uma sensação de que, em 26 de setembro, quando o jogo for lançado para PS4, PS5, Xbox One, Xbox Series, Switch, Switch 2 e PC realmente teremos o melhor e mais promissor jogo da série em nossas mãos.
Preview realizado no PS5 com um código do beta fornecido pela EA Sports.