Análises

Shadow Labyrinth – Review

Shadow Labyrinth foi um anúncio inusitado. Um jogo de exploração em um ambiente sombrio e desolado e com um robô extremamente semelhante à Pac-Man, um dos ícones mais reconhecidos dos jogos. O anúncio atiçou meu interesse no jogo e, infelizmente, não posso dizer que o produto final tenha sido equivalente às expectativas colocadas sobre o mesmo.

Primeiramente, é necessário esclarecer que Shadow Labyrinth está mais próximo a um Metroid clássico do que um Metroidvania que mistura a experiência de exploração com elementos de RPG e é um gênero basicamente dominado por indies atualmente. Shadow Labyrinth têm mecânicas únicas baseadas em Pac-Man como, por exemplo, se transformar no clássico mascote da Namco e se locomover por linhas especiais espalhadas pelo cenário. Isso torna o level design mais dinâmico e, para efeito comparativo, seria como a Morph Ball de Metroid que permite entrar em locais estreitos e de maneira bem rápida. Há também labirintos especiais que agem como fases isoladas e me lembraram os Pac-Man Championship Edition: mecânicas e desafios originais, imaginativos e inesperados. Além disso, o mascote também pode comer pequenas bolas amarelas que agem como moeda no jogo e também é possível comer os inimigos derrotados para obter materiais. 

Shadow Labyrinth

Aliado às mecânicas únicas de Pac-Man, temos as mecânicas comuns que estão presentes em muitos títulos do gênero como esquiva, parry, combos e a possibilidade de criar builds alterando algumas habilidades passivas. O título não é extremamente técnico em seu combate como foi Prince of Persia Lost Crown, mas certamente torna o combate desafiador em vários cenários com uma quantidade considerável de inimigos, armadilhas e chefes obrigatórios e opcionais. Uma forma “fácil” de lidar com alguns combates é se transformar em um robô gigante caso uma barra especial esteja cheia e a mesma é preenchida ao comer os inimigos derrotados. Isso tudo cai muito bem com a proposta de um Metroid com Pac-Man em um contexto sci-fi, mas ao mesmo tempo, o jogador é constantemente interrompido em sua exploração para comer todos esses recursos no mapa. 

A exploração, um aspecto extremamente importante em um Metroid-like, é basicamente o cerne de Shadow Labyrinth que não se sustenta adequadamente. Existe uma série de pequenos fatores que não tornam a exploração fluída como, por exemplo, animação, problemas de colisão de ataques e movimentos, entre outros. Efetivamente falando, faltou um polimento nas mecânicas de travessia e após jogos como Metroid Dread e PoP LC isso se torna um negativo grande para o título. O fator realmente mais grave está no seu level design e na frequência de recompensas para o jogador. De maneira simples, cada região em Shadow Labyrinth é extremamente grande e o jogo demora muito em entregar as melhorias para realmente abrir a exploração. Isso faz com que o jogador não tenha um bom feedback quanto a seu progresso e isso torna a experiência de explorar absolutamente maçante. 

Outro agravante são os checkpoints. Existem dois tipos: Um que permite você melhorar alguns equipamentos com a moeda do jogo, alterar suas habilidades passivas e também enche todas as cargas para recuperação de vida. O outro tipo simplesmente salva o jogo e também não recupera suas cargas. O segundo tipo de checkpoint é muito mais comum próximo a chefes e, ainda assim, ambos os tipos são tão esparsos nos enormes mapas que qualquer morte significa um backtrack considerável. Devo enfatizar novamente que Shadow Labyrinth não é um Metroidvania, onde níveis e outros status se beneficiam da repetitividade do combate. Em SL você obtém moedas e itens de inimigos derrotados, mas o efetivo uso dos mesmos é extremamente limitado, ou seja, o backtrack não provê uma recompensa adequada caso seja derrotado e levado a um checkpoint. 

Shadow Labyrinth não é particularmente um jogo fácil, pois qualquer dano de inimigos causam um dano considerável a sua vida que, por boa parte do jogo, é bem pequena. Em regiões mais avançadas, o jogo não tem nenhum escrúpulo em colocar o jogador em um ambiente que está em grande desvantagem contra várias armadilhas e com múltiplos inimigos ao seu redor. Esses cenários tornam o combate desafiador e, ao mesmo tempo, frustrante. Pois efetivamente interrompem a exploração (que já é cansativa pelo tamanho dos níveis) e oferecem pouco em termos de aprendizado ou melhoria para que o jogador seja incentivado de alguma forma. 

Apesar das reclamações, eu aproveitei meu tempo com Shadow Labyrinth. É certamente um título com mecânicas interessantes devido ao uso do Pac-Man e suas habilidades, no entanto, o título coloca tantos empecilhos para o jogador que ele passa uma experiência altamente inconsistente entre o excelente e o altamente frustrante. E considerando outros títulos já no mercado e até de indies, é difícil recomendar Shadow Labyrinth ao invés das demais opções.

Outro ponto interessante do título foi sua história que, convenhamos, não é algo que se espera de Pac-Man. O jogador é um espírito puxado para esse universo sci-fi e nosso amigo Pac-Man tem uma missão de destruir uma criatura intergalática por causa de uma grande guerra. Há todo um background extenso por trás da história do título, mas ele sabe introduzir os jogadores aos acontecimentos básicos e deixá-los envolvidos em seus diferentes mistérios e acontecimentos.

Shadow Labyrinth está disponível para PS5, Switch, Switch 2, Xbox Series e PC. Esta análise é da versão PS5 e foi realizada com um código fornecido pela Bandai Namco.

Veredito

Shadow Labyrinth é um título que demonstra potencial em suas mecânicas, contexto e história. No entanto, tudo é rebaixado pela frustração de vários elementos diferentes como os mapas extremamente extensos, o combate irregular, entre outros. É um bom jogo e espero que a Bandai Namco continue experimentando e polindo essa fórmula até desenvolver algo verdadeiramente especial.

75

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